Inocente, ele só fez porque foi enganado

Gerson Tavares

Tem neguinho que “está tirando o braço da seringa”, já que sentiu que se deixar na reta, ele toma sem anestesia. Neste caso está o consultor-geral da União, Arnaldo Sampaio de Godoy, que anda dizendo por ai que foi "enganado" pela cúpula da Advocacia-Geral da União e que foi "usado" pelo esquema de corrupção investigado pela Polícia Federal.

Diz-se cheio de ódio, de raiva. Diz ele que fez um parecer sem saber do que estava acontecendo e criticou José Weber Holanda, que perdeu o cargo de advogado-geral-adjunto após ser indiciado. Disse que Weber era um amigo e que foi enganado.

Depois que a casa cai, neguinho entrega tudo e assim sendo, Godoy revelou como o esquema atuou na AGU, órgão que defende a União em causas na Justiça, por meio de Weber. Godoy encaminhou os processos à corregedoria do órgão para análise e pediu a suspensão deles.

A Polícia Federal diz que Weber, que atuava como braço direito do advogado-geral, Luís Inácio Adams, recebeu dinheiro para alterar na AGU decisões em favor da quadrilha. Godoy afirma que em processo relativo ao uso de uma ilha no litoral paulista, a Caneu, Weber assinou despacho extrapolando sua função ao reverter decisão da AGU em São Paulo que havia impedido o ex-senador Gilberto Miranda de ocupar o local.

Pelo que deu para entender, Weber mudou o entendimento da AGU de São Paulo sem que ninguém tivesse recorrido. Pelo que Godoy falou, só após a PF revelar o esquema, a AGU descobriu a existência do parecer que permitiu a ocupação da ilha pelo ex-senador.

Weber, disse ainda que o consultor, também tentou interferir em uma decisão da AGU sobre uma licitação na área de portos. Weber teria pedido alteração no regime de contratos. E foi mais longe quando disse que há cerca de três meses recebeu de Weber um pedido de parecer sobre a construção de portos em terras da União.

Como a AGU deveria definir quem daria o aval a esse tipo de negócio, se a Presidência ou o Ministério dos Transportes, o chefe da consultoria opinou que caberia ao ministério. Essa decisão foi corroborada por Adams e Godoy deixa claro que essa era a decisão que interessava à quadrilha "porque seria mais fácil" agir nos Transportes.

Godoy falou que assumiu o caso porque "encarou como uma demanda do gabinete" de Adams. Como é o chefe dos consultores, Godoy só atua em casos importantes. Ele acusa Weber de ter omitido desse processo a informação de que se tratava de um empreendimento na ilha dos Bagres, já que o texto entregue a ele era genérico. Só agora ficou sabendo que o grupo tinha interesse em construir um porto na ilha e aí ele se desculpa: "Se eu soubesse que era da ilha, que tinha interesses econômicos gravíssimos por trás, eu teria feito pesquisa na internet e ido à PF, porque aí tem indícios de que ele estava por trás. Omitiram essa informação. Eu fui enganado. Sou um intelectual. Não me envolvo com vagabundos".

Mas para complicar o assunto, Weber nega ter enganado Godoy e fala abertamente: "Dei minha opinião sobre um parecer ao ser questionado por ele. E ele teve a mesma opinião depois".

O que eu estou sentindo desse “rebucetê” todo, é que todos estão mais sujos que pau de galinheiro.