terça-feira, 17 de julho de 2012


Suplente de Demóstenes se diz grato à Cachoeira

Gerson Tavares



Ele pode até ser herdeiro de Demóstenes Torres no Senado, mas Cachoeira foi o cara que deu o melhor presente ao ex-suplente e atual senador Wilder Morais, que faz parte do quadro de “sócios” do DEM goiano. Afinal, ele foi colocado por “Carlinhos Cachoeira” na “cara do gol” para ser hoje um senador. Isso sem contar que o Cachoeira ainda colocou um enfeite em sua testa.

Mas é bom que se esclareça que nunca houve traição por parte de ninguém, até porque tudo aconteceu como num filme de amor, quando Andressa e Cachoeira, que hoje estão juntos, se conheceram em um jantar acontecido em 2009, na casa do casal Morais. E quando o amor está no ar, ninguém consegue mudar o destino e a coisa foi tão forte naquele dia, que Andressa costuma relatar aquele encontro com o Cachoeira como "amor à primeira vista".

Enquanto Andressa pensava em Cachoeira com "amor à primeira vista", o Cachoeira pensava em Wilder como parte dos negócios que poderiam advir. "Eu não vou expor você, cara. Fui eu que te pus na suplência, essa secretaria, fui eu, você sabe muito bem disso. Então, para que eu vou te expor?", afirmou de certa vez Cachoeira, para explicar que em momento algum haveria de trair o “amigo”. E Wilder tinha sempre a posição de defesa para deixar o “maridão” envaidecido: "Carlinhos, pensa um cara que nunca teria encontrado um governo, que nunca teria sido bosta nenhuma. Você está falando com esse cara.".

E Wilder, embora um novato na política, já sabia que não poderia perder aquela oportunidade para entrar pela “janela” no Senado. Assim sendo, amparado em sua atividade na área de construção, tornando-se um dos principais empresários de Goiás, tratou de filiar-se ao DEM em julho de 2009. Foi como um empresário que declarou patrimônio à Justiça Eleitoral de R$ 14,4 milhões, que ele se fez um dos principais financiadores de Demóstenes, o homem que poderia ser e foi o seu trampolim para a Casa Grande. E assim, como para ser suplente só precisa ter dinheiro, Wilder tornou-se mais um senador sem voto, aliás, coisa que hoje já é uma grande parte da Casa.

Já na posição de suplente do Demóstenes, com a eleição de Marconi Perillo, do PSDB goiano, para o governo de Goiás, se viu de uma hora para a outra, nomeado em janeiro de 2011, secretário de Infraestrutura de Goiás, e entrando assim com o pé direito em seu primeiro cargo público.

Assim seguia a vida dos “amigos” Cachoeira e Wilder, até que em março de 2011, uma conversa dos dois foi interceptada e ali, Wilder pedia ajuda a Cachoeira para obter informações sobre um empresário que estava fazendo críticas à segurança de um shopping de sua propriedade. E neste momento, já com segurança de homem político, Wilder pede, mas quase exigindo de Cachoeira: "Vamos tentar achar alguma coisa dele". É o mesmo que falar que “se não tiver nada contra o cara, invente”.

Mas o tempo foi passando até que em maio de 2010, Wilder ganhou o título de cidadão de Anápolis, em homenagem oferecida por um sobrinho de Cachoeira, o vereador Fernando Cunha, mais um membro do PSDB goiano, o que mostra que Cachoeira e Wilder circularam pelos partidos com muita desenvoltura. Com essa demonstração de carinho do sobrinho do marido da ex esposa, dava para notar que tudo estava seguindo em família.

Pois é este mesmo Wilder Morais, que mesmo antes de assumir já estava sendo investigado, que agora está no lugar do “meliante” Demóstenes Torres e como Demóstenes sempre soube se cercar e como o Wilder foi indicado por Cachoeira para a suplência do senador cassado, fomos procurar o segundo suplente de Demóstenes, aquele que poderia ocupar o espaço se o Wilder fosse impedido por suas ligações “quase amorosas” com o Carlinhos Cachoeira. Então descobrimos que o segundo suplente do Demóstenes é o produtor rural José Eduardo Fleury, este um amigo “irmão camarada” do ex-senador, que de tão ligado a Demóstenes, foi ao Senado acompanhar a sessão que derrubou o “grande líder”. Isso quer dizer que “se correr o bicho pega e se ficar o bicho come”.

E como “Gabriela” está no ar, o Brasil de hoje está me lembrando o “Bataclan” do Jorge Amado. 

Que me perdoe a Ivete Sangalo, mas isso aqui está parecendo “uma casa de puta governada por veado”. 

Um comentário:

Osvaldo Soares disse...

Dá para notar que essa 'cacheira' tinha água para todos. Embora só o Demóstenes tenha entrado no navio, muita gente arranjou a vida nadando nessas.
Mas o melhor é que de cascata e cascata, todos vão tirando o corpo fora.
Este Brasil está perdido com essa gente.
Goiânia