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No esporte, como na política

Gerson Tavares

O futebol já deixou a muito tempo de ser uma coisa séria. Assim como na política, só vale o que é bom para alguns. Não interessa se alguém tem que recuar em sua decisão “irrevogável”, desde que aqueles fiquem bem. E agora, depois de tanto vai e volta sobre o título que o Sport de Recife ganhou no Campeonato Brasileiro, eis que o Ricardo Teixeira, ao se sentir acuado, resolveu que o Flamengo é o “legítimo campeão brasileiro de 1987". Em uma reunião entre Patrícia Amorim e Ricardo Teixeira na segunda-feira foi encerra a polêmica. O título está dividido com o Sport, mas segundo palavra de Teixeira, “o Flamengo é o legítimo campeão”.

Na cerimônia de distribuição das faixas, em dezembro do ano passado, Ricardo Teixeira disse que, como havia uma decisão judicial transitada em julgado a favor do Sport, poderia ser preso se desse a taça aos rubro-negros. A diretoria do Flamengo respondeu com ironia. Em nota oficial, os dirigentes afirmaram que, se Teixeira viesse a ser preso, não seria pela polêmica de 1987.

Carlos Eugênio Lopes, diretor jurídico da CBF, considerou os argumentos do Flamengo bastante convincentes e lembrou que após a unificação dos títulos desde 1959 seria injusto não resolver a pendência da Copa União. Só esquece o Carlos Eugênio que o Flamengo se recusou a jogar a partida final que decidiria o campeonato.

Mas o Flamengo brigou, lutou e enfim, teve o reconhecimento do título brasileiro de 1987. A presidente Patrícia Amorim se encontrou com o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, na Barra para formalizar o fim da polêmica questão. Agora, para a CBF, houve dois campeonatos brasileiros naquele ano, um conquistado pelo Flamengo e o outro pelo Sport. Isso quer dizer que Ricardo Teixeira resolveu mudar o regulamento daquele campeonato depois de 23 anos, uma coisa própria de verdadeiros “politiqueiros”.

Sempre é bom lembrar que em abril de 2010, a CBF bateu o martelo sobre a posse da Taça das Bolinhas, que deveria ser entregue ao São Paulo, oficialmente considerado o primeiro time a ganhar cinco vezes o Brasileiro. Na ocasião, Ricardo Teixeira disse que a decisão era “irrevogável”. Vale lembrar também que dois dias antes daquela declaração, Fábio Koff havia sido reeleito presidente do Clube dos 13 com apoio da Patrícia Amorim, a presidente do Flamengo.

Juvenal Juvêncio, presidente do São Paulo, recebeu oficialmente a Taça das Bolinhas, apesar dos protestos da diretoria rubro-negra. No site oficial tricolor, Juvenal Juvêncio publicou uma carta para dar satisfação a Patrícia Amorim sobre o caso. O presidente foi respeitoso, elogiou Patrícia, mas argumentou que não poderia abrir mão de um troféu "que materializa o símbolo de algumas das mais importantes conquistas desportivas dessa entidade". No dia da entrega da taça, Juvenal comentou que "ia se deliciar" com o troféu.

Mas o Flamengo respondeu com um pedido de busca e apreensão na 50ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio. E Ricardo Teixeira, que sabe que tudo o que vai para a Justiça acaba dando dor de cabeça, resolveu que o Flamengo “é o legítimo campeão de 1987”. E tem mais, porque com o reconhecimento do título brasileiro de 1987 do Flamengo, a CBF traz o clube para o seu lado e Ricardo Teixeira que quer chegar em 2014 como o “todo poderoso” do futebol, deu a grande cartada para ser o dono da festa da segunda Copa do Mundo no Brasil. isto rende muito prestigio e lógico, muita “grana”. Assim sendo, os quatro "grandes" clubes do Rio de Janeiro romperam com o Clube dos 13 e agora são Ricardo Teixeira desde "molequinhos". Mas eu pergunto: os quatro clubes cariocas deixaram o Clube dos 13 para negociar com a televisão, ou por que o Ricardo usou como 'moeda de troca' o título para um clube do Rio?

Mas aqui cabe outra uma pergunta: e agora, será que o Flamengo tem razão em falar que o Ricardo Teixeira pode ir para a cadeia por outras coisas? Como tudo que acontece na política, também no futebol a cautela é importante e pelo visto, o Ricardo “não quis pagar pra ver” e ainda saiu ganhando. É por isso que sempre digo que eles não passam de uma cambada de "pilantras".