quinta-feira, 29 de novembro de 2012


Na dúvida, foi suicídio

Gerson Tavares




O caso da missionária Dorothy Stang continua dando panos para a manga. E por isso a Polícia Civil do Pará abriu logo duas investigações para apurar o suposto envolvimento de um delegado na morte da missionária em 2005.

Tudo com o objetivo de descobrir se Marcelo Luz, que á época era delegado do município de Anapu, cidadezinha onde a religiosa foi morta, forneceu a arma que foi usada no crime.

E pelo que deu para notar, a polícia quer saber também se Luz formou a sua milícia lá no norte e já, naquela época, cobrava propina dos fazendeiros para expulsar agricultores que invadiam propriedades da região.

“Bida”, que outro não é, senão o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, e que está condenado como mandante da morte da missionária, garante que o delegado lhe pediu dez mil reais em troca da proteção de sua propriedade contra invasores ligados à Dorothy.

Essas informações sobre o suposto envolvimento de “Bida” só viraram notícias este ano e sendo assim, a policia resolveu abrir as investigações no mês de agosto passado.

Uma das investigações corre no âmbito administrativo, que pode acarretar punições na corporação. Outra investigação é policial, que pode resultar em denúncia contra o delegado na Justiça. A assessoria da Polícia Civil diz que o delegado não se pronuncia sobre o caso. Anteriormente, ele já havia negado essas acusações.

A origem da arma, um revólver calibre 38, é uma das lacunas do caso. A Polícia Federal descobriu que ela foi comprada em uma loja de armas em Alagoas, mas não conseguiu rastrear como a arma chegou até Anapu.

E esta foi a arma usada por Rayfran das Neves Sales para dar seis tiros à queima-roupa na missionária. Ele confessou o crime, em coautoria com Clodoaldo Batista. Ambos foram condenados.

E para mostrar que a coisa não estava sem uma cobertura policial, é só notar que Rayfran trabalhava para o fazendeiro Amair Feijoli, o Tato, e as terras de Tato eram visadas por Dorothy para serem transformadas em assentamento rural. O Tato confessou ter dado a arma usada por Rayfran, então o crime, em si, estaria elucidado.

Mas o que falta realmente ser descoberto é como essa arma chegou até Tato. Ele já disse à revista "Época" que o delegado Marcelo Luz lhe deu a arma para que se protegesse de invasões em sua terra.

Está aí a prova. Porque mais dificultar a ação da Justiça? Cadeia no delegado e pronto, menos um bandido na rua.

Um comentário:

Naldo Venâncio disse...

Em um país infestado de invenções, só falta mesmo isso. Crimes contra as pessoas que querem fazer o bem, sempre acabam assim, sem o verdadeiro mandante.
Belém