quarta-feira, 30 de abril de 2014

Denúncia ‘informal’ motivou pedido.



ALGUÉM NO MPF ESTÁ 

TRABALHANDO

Gerson Tavares  
 






Até que enfim alguém chuta em gol e converte. A promotora Márcia Milhomens, do Ministério Público do Distrito Federal, reafirmou a necessidade de obter dados sobre ligações de telefone celular que são destinadas à região do Palácio do Planalto. A base do pedido, disse ela na petição, é uma denúncia "informal" de que o ex-ministro José Dirceu, condenado por corrupção no mensalão, infringiu o regulamento do Complexo Penitenciário da Papuda em supostos telefonemas para integrantes do governo.

Em petição encaminhada à Vara de Execuções Penais do Distrito Federal e repassada ao Supremo Tribunal Federal, a promotora afirmou que baseia o pedido em denúncias levadas ao Ministério Público "em caráter informal". "Ressalte-se que os detentores das informações recusaram-se, peremptoriamente, a prestar depoimento formal e a divulgar sua identificação", assim falou Márcia. Claro que todos sabem até onde poderá ir a "ira" do Zé. E Márcia continuou: "Por tal razão, entende o Ministério Público haver necessidade da adoção das medidas requeridas para averiguar a veracidade dos fatos que chegaram ao conhecimento do órgão".

Mas como tudo que envolve o Zé sempre está caindo na "malha fina", além dessas supostas ligações, o MP também investiga se Dirceu teria conversado em janeiro, também por telefone, com o secretário da Indústria, Comércio e Mineração da Bahia, James Correia. A defesa do ex-ministro nega que isso tenha ocorrido. Na petição, a promotora reforça o pedido às operadoras para que repassem dados referentes "às chamadas recebidas/efetivadas na região do CIR relacionadas aos prefixos (DDD) do Estado da Bahia".

E para que não aconteçam contestações, Márcia afirma que seu pedido não configuraria quebra de sigilo. E diz: "Busca-se apenas a informação sobre os dados telefônicos, a fim de esclarecer se o sentenciado efetivamente violou dispositivo disciplinar (...). Trata-se de medida menos gravosa e indispensável à apuração das denúncias trazidas ao Ministério Pública".

Claro que Márcia sabe com quem está lidando e então, no documento, ela não cita expressamente o Palácio do Planalto, mas informa as coordenadas geográficas do prédio, coisa que qualquer GPS pode mostrar a mesa da Dilma. Os dados pedidos se referem a ligações feitas entre 1.º e 16 de janeiro. Na primeira petição, Márcia indicava latitude e longitude do Planalto, mas não citou a possibilidade de ligações entre Dirceu e interlocutores no Palácio.

Mas como “advogado de bandido, bandido é”, a defesa do ex-ministro José Dirceu classificou como um "atentado ao estado democrático de direito" o pedido de rastreamento telefônico realizado pela promotora Márcia Milhomens, do Ministério Público do Distrito Federal, amparado por uma denúncia "informal".

Em nota à imprensa, o advogado Rodrigo Dall'Acqua, que representa Dirceu, diz: "um mês depois de pedir a quebra de sigilo do Palácio do Planalto, a promotora tenta justificar sua ilegalidade alegando que possui uma denúncia anônima informal. Assustadora denúncia fantasma consegue a proeza de agregar os vícios do anonimato com a inconsistência da informalidade. Alguém denunciou não se sabe exatamente o que, não se sabe quando, nem como, nem onde”.


Sei não, mas esse Rodrigo bem que poderia estar na Papuda. Até que a Justiça não saiba porque o estaria prendendo, mas ele saberia muito bem porque estaria sendo preso. 

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