quarta-feira, 20 de março de 2013



Será que a família Calheiros é 

fantasma?

Gerson Tavares







Esta é uma pergunta que eu até gostaria de fazer carta à cara com o Renan Calheiros. Tenho a impressão que nem mesmo ele saberia responder. Faço esta pergunta por que tanto Renan, como sua família, injetaram R$ 300 mil em dinheiro vivo em uma empresa imobiliária que funcionou por cerca de um ano e acabou assim, na fumaça. Como Renan, quando eleito presidente do Senado em fevereiro prometeu total transparência de sua gestão, ele deveria ter respondido as perguntas sobre esta operação, mas não quis comentar.

Pois depois que ela recebeu o nome de “Tarumã Empreendimentos Imobiliários Ltda.”, a empresa que foi aberta depois das eleições de 2010 em uma sala no Lago Sul de Brasília, tinha na sociedade Renan Calheiros e dois filhos da família e o objetivo declarado eram "administrar a compra e venda de imóveis próprios ou de terceiros".

Na Junta Comercial do Distrito Federal, Renan colocou inicialmente no negócio R$ 9 mil e os “meninos”, Rodrigo e Rodolfo Calheiros, entraram com R$ 500 cada. Uma coisa chama a atenção de qualquer pessoa que veja o documento. É que o contrato social da empresa foi assinado em 8 de dezembro de 2010, mas só foi registrado da junta em de 22 de fevereiro de 2011.

E coisas mais estranhas ainda aconteceram, já que em 21 de julho, o majoritário, Renan Calheiros deixou oficialmente a sociedade, cedendo o lugar à mulher, Maria Verônica, que se associou ao empreendimento depois de aportar R$ 290 mil "em moeda corrente nacional" no negócio. Realmente o dinheiro que os três haviam colocado para abrirem a empresa, virou “troco” perto daquilo que Verônica colocou.

Mas pelo que dá para entender, Verônica jogou dinheiro fora, pois desde 9 de janeiro de 2012, a empresa consta como extinta na base da Receita Federal, antes de completar oficialmente um ano.

Renan mantém-se em silêncio total sobre o assunto. Só falou que as operações da Tarumã são "pessoais e uma atividade privada". Sendo assim, legalmente, ele não tem obrigação de dar explicações sobre a abertura e a extinção da empresa, mas ele esquece que a operação teve de ser declarada à Receita Federal e sendo assim, ele deveria declarar em sua declaração à Justiça Eleitoral e assim sendo, ela  se tornaria pública, mas, claro, ele não declarou a Justiça Eleitoral.

Tudo porque o “negócio” foi realizado após a eleição de 2010 e antes da eleição do ano que vem, quando ele deverá se candidatar ao governo de Alagoas. Assim sendo, ficará tudo da obscuridade da Justiça.

Não podemos deixar de lembrar a crise de 2007, quando um relatório do Conselho de Ética, com base nas declarações de Imposto de Renda e laudos da Polícia Federal, atestou a incompatibilidade da evolução patrimonial do senador e indícios de patrimônio descoberto. Esses laudos subsidiaram a denúncia do Procurador-geral da República, Roberto Gurgel, ao Supremo Tribunal Federal, feita às vésperas de sua eleição para comandar o Senador.

Renan foi denunciado por peculato, que é o desvio de dinheiro público, 2 a 12 anos de cadeia, falsidade ideológica, 1 a 5 anos e uso de documento falso, com 2 a 6 anos.

Gurgel afirma que Renan apresentou ao Congresso notas frias e documentos falsificados para justificar a origem dos recursos que o lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior, entregava, em dinheiro vivo, à jornalista Mônica Veloso, mãe de uma filha do senador, como pagamento de pensão. A denúncia está sendo analisada pelo ministro Ricardo Lewandowski, que não tem prazo para se manifestar.

Mas Renan nega que tenha cometido os crimes apontados pela Procuradoria-Geral da República. No máximo, ele admite que andou comendo fora de casa.

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