segunda-feira, 21 de julho de 2008

“Ficar ou não ficar, eis a questão”



Gerson Tavares


Eu não conhecia a força do tal do Daniel Dantas, mas pelo que dá para sentir, ele faz a cabeça muita gente além do Gilmar Mendes. Parece que até o Lula também tem uma quedinha pelo salafrário. Tanto é que, depois de falarem sobre as algemas que foram usadas na turma do “colarinho branco”, numa crítica aberta ao trabalho da polícia Federal, que culminou na saída do delegado Protógenes Queiroz e mais dois dos seus companheiros da operação, parece que alguém soprou no ouvido do presidente. Lula começou a negar pressões para que o delegado saísse do caso e ainda cobra que ele tem “obrigação moral” de continuar no comando até a conclusão do relatório e o envio do inquérito ao Ministério Público.

Mas como pegou mal aquele afastamento assim sem a conclusão do caso, vem o presidente dizer que ficaria o dito pelo não dito e falou com ao Tarso Genro para conversar com a diretoria da PF para anular o afastamento do Protógenes. Mas deu para notar que essa decisão do Lula foi uma tentativa para resolver o imbróglio em que se meteu com as suspeitas de pressão para o afastamento do delegado.

Mas como a coisa ainda não ficou muito clara, aí veio à divulgação de uma gravação da reunião quando o delegado pede para sair. Só que pelo que se vê nos três trechos da gravação, nada fica esclarecido. Pedaços isolados da gravação não provam coisa alguma. Aliás, quando uma gravação é mostrada em pílulas, tudo fica mais obscuro ainda. Essas “edições” normalmente escondem as verdades.

Agora, com o delegado mostrando que não está para dar a cara para bater e começar a falar o que sente “doa a quem doer”, quem sabe se num futuro muito próximo, o povo possa tomar conhecimento das bandalheiras que estão debaixo dessa sujeira toda. Mas na verdade, tudo isso só vem provar que o interesse do governo é um só: “defender o colarinho branco doa a quem doer”.

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