PRÉ-CANDIDATO NÃO SE DESLIGA
Os exemplos não
são para serem seguidos. Então, a partir de julho, quando a campanha
começar oficialmente, o médico sanitarista Eduardo Jorge, de 64 anos,
pré-candidato do PV à Presidência, estará em todos os debates eleitorais e
contará com 1 minuto e 30 segundos diários para falar o que quiser na
propaganda de TV. E é aí que entra aquela frase lá de cima, tudo porque se a
Dilma não precisa se desligar do cargo para ficar viajando pelo Brasil fazendo
campanha política e, pior ainda, “assumindo a campanha”, o Eduardo Jorge,
enquanto não começa a campanha oficial, acha que ele também pode ser visto diariamente no fim
da tarde entre os passageiros que aguardam sua vez de embarcar em um dos ônibus
que passam em frente ao ponto instalado na altura do número 500 da Avenida
Doutor Arnaldo, na zona oeste da cidade de São Paulo.
E ele explica:
"Antes eu andava com o Bilhete Único sempre carregado, mas agora passei a
ser enquadrado na categoria idoso e não pago mais a passagem". Assim
sendo, se o dia amanhece ensolarado, Eduardo Jorge monta em sua bicicleta de 12
marchas e faz pedalando o trajeto de meia hora que começa em sua casa na Rua
Tangará, na Vila Mariana, na zona sul, e termina na Secretária de Estado da
Saúde, onde cumpre expediente das 8h às 17h, entre segunda e quarta-feira.
"Só tem uma subida puxada no caminho, que é a Rua França Pinto. O bom é
que volto com o vento batendo no rosto".
E o doutor Eduardo, que
é funcionário público concursado desde 1976, não pretende mudar de rotina até o
início da campanha presidencial. Enquanto seus adversários já rodam o País
desde o ano passado, em ritmo cada vez mais intenso, a pré-campanha de Eduardo
Jorge começou apenas neste feriado de Páscoa, com uma viagem a Boa Vista,
capital de Roraima. E ele conta: "O PV de lá tem uma militância boa na
área dos índios. Teremos vários candidatos (da etnia) macuxis".
Isso só mostra a
diferença da agenda modesta e os parcos recursos do PV em 2014 que contrastam
com a campanha de Marina Silva pelo partido em 2010. A essa altura daquele ano,
a ex-ministra, agora filiada ao PSB, sigla pela qual sairá como candidata à
vice do presidenciável Eduardo Campos, já rodava o País a bordo de um jatinho
Legacy cedido pelo empresário Guilherme Leal, que foi na época seu candidato a
vice, dono da empresa de cosméticos Natura.
E esse contraste
continua, pois ao contrário de Eduardo Jorge, que passa despercebido no ponto
de ônibus, Marina era recebida como celebridade nos Estados durante a
pré-campanha. Terminado o primeiro turno, o PV obteve quase 20 milhões de
votos. E é que com bom humor que Eduardo vê a sua situação: "Desta vez nós
esperamos ser o Ituano da eleição". Assim, usando o lado futebolístico que o
PT sempre usou, o “verdão” compara-se ao pequeno time que
derrotou os favoritos São Paulo, Palmeiras e Santos e conquistou o Campeonato
Paulista deste ano.
Vamos ver se o azarão
irá, desta vez, repetir a façanha na política.
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