segunda-feira, 16 de julho de 2012


Uma “grande nação” não se mede pelo PIB

Gerson Tavares




Palavras, simplesmente palavras, nada mais que palavras. É assim que me vejo obrigado a aceitar as palavras de Dilma Rousseff. E mais uma vez ela chegou com aquela estória que “uma ‘grande nação’ não se mede pelo PIB”. Estará a “dona” Dilma falando aquilo que pratica ou estará falando de acordo com a ocasião e com a plateia?

Dilma Rousseff estava aproveitando a sua participação na 9ª Conferência dos Direitos da Criança e do Adolescente para colocar o que ela pensa em relação às críticas sobre o baixo crescimento do PIB, que é o Produto Interno Bruto, que neste ano anda em baixa.

Então, do alto da sua modéstia, Dilma soltou no ar o seu mote: "Uma grande nação deve ser medida por aquilo que faz para suas crianças e seus adolescentes. Não é o Produto Interno Bruto. É a capacidade do país, do governo e da sociedade, de proteger o seu presente e o seu futuro que são suas crianças e seus adolescentes". Dilma deveria estar naquele momento, falando, lógico, de Educação. Mas pelo que deu logo para entender foi que a “dona” Dilma havia esquecido de combinar com o Guido Mantega a posição do governo, já que dias antes o Guido Mantega andou falando que um aumento de 5% nos “gastos” iria “quebrar” o Brasil e isso quando perguntado como ficaria a situação dos professores federais.

E foi aí que cheguei a conclusão que Dilma fala o que interessa a plateia, pois até acho que realmente o País deve ser medido por tudo aquilo que deveríamos estar fazendo pela criança e pela juventude, mas não podemos ficar por aí, só no quase fazer, só no falar. E digo mais, porque muitas coisas que devem estar atreladas às crianças e aos jovens, deveriam começar por bons exemplos dos políticos.

E a verdade é que o Brasil está muito mal de representantes em suas Casas Governamentais. Temos um Senado que está atolado em desmandos, com senadores corruptos julgando corruptos. A senhora, dona Dilma, há de convir que Collor não seja possuidor de moral algum para julgar nem mesmo um “ladrão de galinhas”, o que dirá julgar um bandido que roubou o cofre do País.

Estou falando de Collor, mas outros estão no mesmo barco e podemos dar exemplo ali no próprio Senado, onde está dando cartas o senador Renan Calheiros, aquele mesmo Renan que renunciou a presidência da Casa para não ser cassado e hoje está julgando corruptos. Por tanto, no Senado e na Câmara existe muito “bandido” travestido de “cidadão de bem” e que vai enganando por quanto pode. Lá na Casa Grande, do Executivo, temos muitos “pilantras” que também estão nessa onda de corrupção que já é uma tônica na política brasileira. Mas é aí que entra a Justiça, que também tem uma grande parcela de culpa e para que isso fique bem claro, basta ver o caso do Jader Barbalho que está até hoje mamando nas tetas da República. Isso para dar só um exemplo mais.

Mas foi vendo o que “dona” Dilma falava que deu para notar onde ela queria chegar. No afã de se promover, mas sem novas alternativas, a presidente voltou a bater em tecla antiga e que outros já usaram quando queriam “ficar bem na fita”. Ela criticou a política de governos anteriores em relação à distribuição de renda, dizendo que o Brasil viveu uma situação "lamentável e terrível”. E sempre do alto do pedestal ela falou: "Um país com tantas riquezas, formado por um povo tão solidário, mas que uma parte imensa da sua população ‘estava’ afastada dos direitos e, sobretudo do direito de se beneficiar dessas riquezas e tudo que esse país pode produzir".

Mas vejo como “lamentável e terrível” também, sentir que a “dona” Dilma está achando que “ela” resolveu o problema da população brasileira falando que parte da população “estava” afastada dos direitos. Será que “estava”, ou “está” afastada? Quem está se beneficiando das riquezas desse Brasil? Diz aí “cara pálida”. Vamos deixar de hipocrisia, por favor.

