quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Vou dedurar...



Dirceu pressionou Lula

Gerson Tavares 
 









Depois de preso em uma cela de seis metros quadrados, depois de sentir que o seu grande “adevogado” não cumpriu com o que estava acertado para que ele assumisse a culpa em seu lugar, o atual “bandido” e ex-ministro do "doutor" Lula, José Dirceu, criticou o ex-presidente Luiz Inácio da Silva pela forma como ele administrou e está administrando a crise do mensalão. E Zé Dirceu manifestou essa sua insatisfação com pelo menos três amigos que foram visitá-lo nos últimos dias, no Complexo Penitenciário da Papuda.

Dirceu não esconde sua bronca com o silêncio, não só do Planalto, mas principalmente do companheiro e “chefe”, Lula. E o Dirceu perguntou para os amigos: "E o Lula não vai falar nada?". Esta interrogação é uma mostra que Lula estava em débito com a “quadrilha” que foi formada lá na sala do ex-presidente. Foi com aquela pergunta que ele mandou o recado que exigia urgência para um pronunciamento do “poderoso chefão”, mas que até aquele momento não estava nem aí para os acontecimentos.

Dirceu falou que aquele silêncio de Lula estava produzindo grande abalo para a imagem do PT, abalo que poderá ser sentido na campanha da presidente Dilma Rousseff à reeleição.

E o Lula, que pode até ser analfabeto, mas de “burro” não tem nada, três dias depois de receber o recado, fez o mais veemente discurso desde que os petistas foram condenados. Sugeriu que o rigor da lei só vale para o PT e dirigiu ataques ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa. Em meio a protestos contra as "arbitrariedades" na execução das sentenças, Lula e dirigentes petistas também decidiram promover um desagravo a Dirceu, ao ex-presidente do PT José Genoino e ao ex-tesoureiro Delúbio Soares na abertura do 5.º Congresso da sigla, que irá acontecer de 12 a 14 de dezembro, em Brasília.

Só que esta “bronca” de Dirceu com o Lula não é de agora. Interlocutores do ex-ministro contaram ao jornal “O Estado do São Paulo” que Dirceu sempre reprovou a forma "conciliatória" como o Lula, então presidente, conduziu o caso desde que o escândalo estourou, em junho de 2005. Nos “bate-papos” que acontecem no cárcere, Dirceu tem dito que Lula errou ao não fazer o "enfrentamento" necessário para não deixar a denúncia de corrupção virar uma espada permanente sobre o PT e o governo. Segundo Genoino, os réus do PT não têm saída, mesmo se conseguirem reduzir suas penas, pois todos eles perderam a batalha da comunicação. "Estamos marcados como gado", mas eu diria, “como gatos ou ratos”, já que os dois roubam e não devolvem.

E o Dirceu, quando fala de Lula, deixa claro que o ex-presidente, desde que não tivesse o nome arrolado, deixava tudo correr para “mostrar” que ele estava combatendo a corrupção. “Foi o Lula que deixou a CPI dos Correios prosperar, em 2005, quando ainda teria condições de barrá-la”, disse Dirceu. E, ainda segundo Dirceu, ao não politizar a denúncia da compra de votos no Congresso, Lula abriu caminho para a "criminalização" do PT.

Mas o partido até hoje insiste que nunca corrompeu deputados em troca de apoio e só admite a prática do caixa dois, fato que também é crime. E para mostrar que tudo estava bem armado, o chefe da “engenharia” de campanha que levou o PT ao Palácio do Planalto em 2003, Dirceu, não esconde que Lula chegou a consultá-lo sobre a nomeação de Luiz Fux para ministro do Supremo.

E é aí que mora a grande mágoa, pois mesmo o Zé falando, "se você está dizendo que sim, quem sou eu para dizer que não?", antes de ser procurado por Fux, que pediu sua ajuda para conquistar o cargo, Fux acabou nomeado em 2011 por Dilma. Os petistas garantem que Fux prometeu "matar no peito" a acusação, em sinal de que absolveria os réus.

Só que Fux, na “hora do vamos ver”, tratou de tirar “o seu da reta” e votou pela condenação. Com o voto pela condenação, o espanto no governo e no PT foi generalizado.

Mas Dirceu não esquece que num café da manhã com Lula, em novembro de 2010, o presidente prometeu que quando estivesse fora do Planalto, desmontaria a "farsa do mensalão". A promessa não foi cumprida sob a alegação de que era preciso blindar o primeiro ano do governo Dilma. Depois vieram as disputas municipais de 2012 e agora o ano é pré-eleitoral.


E agora, o silêncio de Lula pode se transformar na "lâmina da guilhotina". Se Dirceu abrir o bico, o Brasil vai saber quem é o "verdadeiro" Luis Inácio da Silva. 

Nenhum comentário: