quinta-feira, 23 de dezembro de 2010



Seja Doador Voluntário de
Seja Doador Voluntário de
Medula Óssea e Plaquetas
Praça Cruz Vermelha 23
Centro – Rio de Janeiro
Tel 21 25066021/ 25066064





Aprovado, mas não muito





Gerson Tavares

Quer queiram os petistas ou não, o Brasil ainda está entre os países “quase” ricos, mas daí a chegar a ser rico vai uma distancia enorme. Mas como petista tem um pecado chamada “soberba”, estando exatamente a duas semanas de assumir o Ministério da Ciência e Tecnologia, o senador Aloizio Mercadante, petista derrotado de São Paulo, resolveu ser acadêmico em pleno palanque.

Mercadante para não ter que mentir como sua “chefona”, resolveu voltar à Unicamp após 12 anos, para concluir o doutorado em economia e resolveu que com uma tese sobre o governo Lula a coisa ficaria mais fácil. Conseguiu o intento, mas nem por isso deixou de ser repreendido pelos examinadores por exagerar nos elogios ao presidente.

Foi sempre em tom de campanha que o petista anunciou o nascimento do "novo desenvolvimentismo", como se Lula fosse o “salvador da pátria” ao levar o Brasil ao ápice do crescimento e da distribuição de renda.

Ele levou consigo cinco livros de sua autoria e os colocou sobre a mesa para intimidar a banca. Com uma tese de 519 páginas, usou quase sempre a primeira pessoa do plural, aliás, coisa muito usada por Lula nos últimos tempos. Isto prova que eles fizeram a mesma escola, fato que não recomenda em nada.

Com algumas frases de efeito, Mercadante foi se empolgando. Com "Superamos a visão do Estado mínimo" ou ainda com "Não nos rendemos à tradição populista" e ele foi se soltando e chegou à frase "Retiramos 28 milhões da pobreza". Poderia ainda enumerar muitas outras frases que só estão nas cabeças dos petistas, mas me basta só mais uma: "Melhoramos muito o atendimento na saúde". Aí realmente Mercadante se superou. Será que ele acha que a Saúde do brasileiro está legal? Realmente ele não merecia ser aprovado depois dessa “desgraça” que deseja para a população brasileira.

Mas muito empolgado, Mercadante não dava bola para ninguém e até ignorou o limite de meia hora falou por 50 minutos. Lógico que ele não tendo muito que falar que sortisse o efeito dos “feitos” do governo petista, dedicou boa parte do tempo ao repertório da “Era FHC”, quando atacou o neoliberalismo e o Fundo Monetário Internacional.

Aí relembrou a campanha eleitoral e com discurso já bem batido, chegou a criticar o preço dos pedágios em São Paulo, aliás, coisa que não lhe rendeu nada na campanha e que não foi capaz de evitar sua segunda derrota seguida na disputa pelo governo do Estado.

Mas ali estava presente um “cara” que sabe das coisas e coube exatamente a ele dar uma “brecada” nas “galhofas” do Mercadante O ex-ministro Delfim Netto, que é professor titular da USP, tratou de chamar a atenção do “aluno” e falou em alto e bom som: "Esse negócio de que o Fernando Henrique usou o Consenso de Washington... não usou coisa nenhuma! Depois de arrancar boas gargalhadas da turma, Delfim completou: "Ele sabia era que 30% dos problemas são insolúveis, e 70% o tempo resolve". E foi aí que Delfim Netto resolveu mostrar que o “aluno” não é tão "sabichão" quanto pensa. Irônico, Delfim evocou o cenário internacional favorável para sustentar que o “bolo lulista” não cresceu apenas por vontade do presidente: "Com o Lula você exagera um pouco, mas é a sua função. O nível do mar subiu e o navio subiu junto”. Já que era hora de mostrar ao “aluno” que em “prova” não se fala o que vem na cabeça e veio logo a concordância do mestre João Manoel Cardoso, da Unicamp que reclamou das “barbeiragens no câmbio” e definiu o projeto “Fome Zero” como “um desastre”. E foi muito feliz quando disse: “De vez em quando, o governo pensa que foi ele quem elevou o nível do mar... O Lula teve uma sorte danada. Ele sabe, e isso não tira os seus méritos".

E daí para frente à medida que o doutorando rebatia as críticas, a discussão se afastava mais da metodologia da pesquisa, tornando-se um julgamento de prós e contras do governo. Até que Luiz Carlos Bresser Pereira, da USP, arriscou um reparo à falta de academicismo da tese: "Aloizio, você resolveu não discutir teoria...".

E assim ficou provado que petista e só petista. Doutor, mestre, ou outro qualquer título, não casa com a “causa”.

Nenhum comentário: