Dilma está em todas

Gerson Tavares

Tanto tempo passou e agora, como que atendendo ao pedido dos próprios envolvidos, a caixa-preta está aberta e assim estamos vendo documentos e fotos que contam bem como tudo aconteceu naqueles anos que não deveriam nem ter existido.

Mas, é assim sempre que dois lados lutam por um único poder e sempre quem ganha, no futuro é criticado. E neste caso, os militares estão hoje pagando por tudo que fizeram para garantir tranquilidade em um período em que estávamos sem rumo.

Como a Lei de Acesso à Informação levou o Arquivo Nacional, em Brasília, a liberar à consulta cerca de 5.000 fotografias do acervo do extinto SNI (Serviço Nacional de Informações) tiradas por agentes da ditadura militar, no período de 1964 até 1985, agora podemos ver muitas coisas que estavam esquecidas no fundo no baú. 

Lá estão fotos de centenas de pessoas que foram presas acusadas de subversão e ligação com a luta armada. Fotos de artistas panfletando a favor da Lei da Anistia, lá num distante ano de 1979. Também eventos religiosos com o bispo d. Hélder Câmara. Grande maioria dessas fotos nunca havia sido divulgada.

Mas também lá estão seis fotografias de um arsenal de armas leves e pesadas do grupo guerrilheiro VAR-Palmares, ao qual pertenceu a hoje presidente, Dilma Rousseff.

Também fotos do jornalista Vladimir Herzog estão anexadas a papéis do Instituto Médico Legal paulista de 25 de outubro de 1975, o dia de sua morte.

Várias imagens documentam ações pela Lei da Anistia. O cantor Milton Nascimento, os atores Sérgio Britto e Osmar Prado e as atrizes Renata Sorrah e Lucélia Santos foram fotografados à distância no Rio de Janeiro.

Quando das fotos de armas da VAR-Palmares, estão lá informações que o material foi apreendido em 14 de janeiro de 1970 pela Oban (Operação Bandeirante) em três apartamentos em São Paulo e um em Osasco. São cinco pistolas, dois revólveres, uma carabina, uma metralhadora e bombas de gás lacrimogêneo.

Ainda segundo o relatório do SNI, "a VAR-Palmares dispõe de bastante numerário, oriundo do roubo do cofre" da "amante" do ex-governador de São Paulo Adhemar de Barros. O texto, que acompanha as imagens, relata que 15 integrantes do grupo foram presos. Existe ali referência à "Luiza", que neste caso não é a bela melodia de Vinicius e sim, um dos codinomes de Dilma Rousseff na época.

Por isso eu falo lá no título que Dilma está em todas. Porque com a abertura da caixa-preta, lá poderão ser encontrados assaltos a bancos, assaltos a residências, sequestros e tantos outros crimes, onde apareçam várias mulheres, mas que ao final de tudo, sejam elas Estela, Luiza, Maria Lúcia, Patrícia, Vanda e quem sabe mais algumas, irão chegar a Dilma Vana Rousseff Linhares.

Pobre Brasil. Triste memória.