Dirceu pressionou Lula
Gerson Tavares
Depois de preso em uma
cela de seis metros quadrados, depois de sentir que o seu grande “adevogado”
não cumpriu com o que estava acertado para que ele assumisse a culpa em seu
lugar, o atual “bandido” e ex-ministro do "doutor" Lula, José Dirceu, criticou o ex-presidente
Luiz Inácio da Silva pela forma como ele administrou e está administrando a
crise do mensalão. E Zé Dirceu manifestou essa sua insatisfação com pelo menos
três amigos que foram visitá-lo nos últimos dias, no Complexo Penitenciário da
Papuda.
Dirceu não esconde sua
bronca com o silêncio, não só do Planalto, mas principalmente do companheiro e
“chefe”, Lula. E o Dirceu perguntou para os amigos: "E o Lula não vai
falar nada?". Esta interrogação é uma mostra que Lula estava em débito com a
“quadrilha” que foi formada lá na sala do ex-presidente. Foi com aquela
pergunta que ele mandou o recado que exigia urgência para um pronunciamento do
“poderoso chefão”, mas que até aquele momento não estava nem aí para os
acontecimentos.
Dirceu falou que aquele
silêncio de Lula estava produzindo grande abalo para a imagem do PT, abalo que
poderá ser sentido na campanha da presidente Dilma Rousseff à reeleição.
E o Lula, que pode até ser analfabeto, mas de
“burro” não tem nada, três dias depois de receber o recado, fez o mais veemente
discurso desde que os petistas foram condenados. Sugeriu que o rigor da lei só
vale para o PT e dirigiu ataques ao presidente do Supremo Tribunal Federal,
Joaquim Barbosa. Em meio a protestos contra as "arbitrariedades" na
execução das sentenças, Lula e dirigentes petistas também decidiram promover um
desagravo a Dirceu, ao ex-presidente do PT José Genoino e ao ex-tesoureiro
Delúbio Soares na abertura do 5.º Congresso da sigla, que irá acontecer de 12 a
14 de dezembro, em Brasília.
Só que esta “bronca” de
Dirceu com o Lula não é de agora. Interlocutores do ex-ministro contaram ao jornal
“O Estado do São Paulo” que Dirceu sempre reprovou a forma
"conciliatória" como o Lula, então presidente, conduziu o caso desde
que o escândalo estourou, em junho de 2005. Nos “bate-papos” que acontecem no
cárcere, Dirceu tem dito que Lula errou ao não fazer o
"enfrentamento" necessário para não deixar a denúncia de corrupção
virar uma espada permanente sobre o PT e o governo. Segundo Genoino, os réus do
PT não têm saída, mesmo se conseguirem reduzir suas penas, pois todos eles
perderam a batalha da comunicação. "Estamos marcados como gado", mas
eu diria, “como gatos ou ratos”, já que os dois roubam e não devolvem.
E o Dirceu, quando fala
de Lula, deixa claro que o ex-presidente, desde que não tivesse o nome
arrolado, deixava tudo correr para “mostrar” que ele estava combatendo a
corrupção. “Foi o Lula que deixou a CPI dos Correios prosperar, em 2005, quando
ainda teria condições de barrá-la”, disse Dirceu. E, ainda segundo Dirceu, ao
não politizar a denúncia da compra de votos no Congresso, Lula abriu caminho
para a "criminalização" do PT.
Mas o partido até hoje
insiste que nunca corrompeu deputados em troca de apoio e só admite a prática
do caixa dois, fato que também é crime. E para mostrar que tudo estava bem
armado, o chefe da “engenharia” de campanha que levou o PT ao Palácio do
Planalto em 2003, Dirceu, não esconde que Lula chegou a consultá-lo sobre a
nomeação de Luiz Fux para ministro do Supremo.
E é aí que mora a
grande mágoa, pois mesmo o Zé falando, "se você está dizendo que sim, quem
sou eu para dizer que não?", antes de ser procurado por Fux, que pediu sua
ajuda para conquistar o cargo, Fux acabou nomeado em 2011 por Dilma. Os petistas
garantem que Fux prometeu "matar no peito" a acusação, em sinal de
que absolveria os réus.
Só que Fux, na “hora do
vamos ver”, tratou de tirar “o seu da reta” e votou pela condenação. Com o voto
pela condenação, o espanto no governo e no PT foi generalizado.
Mas Dirceu não esquece
que num café da manhã com Lula, em novembro de 2010, o presidente prometeu que
quando estivesse fora do Planalto, desmontaria a "farsa do mensalão".
A promessa não foi cumprida sob a alegação de que era preciso blindar o
primeiro ano do governo Dilma. Depois vieram as disputas municipais de 2012 e
agora o ano é pré-eleitoral.
E agora, o silêncio de
Lula pode se transformar na "lâmina da guilhotina". Se Dirceu abrir o bico, o
Brasil vai saber quem é o "verdadeiro" Luis Inácio da Silva.
Nenhum comentário:
Postar um comentário