segunda-feira, 25 de julho de 2011

O “Nhenhenhém” de cada um



Gerson Tavares



Aos sábados sempre me inspiro lendo a coluna do Jorge Bastos Moreno, o jornalista que não tem a menor vergonha de dizer que “ele é puxa saco” do governo Dilma. E neste sábado ele falou de um jantar onde foi o convidado especial no Palácio da Alvorada. Lógico que um convite desses não acontece por acaso e só às pessoas muito comprometidas.

Comecei a ler tudo que ele escreveu e então, eu fui às entrelinhas buscar inspiração para contar ao meu modo aquilo que ele viveu. E o Moreno logo de entrada diz que foi fantasiado de repórter e foi aí que pensei: “De tanto conviver com o Poder, Moreno lembrando Lula quando nas horas vagas da presidência fazia a campanha eleitoral da Dilma, agora ele também já tem horário para ser repórter”.

E por sorte ele estava fantasiado de repórter, porque, quando já a caminho do Palácio, foi instigado por um torpedo do diretor de redação do O Globo, onde Rodolfo Fernandes ordenava: “Pergunta até onde vai à faxina?”.

E assim ele teve que quebrar aquela intimidade de um jantar, para fazer uma pergunta “ordenada” pelo chefe que garante a sua grana no final do mês. E a resposta foi aquela que já era esperada: “A faxina não tem limite. O limite é mudar o Ministério dos Transportes naquilo que é o seu próprio papel”. E olhando bem essa resposta dá para notar que Dilma está viajando pelas estradas esburacadas de um governante que só está tentando não cair em buracos maiores.

Neste momento o Moreno vira o foco da “entrevista” para falar da chegada de Gleisi Hoffmann, a mulher do Paulo Bernardo e foi aí que o ego falou mais alto e ele conta, que gaguejou de emoção: “Eu fui o primeiro a dizer que ela seria ministra e meus seguidores do Twitter brincam que a senhora aceitou minha sugestão”. Segundo Moreno, Dilma imediatamente falou: Pode espalhar que foi você que indicou. Eu deixo. E terás tomado uma das melhores decisões da tua vida”.

Mas o Moreno não notou, ou não quis notar para não ferir o auto-ego, que quando a Dilma falou que “ela deixa”, ela só queria dizer que “até que é bom que você espalhe essa versão, pois só assim podemos esconder que Gleisi foi uma “escolha de alcova”, com o Paulo Bernardo fazendo de uma noite de prazer, o prolongamento de sua “mordomia”.

Não vou detalhar mais esta “entrevista” porque o papo é longo, afinal o Jorge Bastos Moreno não é um gordo que se contente com um jantar rápido. Sem falar ele já demora em suas refeições, conversando então, varou a madrugada. Então eu paro por aqui, afinal, a inspiração do sábado já rendeu o suficiente para mostrar que quem nasce para “puxa saco”, vai morrer “puxando saco”. Mas o último parágrafo da “entrevista” eu não posso deixar passar sem um “pitaco”.

E é exatamente quando Dilma resolve usar uma frase antológica de Ulisses Guimarães, ao falar do velho político: “O corrupto suja a denúncia que faz. Quando aponta o erro não quer justiça, quer cúmplice”.

Depois dessa constatação que a Dilma faz do seu próprio governo, um governo que se mostra como um mar de corrupção, o que mais falar?

3 comentários:

Anônimo disse...

Este Moreno é um 'baba ovo' de primeira linha. Quem estiver por cima, lá está ele juntinho.

sofiadalton disse...

Eu também sou leitora da coluna do Moreno e fico bobo como um jornalista pode ser tão parcial. Quando ele fala das suas 'musas' até parece outra pessoa, mas quando fala de política ele só sabe, como você mesmo diz, 'puxar o saco'.

Sofia Dalton
Rio de Janeiro

fatima. machado disse...

Não havia lido no sábado a coluna do Moreno. Depois que lí sua crónica fui dar uma olhada e o Moreno se superou no puxasaquismo. Quase duas páginas só enaltecendo uma presidente que está no meio dessa pocilga sem tamanho e nem uma crítica?
Tudo bem que a 'boca livre' deve ter sido das melhores (aliás, é bom o Moreno contar no próximo sábado quanto cada um de nós pagou pelo seu jantar), mas a Dilma não está não está fazendo um governo para ser tão 'badalado' em quase duas páginas de um dos maiores jornais do país.
Menos Moreno.
Fátima Machado
Rio de Janeiro