Tudo isso porque ela não sabe, ou finge não saber, que ainda hoje o miserável está nas ruas e nas praças. No centro da cidade do Rio de Janeiro, famílias dormem nas calçadas, pedem esmola e vagam sem destino. Passo pela Avenida Atlântica, em Copacabana,  vejo crianças, jovens e até velhos, jogados pelas pedras e areia da praia. São mendigos que viram ladrões sempre que uma oportunidade aparece. E este fato não é privilegio do Rio de Janeiro e muito menos da “Princesinha do Mar”, porque em qualquer cidade brasileira eles estão vagando pelas ruas.

Diz a “dona” Dilma que “um país desenvolvido precisa investir em escolas de tempo integral”. Segundo os seus dados, atualmente, o Brasil possui 33 mil escolas de ensino fundamental e médio com aulas em turno integral. Dilma Rousseff prometeu, até o final do governo, fazer o país chegar a 60 mil instituições deste tipo.

Mas só esqueceu de falar a “dona” Dilma, que as escolas federais estão com turno integral de férias forçadas. Em sua maioria, as escolas federais estão em greve já há algum tempo, para ser mais preciso há 59 dias. Ou será que a senhora não sabe disso? Estudantes de escolas de turno integral estão “entregues” à própria sorte porque o governo luta para pagar o mínimo dos mínimos aos mestres, tudo para que sobre mais dinheiro para comprar votos, já que as eleições estão batendo às portas. É lógico que a “dona” Dilma precisa do dinheiro para as “emendas” e assim dar o “direito” para que seus aliados lutem pelas prefeitura e ainda possam ir passear enquanto estiverem como governo.

Mas as eleições estão “batendo às portas” e assim os ministros Aloizio Mercadante, da Educação e Miriam Belchior, do Planejamento, na sexta-feira estiveram reunidos e fizeram a proposta de aumento de salários para os professores na casa dos 45% para os maiores salários. Na proposta está bem claro que será um aumento de forma escalonada, em três anos e em tabela percentual decrescente, tudo de acordo com a “posição” do professor. Mas pelo que deu para notar, essa proposta não agradou aos grevistas, até porque muitos daqueles que estão lutando pelo aumento ficarão “chupando dedo”. A proposta não contempla as reivindicações da classe, mas como tudo que acontece no governo petista, os negociadores “jogaram para a galera” e pensaram que poderiam enganar a classe. 

Um representante do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), William Carvalho, que esteve presente na reunião com o governo federal, diz que a proposta precisa ser mais bem avaliada.

Pelo que deu para entender, o governo está falando que os professores terão aumento de 45% nos próximos três anos, só esquecendo de falar que esse percentual é o máximo para um mínimo de docentes que serão reajustados. Isto para falar no pessoal da ativa, porque para os aposentados nada foi dito.

Depois deste parêntese, voltemos aos “bons exemplos” e quando eu falo deles vejo que este não é o forte da “dona” Dilma, que naquele encontro da 9ª Conferência dos Direitos da Criança e do Adolescente, mostrou-se “mestre” em maus exemplos. Mau exemplo sim, porque ela chegou ao evento com atraso de 45 minutos, o que deixou impaciente a plateia da conferência, plateia esta, formada em grande parte por aqueles adolescentes que ela tanto fala que estão sendo bem atendidos. Pelo visto, não foram nem mesmo bem acolhidos nesta Conferência que era para eles.   

E para que a coisa não se tornasse pior, duas mestras de cerimônia se revezavam na tentativa de animar o público. E apelaram para o programa de auditório e como Silvio Santos ou Gugu elas clamavam: "Cadê os adolescentes dessa conferência? Quantos somos? 600? 700? Muitos mil". 

