sexta-feira, 25 de abril de 2014

Se afastar pra que?



PRÉ-CANDIDATO NÃO SE DESLIGA










Os exemplos não são para serem seguidos. Então, a partir de julho, quando a campanha começar oficialmente, o médico sanitarista Eduardo Jorge, de 64 anos, pré-candidato do PV à Presidência, estará em todos os debates eleitorais e contará com 1 minuto e 30 segundos diários para falar o que quiser na propaganda de TV. E é aí que entra aquela frase lá de cima, tudo porque se a Dilma não precisa se desligar do cargo para ficar viajando pelo Brasil fazendo campanha política e, pior ainda, “assumindo a campanha”, o Eduardo Jorge, enquanto não começa a campanha oficial, acha que ele também pode ser visto diariamente no fim da tarde entre os passageiros que aguardam sua vez de embarcar em um dos ônibus que passam em frente ao ponto instalado na altura do número 500 da Avenida Doutor Arnaldo, na zona oeste da cidade de São Paulo.

E ele explica: "Antes eu andava com o Bilhete Único sempre carregado, mas agora passei a ser enquadrado na categoria idoso e não pago mais a passagem". Assim sendo, se o dia amanhece ensolarado, Eduardo Jorge monta em sua bicicleta de 12 marchas e faz pedalando o trajeto de meia hora que começa em sua casa na Rua Tangará, na Vila Mariana, na zona sul, e termina na Secretária de Estado da Saúde, onde cumpre expediente das 8h às 17h, entre segunda e quarta-feira. "Só tem uma subida puxada no caminho, que é a Rua França Pinto. O bom é que volto com o vento batendo no rosto".

E o doutor Eduardo, que é funcionário público concursado desde 1976, não pretende mudar de rotina até o início da campanha presidencial. Enquanto seus adversários já rodam o País desde o ano passado, em ritmo cada vez mais intenso, a pré-campanha de Eduardo Jorge começou apenas neste feriado de Páscoa, com uma viagem a Boa Vista, capital de Roraima. E ele conta: "O PV de lá tem uma militância boa na área dos índios. Teremos vários candidatos (da etnia) macuxis".

Isso só mostra a diferença da agenda modesta e os parcos recursos do PV em 2014 que contrastam com a campanha de Marina Silva pelo partido em 2010. A essa altura daquele ano, a ex-ministra, agora filiada ao PSB, sigla pela qual sairá como candidata à vice do presidenciável Eduardo Campos, já rodava o País a bordo de um jatinho Legacy cedido pelo empresário Guilherme Leal, que foi na época seu candidato a vice, dono da empresa de cosméticos Natura.

E esse contraste continua, pois ao contrário de Eduardo Jorge, que passa despercebido no ponto de ônibus, Marina era recebida como celebridade nos Estados durante a pré-campanha. Terminado o primeiro turno, o PV obteve quase 20 milhões de votos. E é que com bom humor que Eduardo vê a sua situação: "Desta vez nós esperamos ser o Ituano da eleição". Assim, usando o lado futebolístico que o PT sempre usou, o “verdão” compara-se ao pequeno time que derrotou os favoritos São Paulo, Palmeiras e Santos e conquistou o Campeonato Paulista deste ano.


Vamos ver se o azarão irá, desta vez, repetir a façanha na política.

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