segunda-feira, 9 de julho de 2012


CPI só para quem não leve o perigo até Lula

Gerson Tavares






Chega um momento que não dá mais para enganar e é aí que eles resolvem que é chegado o momento de dar uma de “João sem braço”. E foi exatamente isso que fizeram os integrantes da CPI Mista que anda investigando as relações entre o contraventor Carlos Augusto Ramos, o marido da "bela" Andressa, com políticos e empresários “bandidos”, quando aprovaram na manhã da quinta-feira passada por unanimidade uma série de convocações para depoimentos.

Entre esses depoimento está entre outros o do dono e ex-diretor da Delta, Fernando Cavendish. Os outros são o ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antônio Pagot e o prefeito de Palmas, Raul Filho (PT).

Não podemos esquecer que o Cavendish andou tendo encontro com integrantes da CPI em almoço que aconteceu lá em Paris, onde o Fernando Cavendish está descansando, depois que deixou o comando da construtora, isso em meio ao escândalo que aconteceu após revelação da ligação do "diretor" da Delta Centro-Oeste, o Cláudio Abreu, com o bicheiro “Carlinhos Cachoeira”. Não podemos esquecer que as investigações da Polícia Federal apontam que a construtora repassou dinheiro para empresas de fachada ligadas a Cachoeira, supostamente usado para pagamento de propina e caixa dois em campanhas.

Quanto o pedido para chamar o Luiz Pagot, ele foi apresentado após muita badalação sobre as declarações de que ele teria deixado o Dnit, em meio a uma série de denúncias de irregularidades no ano passado, tudo isso acontecendo sob pressão do grupo de Cachoeira, que defendia interesses da Delta no órgão. Isso poderá fazer com que Pagot passe de “bandido” a “mocinho”, assim, num estalar de dedos.

Até o Paulo Vieira de Souza, o “Paulo Preto”, foi lembrado pela CPI e assim também pintou a convocação do ex-diretor da Dersa, estatal rodoviária do governo de São Paulo. “Paulo Afrodescendente” é apontado pelos petistas como um dos responsáveis pela arrecadação financeira da campanha do tucano José Serra à Presidência em 2010, embora o PSDB desminta categoricamente essa informação. Mas dizem que ele teria sido responsável por contratos feitos entre a estatal paulista e a Delta. Mas a convocação do ex-diretor da Dersa foi motivo de discussões entre os integrantes da CPI, embora os tucanos negassem estar tentando evitar a ida de "Paulo Negão" à comissão e só diziam que ele não foi o arrecadador da campanha do Serra.

Deu para sentir que havia uma jogada do governo para evitar a ida de Pagot, quando o deputado petista, Silvio Costa tentou anular as convocações com a seguinte explanação: "Estamos convocando aqui o senhor Pagot. Convocar Paulo Preto é tão importante tanto quanto chamar Pagot. Não é politizar". Isso é o mesmo que falar que nós não chamamos o tucano e vocês esquecem-se do Pagot, que durante tanto tempo negociou para os partidos aliados ao PT.

Só não esperava o Silvio Costa que a resposta dos tucanos fosse imediata por parte do deputado Domingos Sávio: "Eu não vi ninguém do PSDB bater contra a convocação dos que aqui estão". Esse posicionamento da oposição foi uma pedra de gelo na fervura petista.

Mas os tucanos queriam mais e tentaram colocar em votação a convocação do deputado federal do PT paulista, José Filippi, que é tido como um dos arrecadadores da campanha petista, mas o pedido não foi incluído no bloco pelos aliados do PT. Não podemos esquecer que foi divulgado que era o Filippi que pedia ao Pagot, para que arrecadasse doações para campanhas junto a empreiteiras que teriam contratos com o Dnit.

Outros foram convocados, tais como o juiz Paulo Moreira Lima, que autorizou escutas da Operação Monte Carlo e que deixou o comando do caso após uma série de ameaças. Também a ex-mulher do contraventor Carlos Augusto Ramos, Andréa Aprígio, tida como laranja do esquema do contraventor, o empresário Adir Assad, que também é suspeito de atuar como laranja do esquema do contraventor. 

