segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

História de bandido


Tudo muito bem armado

Gerson Tavares










Coisas da vida. Enquanto o Zé Genoino viajou de avião até Brasília, mesmo com a filha reclamando que o “bandido” não podia viajar de avião por estar muito doente, embora ele não dando o menor sinal de desgaste na saúde, foi em uma bela e confortável viagem de 1.600 quilômetros, 20 horas de estrada, duas paradas para abastecer o carro, refeições de biscoito, banana e água, que o Henrique Pizzolato saiu do País sem ser molestado.

E assim o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato chegou à fronteira do Paraguai há cerca de 50 dias. Mas para mostrar que estava com certeza que não haveria o menor perigo, o automóvel não passou para o lado do Paraguai. Pizzolato, ainda em território brasileiro, despediu-se do amigo que o levava, atravessou a pé a linha imaginária entre os dois países e embarcou em outro veículo, que já o esperava no "território da muamba". Dali foi para Buenos Aires, na Argentina, onde, em poder de outra via do passaporte italiano, já que a primeira fora entregue à Justiça do Brasil juntamente com o documento brasileiro, e embarcou em um voo para o país europeu, a “sua” bela Itália.

E para fugir daquilo que ele diz ser “uma injustiça”, a jornada de Pizzolato que foi feita em segredo, começou às 4h30 da manhã anterior à chegada à fronteira. O ex-diretor do Banco do Brasil e atual “bandido foragido” saiu discretamente do prédio onde morava, em Copacabana, na zona sul do Rio, sem bagagem e levando consigo apenas um “pen drive”, com cópia de um dossiê que elaborou com sua história desde a campanha eleitoral que elegeu o presidente Luiz Inácio em 2002, além de detalhes da ação penal em que foi condenado. Tenso, preferiu deixar a direção com o amigo: não se sentia em condições emocionais de dirigir.

Pizzolato decidiu deixar o Brasil em direção à Itália depois do 7 de setembro. Parece que ele se inspirou no dia da Independência e se mandou.  Pouco antes, no dia 4, o Supremo Tribunal Federal rejeitara seus primeiros embargos de declaração, um tipo de recurso que questiona a clareza das decisões, à sentença que o condenara à prisão por peculato, que em outras palavras quer dizer: “apropriação criminosamente, por servidor, de dinheiro público”, mais ainda em "lavagem de dinheiro" e "corrupção passiva".

Logo depois, o Zé Dirceu, outro dos réus condenados no processo do mensalão, reuniu amigos em sua casa, para acompanhar pela televisão uma sessão da Corte que examinava o seu caso e admitiu concretamente a possibilidade de ir para a cadeia. Esta declaração do “Zé” foi mais um sinal assustador para Pizzolato. Foi assim que o mais graduado dos petistas no processo admitiu publicamente que seria preso. "O que vai ser depois da condenação?". Naquela declaração Pizzolato mostrou que se preocupava com seu futuro.

Foi então que veio a armação da operação secreta que retirou Pizzolato do Brasil. Uma fuga arquitetada com ajuda de um grupo restrito e que só seria do conhecimento prévio de alguns petistas, entre eles o Dirceu.

E ao saber da disposição do ex-diretor do Banco do Brasil de deixar o Brasil e continuar lutando por sua absolvição na Itália, o Zé, condenado a mais de dez anos por comandar o "mensalão", não se opôs, mesmo não sabendo de nenhum  detalhes do plano.

Eu acho que se ele soubesse detalhes do plano, Pizzolato teria perdido a oportunidade de se mandar. Isso porque o Zé estaria agarrado ao “seu saco” e a polícia teria descoberto a fuga.

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