Na
dúvida, foi suicídio
Gerson
Tavares
O
caso da missionária Dorothy Stang continua dando panos para a manga. E por isso
a Polícia Civil do Pará abriu logo duas investigações para apurar o suposto
envolvimento de um delegado na morte da missionária em 2005.
Tudo
com o objetivo de descobrir se Marcelo Luz, que á época era delegado do
município de Anapu, cidadezinha onde a religiosa foi morta, forneceu a arma que
foi usada no crime.
E pelo que deu para notar, a polícia quer
saber também se Luz formou a sua milícia lá no norte e já, naquela época, cobrava
propina dos fazendeiros para expulsar agricultores que invadiam propriedades da
região.
“Bida”, que outro não é, senão o fazendeiro
Vitalmiro Bastos de Moura, e que está condenado como mandante da morte da
missionária, garante que o delegado lhe pediu dez mil reais em troca da
proteção de sua propriedade contra invasores ligados à Dorothy.
Essas informações sobre o suposto
envolvimento de “Bida” só viraram notícias este ano e sendo assim, a policia
resolveu abrir as investigações no mês de agosto passado.
Uma das investigações corre no âmbito
administrativo, que pode acarretar punições na corporação. Outra investigação é
policial, que pode resultar em denúncia contra o delegado na Justiça. A
assessoria da Polícia Civil diz que o delegado não se pronuncia sobre o caso.
Anteriormente, ele já havia negado essas acusações.
A origem da arma, um revólver calibre 38, é
uma das lacunas do caso. A Polícia Federal descobriu que ela foi comprada em
uma loja de armas em Alagoas, mas não conseguiu rastrear como a arma chegou até
Anapu.
E esta foi a arma usada por Rayfran das Neves
Sales para dar seis tiros à queima-roupa na missionária. Ele confessou o crime,
em coautoria com Clodoaldo Batista. Ambos foram condenados.
E para mostrar que a coisa não estava sem uma
cobertura policial, é só notar que Rayfran trabalhava para o fazendeiro Amair
Feijoli, o Tato, e as terras de Tato eram visadas por Dorothy para serem
transformadas em assentamento rural. O Tato confessou ter dado a arma usada por
Rayfran, então o crime, em si, estaria elucidado.
Mas o que falta realmente ser descoberto é como
essa arma chegou até Tato. Ele já disse à revista "Época" que o
delegado Marcelo Luz lhe deu a arma para que se protegesse de invasões em sua
terra.
Está
aí a prova. Porque mais dificultar a ação da Justiça? Cadeia no delegado e
pronto, menos um bandido na rua.
Um comentário:
Em um país infestado de invenções, só falta mesmo isso. Crimes contra as pessoas que querem fazer o bem, sempre acabam assim, sem o verdadeiro mandante.
Belém
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