Devagar, quase parando

Gerson Tavares

Randolfe Rodrigues, um jovem senador do PSOL, que por incrível que possa parecer, conseguiu se eleger lá no Amapá, terra hoje dominada pelo famigerado José Sarney, que depois de tanto explorar o Maranhão, largou o estado nas mãos do clã e partiu para descoberta de outras terras.

Mas o Randolfe Rodrigues conseguiu se eleger e como ele mesmo diz, só conseguindo êxito nesta façanha porque os outros que poderiam derrubar sua pretensão estavam presos. Pois este jovem senador é um batalhador contra todas essas sacanagens que estão acontecendo no cenário político brasileiro, mas ele sabe que está em uma luta contra um bando de gangsteres.

Randolfe entrou de sola exatamente um dia após ser recusada pela comissão do “Projeto Cachoeira” a convocação do Fernando Cavendish, aquele velho parceiro de Cachoeira e Sérgio Cabral na Delta Construtora, porque o presidente da CPI, Vital do Rego, que é um membro paraibano do PMDB, anunciou que as sessões desta semana estariam canceladas porque era muito mais importante a realização da Rio+20.

A Rio+20 é importante sim, mas a presença desses parlamentares faz tanta falta no Rio, como uma orquestra faz num enterro. Mas ele aproveitou a oportunidade para atrasar um pouco mais os trabalhos da comissão e assim levar mais para o esquecimento esse escândalo dos governos aliados.

E foi aí que o Randolfe resolveu mostrar como e porque a comissão tem tanto trabalho para agradar aos aliados. Para Randolfe, a CPI sabe o que deveria ser feito para aprofundar as investigações sobre os negócios do “banqueiro do bicho” com a Delta. Mas todos da comissão sabem que se forem se aprofundar no assunto poderão atingir gente que não pode ser atingida. Tem gente neste caso, que já está blindada a mais de nove anos. 

Diz Randolfe que a CPI sabe o caminho a seguir, mas que nunca será seguido porque não é possível chegar lá sem atingir a cúpula do governo e dos partidos aliados.

Randolfe, como Miro Teixeira, integra o time dos independentes. Também fazem parte desse time Rubens Bueno, e o senador Pedro Taques, mas como dá para notar, um grupo “bem minoritário” e que não tem votos suficientes para mudar o discurso da comissão.

Mas eles estão na luta e mesmo que não consigam vitórias, pelo menos poderão levar ao brasileiro a realidade da política brasileira de hoje.

A vergonha está aí e o povo só não vê porque não quer.