DESCULPE, MAS ISSO É
COISA DE VEADO I
Gerson Tavares
A humanidade está em
extinção. É assim que estou vendo o futuro do mundo, quando não mais houver
casamento hetero e assim, a procriação não mais acontecer. Digo isso depois de
assistir uma audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da Câmara que
reuniu "ex-gays" e que foi marcada por declarações polêmicas e ainda
por uma “sugestão inusitada”.
O deputado federal
Sóstenes Cavalcante, que é um dos que estão no PSD do Rio de Janeiro, quando
teve coragem de falar que irá sugerir um projeto de lei para a criação de uma
"bolsa ex-gay", destinada a homossexuais que afirmam terem voltado a
ser heterossexuais. Eu já vi muita coisa na vida, mas desculpem, “ex-veado não
existe”.
Essa sugestão veio
depois do pastor Robson Staines, de 43 anos, que foi convidado para dar seu
testemunho e criticou a proibição do oferecimento de "tratamento"
para a homossexualidade, conhecido como "cura gay", outra piada que
não tem o menor humor. Disse o pastor Robson: "A grande maioria dos
consultórios psicológicos são verdadeiras fábricas de homossexuais".
E mais uma vez o
Feliciano é a causa dessa “palhaçada” toda. Essa audiência foi convocada pelo
deputado Marco Feliciano, do PSC paulista, que é integrante da chamada
"bancada evangélica" que já havia causado racha junto a integrantes
da comissão. Parlamentares ligados ao movimento LGBT, como a deputada Érika
Kokay, do PT do Distrito Federal, alegaram que a audiência era uma forma de
voltar a discutir o projeto de lei da "cura gay".
Kokay e o representante
do PSOL carioca, deputado Jean Willys, que também é ligado ao movimento LGBT e
“gay assumido” e que não tem o menor interesse na “bolsa”, não participaram da
audiência, que contou com a presença quase majoritária de parlamentares que
pertencem à bancada evangélica. Cinco militantes LGBT participaram do evento e
empunharam bandeiras com as cores do arco-íris, símbolo da causa.
A proposta da "cura
gay" foi apresentada pelo deputado federal João Campos, do PSDB goiano, e
previa que psicólogos pudessem oferecer tratamentos a pacientes homossexuais.
Campos é o atual presidente da Frente Parlamentar Evangélica do Congresso.
Não podemos esquecer que
em 1999, uma resolução do Conselho Nacional de Psicologia proibiu a terapia
para a "cura gay". Agora, quando estamos exatamente dois anos após a
retirada do projeto por Campos, voltou a baila aquilo que aconteceu em julho de 2013, em meio à
repercussão do caso.
Agora, mesmo evitando o
termo "cura gay", parlamentares da bancada evangélica, já defendem
que homossexuais possam procurar tratamento terapêutico para deixar de ser
gays.
Feliciano negou que a
audiência fosse uma tentativa de "ressuscitar" o projeto da
"cura gay", mas defendeu que gays possam procurar auxílio técnico
para se "reorientarem". E falou: "Se (a homossexualidade) é uma
orientação sexual, essa orientação pode sofrer uma reorientação ou uma
desorientação (...) essas pessoas (ex-gays) pediram apenas o direito de
existir, o direito de serem assistidos". E ainda segundo Feliciano, o
intuito da audiência era expor o preconceito ao qual ex-gays são submetidos.
Já o deputado Ezequiel
Teixeira, do SD-RJ, foi mais direto e questionou a resolução do Conselho
Federal de Psicologia que impede profissionais de oferecerem terapias para
"tratar" a homossexualidade. "Quem é que fez essa decisão? Quem
compõe essa comissão? Isso não é democracia".
E foi assim que entre relatos feitos durante a audiência
pública, um dos que mais chamou atenção caiu como uma "bomba atômica"
quando apareceu gente dizendo que “entrou no armário”. O pastor Robson Staines, colocou no poste o seu nome e sobrenome ao falar que ele teria se
"transformado" em homossexual após ter sido estuprado quando criança.
E falou: "Eu achava que eu era sujo pra me envolver com meninas. Esse
homem me viciou. Na verdade, eu nunca fui gay. Eu nasci hetero, mas a vida me
levou para esse caminho".
Ele criticou a atuação
dos psicólogos que, segundo ele, o orientaram "sair do armário". E
falou forte: "Quando você vai ao psicólogo, você fica aterrorizado. Eles dizem
'Não... você tem que sair do armário'".
Outro depoimento que
chamou atenção foi o do pastor Joide Pinto Miranda. O pastor disse que
"virou" homossexual por conta da ausência paterna e que chegou
a colocar até 4,5 litros de silicone no quadril e atuar como travesti.
O pastor Joide afirmou que
conseguiu apoio para deixar de ser homossexual na igreja e hoje é casado e pai
de um filho. Ele exibiu um banner em que, de um lado, havia uma foto dele como travesti, usando um biquíni e, no outro, uma foto do pastor ao lado de sua
família. Mas será que ele fez esse “banner” para dizer que hoje é feliz ou por
saudades do seu passado de “traveco”?
E muitas coisas mais
foram expostas para reforçar a relação das “bolsas”. Já tem gente lá na Câmara
pensando em um projeto para a “Bolsa Filho Gay” que será paga ao filho daquele
ex-gay e que resolveu "abrir e sair glorioso do armário”.
Mas como esse assunto é
interminável, amanhã estarei de volta ao assunto.
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