terça-feira, 20 de novembro de 2012


O trambiqueiro começa de menino

Gerson Tavares







Político já está nascendo roubando o relógio da parteira. Sendo assim, os vereadores de São Paulo resolveram que as doações de campanha para a reeleição poderiam ser recebidas dos próprios funcionários de seus gabinetes na Câmara Municipal. E foi aí que até um motorista de um vereador, que recebe R$ 12 mil por mês, aliás, um ÓTIMO salário para quem tem apenas a função de dirigir. Enquanto isso, quanto ganha um médico de hospital municipal? Mas voltando ao motorista, ele que ganha R$ 12 mil por mês, entregou um cheque de R$ 13 mil para ajudar seu chefe na disputa de sua cadeira na Câmara.

Mas isso não é privilégio de vereador de um único partido e sim de vereadores do DEM, do PSD, do PCdoB, do PSDB e do PT. De quase todos os partidos, são esses alguns dos vereadores que receberam grana de seus assessores, chefes de gabinete e até motoristas. Todos fizeram repasses em dinheiro e cheque ou prestaram serviços para as campanhas como voluntários, fato este que precisa ser declarado à Justiça Eleitoral como doação.

Como um bom exemplo de “sacanagem” está o vereador Milton Leite, do DEM, que fez a campanha mais cara entre os eleitos para a sua volta à Câmara Municipal, com gastos declarados de R$ 3,4 milhões. Ele recebeu R$ 61 mil em doações de nove funcionários lotados em seu gabinete, na liderança de seu partido e na garagem da Casa.

Claro que o vereador falou que as doações que foram feitas pelos integrantes de sua equipe foram espontâneas. E explicou legal: “Meus funcionários têm todo o interesse em que eu ganhe a eleição”. Mas é claro que eles querem garantir mais quatro anos de boa vida.

Pedro Luiz dos Santos Frade, que é o motorista de Milton, fez repasses, segundo a prestação de contas entregue pelo vereador à Justiça Eleitoral, no valor de R$ 13 mil à campanha em 8 de agosto. Um outro funcionário da equipe, lotado na garagem, é o Antonio Almir Ferreira de Oliveira, que recebe um salário de R$ 11,7 mil por mês. Este, mais seguro, fez uma doação de R$ 6 mil para a campanha do chefe.

Mais a coisa não para por aí e mais sete integrantes da equipe do vereador do DEM e da liderança do partido na Câmara deram contribuições para sua campanha. Dois assessores fizeram doações de R$ 10 mil cada, e entre eles está o chefe de gabinete do Milton Leite, Silvio Antônio de Azevedo.

E assim os funcionários dos vereadores foram doando para a campanha dos chefes. Como cada vereador tem direito a nomear, sem concurso, até 18 funcionários para seus gabinetes, com verba máxima de R$ 106,4 mil por mês, quando chega a hora da campanha, para que o vereador vai mexer nos R$ 9.288 de salário.

Mas não poderia acabar este assunto sem ver o que o vereador Netinho de Paula, que é do PcdoB, aquele mesmo que cantava pagode e trocou pela política. Pois bem, o Netinho se reelegeu com 50 mil votos em uma campanha de R$ 1,1 milhão e recebeu R$ 10 mil de sua chefe de gabinete e R$ 1.500 de um de seus assessores.

Outros vereadores também receberam ajuda de integrantes de seus gabinetes na Câmara durante a disputa, mas no fundo eu só queria saber é se isso tem legitimidade.

Será que isso não é lesar o povo? Será que não existe lei para que esses salários altos sejam reanalisados? Será que isso não é muito dinheiro para quem só faz ser “cabo eleitoral”?

3 comentários:

Luiz Andrade disse...

As Câmaras de Vereadores e as Prefeituras correspondem a escola fundamental, assim com Senado e Presidência da República são o pós-graduação para os corruptos.
Só que alguns, mais espertos, conseguem transferir suas culpas para os seus auxiliares.
Mas isso, só no pós-graduação. É só ver no caso dos mensaleiros, quando o Dirceu teve que assumir a culpa no lugar do chefe.
São Paulo

Severino Silva Duarte disse...

Será que já não seria hora de dar um basta nessa roubalheira? Chega de tentar levar na conversa esses bandidos que já entram na política para roubar.
Se fez o que não deve, afasta o safado e puna com rigor. Cadeia, perda dos direitos políticos e a perda dos bens em valor em dobro daquilo que roubou.
E não interessa se o bem está em nome de fulano ou sicrano, se foi adquirido após sua posse, tome e pronto. Mas se não der para pagar tudo, que perca bens adquiridos mesmo antes de ser eleito.
Com bandido, só 'lei do cão'.
Recife - Pernambuco

Maria da Conceição Nobre disse...

Quando essa turma entra para a política é para se dar bem e o pior é que o eleitos está vendo que é assim, mas continua votando em qualquer safado.
De vereador a presidente da República, está difícil de achar um honesto.
Chega de ladrão!
Diamantina - MG