sexta-feira, 21 de dezembro de 2012


Festa de arromba

Gerson Tavares






Final de ano chegando e todos só pensam em festinhas e se nessas festinhas tem distribuição de presentes, melhor ainda. E foi exatamente em uma dessas festas que mais de mil pessoas compareceram ao Clube Atlético Monte Líbano, em São Paulo. Ela foi organizada pela Associação Paulista de Magistrados (Apamagis) e distribuiu muitos presentes que foram oferecidos por empresas públicas e privadas para juízes estaduais.

Tudo coisinhas pequenas, apenas umas lembrancinhas, como automóveis, cruzeiros, viagens internacionais e hospedagem em resorts, com direito a acompanhante.

Tanto o corregedor nacional de Justiça e as ONGs em defesa da transparência na administração pública se colocaram contra esse tipo de prática, já que ela coloca os beneficiários sob suspeita.

Claro que alguns magistrados defendem essas promoções e alegam que a Apamagis é uma entidade privada e que o interesse das empresas é apenas mercadológico, não comprometendo a independência dos juízes.

Só para ter uma noção da coisa, a festa da Apamagis teve ingressos vendidos a R$ 250 e cotas de patrocínio compradas por empresas públicas e privadas. A Caixa Econômica Federal assinou contrato no valor de R$ 10 mil, encarregando-se da "divulgação e infraestrutura do evento".

Até uma operadora de planos de saúde, neste caso a Qualicorp, também estava entre os patrocinadores. Houve sorteio de um Volkswagen Fox zero quilômetro e de viagens nacionais e internacionais.

Mas a Apamagis, que havia prometido divulgar a lista de patrocinadores e dos juízes sorteados, ficou em dívida com todos e omitiu a informação. Pelo que deu para notar, o assunto é sigiloso.

Eliana Calmon, em poucas palavras define bem o que está acontecendo: "Saímos inteiramente dos padrões aceitáveis". E foi além: "Recompensa material de empresas não está de acordo com a atuação do magistrado, um agente político". E foi muito franca quando falou: "Quem dá prêmio a juiz é o tribunal, quando merece promoção".

Cláudio Weber Abramo, da ONG Transparência Brasil, também falou sobre o absurdo dessa festinha: "Como se pode confiar nas decisões de juízes que recebem presentes?" E também foi um pouco além: "Magistrados não podem se colocar na posição de devedores de favores a empresas que podem vir a fazer parte em processos que julgam".

Depois dessa “festinha” já é hora do CNJ dar fim a este tipo de prática. Essa modalidade de “confraternização” precisa ser coibida, pois configura violação da vedação fundamental de agentes públicos se colocarem em posição de conflito de interesse.

Vamos moralizar o Brasil!

5 comentários:

Fernando Honorato disse...

E ainda tem gente que acredita em Justiça. Tudo bem que temos um Joaquim Barbosa, cidadão que mostra o porque veio ao mundo, mas ainda estamos num país onde a justiça, com letra minuscula mesmo, repleta de 'canalhas' que só estão fazendo riquezas e mais nada.
Alguns magistrados que participaram dessa 'sacanagem' defendem promoções como essas, como se isso fosse uma coisa normal e que não compromete a 'independência' dos juízes. Isso eles dizem, mas como a independência, para eles, é colocar a grana no bolso, a Justiça Brasileira seguirá sempre maculada, mesmo tendo um JOAQUIM BARBOSA na Alta Corte.
Será que não é hora de colocar grades nos gabinetes desses magistrados que fazem essas "badernas', sempre escudados pelas togas?
Eliana Calmon: SOCORRO!
Jardins - São Paulo

José Ribamar Santos (por favor, não sou o Sarney) disse...

É... parece que o Joaquim também está se afinando com os corruptos. pode ser até que não corramos o perigo de fuga desses bandidos que foram julgados e condenados, mas será que eles são diferentes dos outros bandidos? Será que eles têm direitos que outros bandidos não têm.
Cadeia foi feita para bandidos e não interessa qual o grau de amizade que ele tenha. Por que eles são amigos do Lula podem ficar por aí? se é tão importante para o Lula eles estarem ao seu lado, por que ele não assume que também é culpado e não fica preso junto?
Garanto que não seria um erro maior prender o Lula do que deixar os outros soltos.
Joaquim, Joaquim... Não nos decepcione.
São Luiz do Maranhão

Deusdeth Waltrick disse...

Em um país, onde os magistrados ainda acham que essas coisas são normais, o que falar e de quem cobrar moral e ética?
Esta é a prova que o mal do Brasil é exatamente o seu povo. o país que tem um povo desses, não precisa de inimigos porque ele se acaba sozinho.
Não era esse Brasil que eu sonhava para os meus filhos e netos.
Pato Branco - Paraná

Lívia Santos Silva disse...

Se os magistrados pensam como esses que comandam a Amapagis, o que pensar da nossa Justiça?
Esta será a Justiça que temos? E pelo que está dando para notar, este é um caminho irreversível.
Pobre Brasil.
Natividade

Gustavo Freitas de Aragão disse...

O novo ano já chegou, mas será que vamos ter os mesmos políticos, os mesmos magistrados, os mesmos policiais e tatos outros que têm obrigações com o povo, com os mesmos vícios que foram implantados nessa Terra que não tem culpa dos homens que aqui se instalaram.
Morumbi - São Paulo