Um
simples acidente mostra que
os maus exemplos são copiados
ao pé da letra
Gerson
Tavares
Na
quinta-feira estava eu passando pela Rua Bernardino de Melo, no centro da
cidade de Nova Iguaçu, quando vi um ônibus arrancar do ponto e uma senhora, que
ainda estava saltando, cair e bater com a cabeça no asfalto. O ônibus já estava seguindo
o seu caminho quando alguém batendo em sua lataria chamou a atenção do motorista
que parou. Logo uns passantes correram para ajudar aquela senhora, uma idosa já
alquebrada pelos anos, que estava estendida na rua. O motorista queria logo
leva-la para uma UPA, mas eu cheguei e falei que ela não deveria ser removida do
local assim, de qualquer maneira e tratei logo de ligar para 193, o telefone do
Corpo de Bombeiros, e ao ser atendido falei do acontecido, dei o local do
acidente e pedi que fosse um atendimento rápido já que a senhora acidentada
estava com um grande edema na parte posterior do crânio e com muita dor de
cabeça. Além disso, ela estava com dores em uma das pernas e não seria possível
ser levada para socorro em qualquer carro.
Liguei
para o telefone 190 e pedi que uma viatura fosse até ao local e depois de informar número
de ordem do ônibus e o nome da empresa, além de meu nome e telefone, fiquei aguardando tanto a ambulância quanto
a viatura da RP. Como o transporte médico estava demorando muito e o quartel dos bombeiros ficava relativamente perto do local do acidente, passado os minutos que seriam mais
que necessários para a chegada, eu tratei de ligar novamente e ao falar com o
atendente perguntei se a ambulância iria demorar, pois aquela senhora precisava
de atendimento médico urgente. No afã de vê-la atendida falei que já haviam
passados perto de 20 minutos, mas o atendente, o mesmo da primeira ligação, falou
que eu havia telefonado exatamente há 2 minutos atrás. Eu, claro, já estava nervoso e ao ver que o atendimento estava demorando, fui ríspido e o atendente ainda se
achou cheio de razão para dizer que eu estava muito “nervosinho” querendo dizer que eu estava falando com uma autoridade. Foi então que
entrou uma mulher na linha e disse que não havia ambulância, pois a “única”
que eles tem estava na rua fazendo um atendimento e não havia hora para retorno. Mas então por que
aquele “atendente” não falou isso na primeira ligação, que fiz às 10h54 e só
agora, na ligação das 11h07 vem uma senhora e diz isso? Então perguntei se não
havia ambulância da SAMU e ela respondeu que eu deveria telefonar para outro
telefone de emergência. Mas por que eu? Será que não há uma ligação direta entre as duas unidades de
socorro urgente deste Estado? Isto é coisa do outro mundo, aliás, para onde eles estavam querendo mandar aquela pobre senhora.
Bem,
então voltemos ao nosso martírio de pobre povo abandonado pelos poderes
públicos e então pensei em colocar a senhora em um taxi para leva-la até ao
Hospital da Posse, mas todos então acharam que o ônibus poderia fazer aquele
socorro e para quem não tem uma solução melhor, vamos partir para o perigo. Então
chamaram o motorista e ele sem a menor pressa foi falar ao telefone com a
empresa, mesmo antes de dar ré no veiculo até ao local onde estava a
acidentada.
Isso
me tirou do sério e eu quase tomei o telefone da mão daquela insensível criatura
e ele foi se afastando e atravessando a rua me obrigando a ir atrás dele e
obriga-lo a levar o ônibus até ao local e assim foi socorrida aquela senhora
que estava em ônibus errado e em hora errada. Claro que essa minha atitude não foi das mais amistosas e por pouco eu não sai do sério.
Mas
aí vem a pergunta: “Por que aquela senhora caiu do ônibus na hora de
desembarcar?”. A resposta tem muitos itens que aqueles que se dizem “autoridades”
são os principais culpados. Vamos começar a debulhar esta espiga. O motorista,
que só deveria colocar o ônibus em movimento com as portas fechadas é só um dos culpado pelo acidente, ele é só o ápice
deste iceberg. A base é formada pelos empresários de ônibus que em sua ganância
resolveram trocar o embarque dos passageiros pelo desembarque. Com os passageiros
subindo pela porta traseira, o trocador que ali estava sentado, dava o sinal
quando o último havia entrado no coletivo e o motorista que estava ao lado da
porta de saída sabia quando também o último descia e assim sendo, esses acidentes seriam quase que impossíveis de acontecer. Mas, na ganância de não
pagar o salário do trocador, eles inverteram a posição de embarque e desembarque
e o motorista passou a fazer as duas funções, de motorista e trocador. E como
eles perdem muito tempo fazendo troco, mesmo com o trânsito louco que temos, lá
vão eles dirigindo, cobrando, fazendo troco e “prestando atenção” nos
passageiros que desembarcam lá pela porta traseira. Isso tudo fazendo com a responsabilidade de arrancarem com o ônibus em busca de mais "vítimas".
Claro
que nesta base do iceberg, junto com os empresários, estão aqueles que comandam
os Municípios, os Estados e até o Brasil. Todos, desde o mandatário até aos fiscais, todos comem um pouco do muito que
sobra daqueles pagamentos que deixaram de ser pagos. E como, no total da economia este muito á “MUITO MESMO”, eles comem e comem demais.
E
como os exemplos vêm de cima, como os governantes não querem nada com o
respeito que devem aos seus "patrões", aos seus “pagadores”, e se lixam
para o povo, todos que deveriam atender o povo com respeito ainda se acham no direito de se sentirem "ortoridades". Mas eu digo com muita tristeza hoje, depois de ver que nem mesmo para atendimento de uma senhora que caíra na rua e precisava de socorro, também os bombeiros
estão se lixando para o povo que paga os seus salários. O atendente do Corpo de
Bombeiros, quando liguei para pedir “auxilio”, pediu meu nome e telefone, mas eu
teria dado CPF, RG e tudo mais, pois eu queria ver aquela senhora ser atendida.
Mas depois de certa “rusga” que aconteceu entre mim e ele, eu pedi o seu nome e
ele disse que não daria e se eu quisesse saber que fosse até a sua unidade.
Então fiquei me perguntando o por que deste
medo? Será que este rapaz tem culpa no cartório? Bem,
nada melhor que escrever o ocorrido, isso me dá mais tranquilidade para agora
fazer o que devo. Publicar que é meu papel e depois então comunicar aos
comandos tudo que aconteceu.
Sou
assim e se alguém não gostar, azar dele.
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