Foram também convocados os empresários José Augusto Quintella e Romênio Marcelino, ex-sócios da Sgima Engenharia. Em entrevistas, os dois fizeram denúncias de que a Delta Construções teria pagado propina para obter contrato com a Petrobras. Pelo que sabemos a Sigma serviria como "caixa-dois" para quitar faturas em que a Delta não queria aparecer como devedora. E foi ainda em conversa com esses dois empresários, que o presidente licenciado da Delta, Fernando Cavendish, afirmou que com "R$ 6 milhões" é possível comprar um senador e que com "R$ 30 milhões, você é convidado para muitas coisas." Esta gravação foi feita pela dupla.

E já que era para convocar, os integrantes da CPI aprovaram também a convocação do prefeito de Palmas, Raul Filho, do PT, que aparece em vídeo negociando doação de campanha com o bicheiro. Foi em um vídeo, que a pela Polícia Federal encontrou no dia da Operação Monte Carlo, na casa do ex-cunhado de Carlinhos Cachoeira, onde o prefeito de Palmas negociava com o grupo de Cachoeira.

E assim, com as investigações da Polícia Federal apontando que a construtora repassou dinheiro para empresas de fachada ligadas a Cachoeira, supostamente usado o dinheiro para pagamento de muita propina e também para "caixa dois" das campanhas aliadas, já não dava mais para empurrar com a barriga a convocação do Cavendish e para mostrar serviço, outras convocações também foram aprovadas.

Mas foi aí ficou a grande dúvida: “Quem não deixou que o amigo fraterno de Cavendish e "irmão camarada" de Lula, não fosse convocado? Claro que estou falando do governador do Rio de Janeiro, o Sérgio Cabral. Muito estranho e dá até para pensar que aí tem coisa.

Digo isso porque não é segredo para ninguém que as obras feitas no governo Cabral no Estado do Rio de Janeiro, são quase todas feitas pela Delta. Mesmo na esfera municipal, se a prefeitura é de partido aliado ao PT ou PMDB, quase todas as obras e os serviços de limpeza urbana, são, pelo que parece, mal "executados" pela Delta. Tem até o caso da Lamina III do Complexo da Justiça, um prédio de 8 ou nove andares, lá no Castelo, centro do Rio, que mesmo recém-inaugurado, já está com rachaduras e com todo o entorno do prédio com escoras de ferro.  Mas o Sérgio Cabral não foi convocado, mas quando Cavendish se divertia, estivesse ele lá no sul da Bahia, ou em Paris, lá estava o Sérgio Cabral e todos sabem que Cabral é aliado de cama e mesa do Lula, o mesmo que falou que tem a CPI no bolso do colete.

Por tanto, “cadê a convocação do Cabral”? Lula até poderia usar a palavra para explicar a não convocação do seu "irmão camarada", já que é ele quem manda na CPI.   

Tem muita gente e eu também, querendo ver o Cabral dançar "na boquinha da garrafa", mas isso, lá na CPI.



2 comentários:

Ruben Caixeiro disse...

Esse negócio de colocar quase todo mundo no rolo do Cachoeira e deixar de fora só o Sérgio Cabral é no mínimo extranho.
É só ver como ele tem uma afinidade com o sócio do Cachoeira, o Fernando Cavendishy, para ver que ele tem tudo haver com essa roubalheira.
Mas como você diz, aí podem chegar tranquilamente ao Lula. E do Lula a Dilma é só quastão de juntar 'lé com cré'.
Rio de Janeiro

Anônimo disse...

Nunca nenhuma empresa foi beneficiada por secretários do governo por causa de pedidos do Cabral, nem ninguém nunca foi nomeado por isso. Agora que ele não foi convocado pra CPI tá mais do que provada a impessoalidade do governo dele.