'Nação não aguenta mais esse julgamento'

Gerson Tavares

Foi com esta frase que o presidente do Supremo Tribunal Federal e relator do Julgamento da parte maior da “quadrilha dos mensaleiros”, ministro Joaquim Barbosa, se pronunciou sobre a ideia estapafúrdia de rever os valores das multas aplicadas pelo STF aos bandidos condenados. Mas claro que essa ideia só poderia partir do revisor do processo, o Ricardo Lewandowski, e que provocou um novo mal-estar entre ele e o seu chefe direto, tanto como relator, como presidente do tribunal.

Claro está que a maioria dos ministros do STF rejeita tal proposta, que só tem o intuito de reduzir as penas dos bandidos. E foi o Joaquim Barbosa, que não deixa de mostrar que o Lewandowski quer retardar a ida para a cana dos bandidos, falou que a medida apresentada pelo revisor só iria atrasar o final do julgamento. Assim procedendo, o STF só iria arrastar o processo para o final de fevereiro, claro após o carnaval. Como a partir do próximo dia 20, o Supremo entra em recesso e só retoma os trabalhos em fevereiro e o carnaval estará “bombando”, essa quadrilha acabaria passando o carnaval na Avenida.

E foi por tudo isso que o Joaquim Barbosa deu o grito da Praça dos Três Poderes: "Eu acredito que a nação não aguenta mais este julgamento. Está na hora de acabar".

E o pior é que o Lewandowski já estava apresentando sua reavaliação das multas. E foi aí que o Joaquim Barbosa gozou perguntado se o “advogado de defesa” iria tratar de todos os 25 condenados ou só dos casos em que seu voto prevaleceu.

Como um “bom julgador”, logo ao início da sessão, o Lewandowski afirmou que reformaria seu voto em relação às multas para corrigir distorções. As sanções aplicadas somam R$ 22,373 milhões, em valores ainda sem correções. Então ele está apresentando aos colegas uma tabela propondo valores máximos e mínimos para as multas, proporcional à pena de prisão.

Claro que como exemplo ele deu logo um dos seus clientes e citou o caso do ex-presidente do PT José Genoíno que teria recebido uma multa equivalente duas vezes ao seu patrimônio. Ele foi condenado há 6 anos e 11 meses pelos crimes de formação de quadrilha e corrupção ativa, além do pagamento de R$ 468 mil.

Mas na verdade o patrimônio, não só de José Genoino, mas de todos eles, não corresponde a tudo que eles roubaram. Todos sabem que a “grana gorda” não está por aqui e muito menos nos nomes dos bandidos.

Se bem que quem aceita a ser laranja de bandido, bandido é. Aliás, também coloco no rol os “advogados de defesa”.