sexta-feira, 15 de março de 2013


O "Direitos Humanos" está nas mãos dele

Gerson Tavares








Na semana passada eu cantei a pedra e não deu outra. A maioria da bancada do PSC decidiu indicar o deputado e pastor Marco Feliciano, de São Paulo, para presidir a Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Pela tradição da Casa, o ato o coloca, na prática, na chefia do órgão parlamentar.

Mas sempre existe um culpado pelos desmandos e mais uma vez é o PT o culpado. Ele que tradicionalmente comanda esse colegiado, abriu mão da vaga em favor da sigla cristã, que faz parte da base de sustentação do governo da presidente Dilma Rousseff. O papel da comissão é analisar projetos que tratem de interesses de minorias.

Mas se é de um ou de outro partido o comando, nada disso é problema, já que seja o partido que for, tudo será feito para agradar ao governo e aos “pilantras” que precisam de “direitos”. Mas o que realmente está chamando a atenção de todos é o fato do Feliciano ser o indicado e ser aceito. Logo ele que escreveu em sua página no Twitter, em 2011, que o amor entre pessoas do mesmo sexo leva "ao ódio, ao crime e à rejeição", e que descendentes de africanos são "amaldiçoados"? Aí tem um pouco de menos para “Direitos Humanos”.

Mas Feliciano se defende. "Não neguei o que escrevi e não nego agora. Foi só um post. A maioria das informações sobre mim não são reais". Caramba, será que ele é um ET?

A bancada do PSC levou mais de três horas para decidir manter a indicação de Feliciano para a Comissão de Direitos Humanos. Dos 17 deputados do partido (caramba, como tem deputado esse "partidozinho"), 13 teriam votado a favor do nome do pastor. Sempre “13”. Mas que número de azar.

E teve gente que ficou preocupada com a repercussão negativa do nome de Feliciano. Entre os preocupados está o presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves, do PMDB/RN. E foi aí que ele, ainda que nos bastidores, fez um apelo para a bancada de pastores, desistir da nomeação. Mas de nada adiantou. Ela está unida ao Feliciano e nem que os gays façam passeata, mudam o voto.

E o Feliciano, logo após a sua indicação resolveu discursar: "O casamento de pessoas do mesmo sexo não é previsto na Constituição. O casamento civil neste país é entre homem e mulher. E ponto final"

Em época de comparações, como Lula se comparou a Abraham Lincoln, em entrevista Feliciano aproveitou para se comparar ao pastor norte-americano e defensor dos direitos humanos Martin Luther King. "Disseram ser da idade da pedra ou dos tempos de caça às bruxas a escolha de um pastor para presidir a Comissão de Direitos Humanos. Lembro que o maior defensor dos direitos humanos de todos os tempos foi um pastor: Martin Luther King. Não me comparo a ele, mas era também um cristão."

Feliciano apresentou alguns projetos de lei e aqui estão alguns: "Papai do Céu na Escola" na rede pública de ensino. O que será? Outra proposta do deputado pretende sustar a decisão do Supremo Tribunal Federal que reconheceu como entidade familiar a união entre pessoas do mesmo sexo. Feliciano apresentou ainda projeto de lei para punir quem sacrifica animais em rituais religiosos, prática adotada em algumas cerimônias do candomblé.

E as divergências já começaram a aparecer. Para o presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Carlos Magno, a indicação do pastor para a presidência do colegiado é "um retrocesso para o País". Segundo Magno, assumindo o cargo, Feliciano tomaria as rédeas de uma comissão tida como estratégica para os gays. "Acho que a nomeação dele à presidência é um retrocesso para o País. Ele é um pastor homofóbico", disse Magno. "Não vamos aceitar. A comissão é estratégica." Tudo bem que a comissão é estratégica, seu Carlos Magno, mas não estratégica para os gays, já que gays são pessoas normais e não seria de bom tom, exatamente você, discriminar o homossexual.  

O ex-presidente da associação, Toni Reis, comparou: "é como colocar lobos para cuidar das ovelhas". A ABGLT anunciou que já articula medidas de protesto à nomeação. Uma delas será mobilizar parlamentares de partidos aliados da associação para esvaziarem as reuniões do colegiado.

Agora é esperar para ver quem ganha a guerra. Mas desde já eu digo: Feliciano nunca!

3 comentários:

João Cândido da Silveira disse...

esse tal de Feliciano é um grande de um estelionatário. Ele é mais de roubar os fieis da Assembleia de Deus e agora quer roubar os direitos humanos.
Estelionatário de carteirinha assinada pela AD
Franca - SP

Albano Regalo Silva disse...

Colocaram raposa para tomar conta de galinheiro. Será que não existe leis neste país? Será que nada pode impedir um safado desses ser candidato a deputado? Se não fosse deputado ele agora não estaria aterrorizando o país nos Direitos Humanos da Câmara.
Será que um estelionatário de primeira hora não está impedido de se candidatar? E ninguém pode dizer que não sabe que ele é estelionatário, porque o modo dele tomar dinheiro dos fieis, vendendo lugar no céu, é estelionato mesmo.
Salvador - BA

Francisco Carlos Nobre disse...

A culpa de tudo que está acontecendo com políticos como esse Feliciano é do próprio eleitor que não sabe escolher o candidato. Se bem que no caso desse pastor ele deve trocar os votos por passagem e hospedagem no céu, por ferias em algum spa no paraíso, por 'indulgência plena e total com quarto de luxo ao lado do de Jesus e por aí vai. Se bem que no caso de sujeitinho, a coisa vai mais além e já é um caso de polícia e Polícia Federal. O cara tem uma goela enorme e os fieis têm que deixar a grana lá para ele se não ele coloca para arder no mármore do inferno. Pelo que andam mostrando na internet, ele já é um caso de estelionato e o ministro da Justiça não assiste nada disso, ou se assiste ele lembra que o Feliciano é aliado da Dilma e, claro, não está aí para arranjar encrenca.
Agora, deixarem o cara ser presidente da comissão dos Direitos Humanos, aí também já é um pouco demais.
São Paulo