Gente, isso é um escárnio com a cara do jovem, acima de tudo. E já tinha uma das "mestras de cerimônia" que já pensava em dar cambalhotas e como a presidente não chegava, as "animadoras de auditório" começaram a arregimentar jovens para cantar, mesmo sem acompanhamento de instrumentos musicais. "Está rouca? Não tem problema não!", disse uma das mestras a uma jovem, que acabou entoando um funk.

E foi aí que uma delegada da Bahia não se conteve e falou: "Isso, na minha terra, se chama 'enrolation', 'embromation'". Mas a reclamação justa da delegada se perdeu no meio da balburdia que já tomava conta da plateia.

E como a “dona” Dilma não chegava, as mestras de cerimônia aproveitavam para puxar algumas cantorias para a presidente que nem dava sinal de vida. "Como vocês estavam cantando ontem? Eu...", ao que se seguiu na plateia o popular "...sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor". Claro que aí deu para notar quantos daqueles faziam parte da “claque paga” que ao final do evento passou na tesouraria para receber o cachê.

E como faltava muito pouco para fazer e antes que alguém desse a opinião de fazer um “clube das mulheres” uma das animadoras puxou um grito de guerra que poderia ter dado em grande fiasco: "E quem veio aqui para nos ver? Ô, Dilma, cadê você...".

Foi então que os adolescentes de Minas Gerais e do Distrito Federal resolveram adaptar o hino, que foi cantado para Dilma, assim que a atrasada presidente subiu ao palco. "Ô, Dilma, dá um jeito, eu vim aqui pelos meus direitos!"

Pois é assim que acontece com quem não tem compromisso com o discurso. Falar aquilo que alguém escreveu é fácil, mas fazer aquilo que é o direito da criança e do adolescente é impossível para quem não tem compromisso com o futuro.

Desculpe Dilma, mas falar é fácil, principalmente quando outros escrevem. Quero ver é governar para o povo. 

3 comentários:

Alberto Fontes Ribeiro disse...

Quando a presidente diz que a 'grande nação' se mede por tudo aquilo que é feito pela criança e pelo jovem e vejo como é tratada a crança por aqui, sinto que se depender dessa politica que eatá aí, nunca o Brasil será 'grande nação'.
Como professor sei que, naquilo que depender do governante, a Educação estará sempre em último lugar e assim a criança irá chegar à juventude sem condição de tornar-se um cidadão.
Por tanto, seria muito bom a presidente falar que uma 'Grande Nação', esta em letras maiúculas, se mede por um povo formado pelos cidadãos que tem.
Mas enquanto tiivermos políticos que nunca foram e nem serão cidadãos, seremos parte de uma 'miserável nação' que vê suas crianças sem escola, vê a juventude chegar ao final do segundo grau do mesmo modo como passou pelo fundamental e vai brigar por sua parte na cota para cursar o terceiro grau.
Se pensar na criança e na juventude é deixar a Educação como está e depois dar facilidades para o nível superior, nunca seremos nem mesmo uma 'Nação', o que dirá, uma 'Grande Nação'.
São Paulo

Adriano Gama disse...

Uma grande nação a gente faz prendendo os bandidos e entre os que estão por aí, soltos e fagueiros, está uma grande maioria de políticos que estão 'enchendo a burra' com o dinheiro do povo. O Lula, o certinho, está dando guarida a um para tentar levar vantagem, como é o caso que ele montou com o Maluf.
Essa senhora fala em grande nação, mas ela mesma, já mostrou a que veio quando andou assaltando e sequestrando.
Assalto e sequestro são crimes, sejam eles com a finalidade que for. Os meios são os mesmos para qualquer fim.
No final, é crime.

Salvador

Horácio Fontana disse...

Se uma grande nação se mede pelas sus crianças e essas crianças um dia viram homens feitos, está explicado porque nós somos esta nação sem comando.
Oa políticos foram crianças e hoje, adutos, são homens de carater duvidoso. Isso se é que o que eles têm é carater.
Pobre Brasil.
Recife