terça-feira, 26 de julho de 2011

Existem escândalos e escândalos



Gerson Tavares



Nos últimos quase sete meses, o Brasil viveu momentos de total anarquia em sua política. Desde que Dilma Rousseff entrou na Presidência que não tivemos vinte dias sem um escândalo. Uns são logo esquecidos, até porque sempre vem a caminho um novo escândalo e sempre ainda maior, mas calmaria, nunca mais.

Mas duas situações bem parecidas estão me chamando à atenção nesse período e as duas situações bem iguais em suas posições, mas bem diferentes em suas soluções. Em abril tivemos o escândalo de Furnas, uma estatal que era comandada pela dupla PMDB e PT, os dois maiores partidos do pool de partidos que está se locupletando. E agora, em junho, menos de sessenta dias após, pinta o escândalo do Ministério dos Transportes, que é uma sucursal do PR.

Então vejamos o que representam esses dois escândalos para uma análise melhor do peso dos partidos aliados. No escândalo de Furnas Centrais Elétricas, que é dirigida por pessoas indicadas pelo PMDB e pelo PT, a presidente Dilma Rousseff decidiu que trocaria toda a diretoria, especialmente pessoas indicadas pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Junto de Eduardo estavam na diretoria da estatal mais dois peemedebistas e dois petistas. Pois bem, a Dilma resolveu cortar a cabeça do Eduardo Cunha e preservar os outros. Depois fiquei sabendo que o que salvou os dois peemedebistas foi exatamente para não ter que sacrificar os petistas. Assim o escândalo foi abafado e o Eduardo Cunha a qualquer momento poderá estar de volta em algum outro cargo, afinal, ele é do PMDB, o maior partido desse “desgoverno” em que vivemos.

Mas o escândalo do Ministério dos Transportes, a sucursal do PR pintou na área e a mesma atitude tinha que ser tomada e assim Dilma resolveu logo pedir a cabeça do Alfredo Nascimento, o ministro que deixou a “peteca cair”. Muita gente pensou que tudo fosse acabar por ali, mas outros “chefões” foram caindo pela estrada. Diretores de vários órgãos foram perdendo seus lugares, mas uma coisa chamava a atenção, que era o fato de só dançar gente do PR. E como sempre tem um curioso que vê os detalhes das coisas, alguém foi lá no fundo do baú e achou escondidinho, em silêncio e de portas fechadas em uma diretoria do Dnit, um petista.

E foi aí que com muita dor no coração Dilma falou: “Vou ter que cortar na própria carne”. E assim o Hideraldo Caron perdeu o emprego, tudo porque estava no lugar errado na hora errada. Estão falando abertamente lá em Brasília que a Dilma apresentou a cabeça do Hideraldo na bandeja, para acalmar a turma do PR, que já estava se rebelando porque até aquele momento só o PR havia sido atingido de morte.

Mas pelo visto o pessoal do PR se contenta com muito pouco. Será que eles não notaram que perderam quase duas dezenas de lugares em troca de um só? E se eles olharem lá atrás, eles poderão ver que quando o escândalo foi em Furnas, uma estatal comandada pelo PMDB e pelo PT, ficaram todos que poderiam estar envolvidos das “mnaracutaias” e só o Eduardo Cunha foi sacrificado, assim mesmo porque já podia andar com as próprias pernas.

É por isso que eu digo que este é o Brasil dos escândalos.

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