Por que cota para o negro?

Gerson Tavares

 

Só na hora de entrar na faculdade eles procuram facilidades. Passam todos os anos de estudos até terminar o segundo grau sem se preocupar com o nível de ensino que recebem, mas na hora do “vamos ver”, aí sim, chegou a hora de falar que tem direito a passar pela cota.

E o pior é que os líderes negros só lutam nessa hora e brigam pela vaga como se tudo fosse natural até ali e o estudante só vai fazer uso da “cota”, porque é direito adquirido pela cor.

Mas, e o pobre de pele branca, aquele “branco azedo” que também passou todo o seu tempo de estudos sem aprender nada? Esse não tem cota? Só que os líderes negros deveriam ver o aproveitamento de todos aqueles que não têm condição de pagar uma escola particular, seja ele branco, negro, mameluco, caboclo e até o amarelo. Esses líderes deveriam ir até às escolas fundamentais para sentir que é do ensino lá de baixo que vem a desgraça do pobre.

Quem não tem o direito de estudar em escola particular e vai para as escolas públicas, nos dias de hoje estão fritos com o ensino. A situação está ficando cada dia pior para quem quer aprender alguma coisa estudando nas escolas públicas. Por incrível que pareça, o Estado do Rio de Janeiro, está nos últimos degraus da escada do ensino. No ano passado o Rio de Janeiro teve 51% dos estudantes do primeiro ano fundamental que não conseguiram galgar o segundo ano. Entre a reprovação e o abandono dos estudos, no Brasil o número chegou a 24,6% e no Rio de Janeiro chegou a 32,1%. E o mais intrigante é que a cidade, capital do Rio, ficou em penúltimo lugar, com a marca dos 39,7% de reprovações e abandonos dos estudos.

Gente, e ainda esses líderes negros lutam pela cota nas faculdades para o negro e não para o pobre que estuda nos colégios públicos. Porque esses “senhores líderes” não brigam, não lutam por um ensino honesto para todos? Que as prefeituras, que são responsáveis pelo ensino fundamental, deem às crianças uma escola de gabarito, com número de professores que possam atender a todas as crianças, com aulas de reforço para aqueles que estiverem com dificuldades nas matérias, escola com período integral, como deveriam ser todas as escolas de ensino fundamental. Porque o governo estadual, que é o responsável pelo ensino médio, não tem escolas aparelhadas e com professores habilitados?

Mas não, para esses “senhores líderes”, só interessa a faculdade. É importante colocar por “cota” esses jovens que vêm do segundo grau sem saber como passou pelo fundamental. Afinal, todos já são eleitores e assim poderão ajudar em muito os candidatos que interessam aos “senhores líderes”.

Só que “cota” é uma arma que mata um profissional. Quando alguma coisa de errado acontecer com um profissional que se formou por ela, será sempre apontado pela sua incapacidade porque entrou na faculdade por “cota”.

Esta vergonha precisa ter um fim. “Senhores líderes” negros, brancos, indígenas, amarelos ou outro qualquer líder, lute pela escola fundamental de verdade. Lute pelo colégio de segundo grau com nível. Só assim, no lugar de cotista, vamos ter estudantes do mesmo nível, seja ele rico ou pobre.

Tenho dito.