segunda-feira, 6 de julho de 2015

DESCULPE, MAS ISSO É
COISA DE VEADO I

Gerson Tavares
 


A humanidade está em extinção. É assim que estou vendo o futuro do mundo, quando não mais houver casamento hetero e assim, a procriação não mais acontecer. Digo isso depois de assistir uma audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da Câmara que reuniu "ex-gays" e que foi marcada por declarações polêmicas e ainda por uma “sugestão inusitada”.
O deputado federal Sóstenes Cavalcante, que é um dos que estão no PSD do Rio de Janeiro, quando teve coragem de falar que irá sugerir um projeto de lei para a criação de uma "bolsa ex-gay", destinada a homossexuais que afirmam terem voltado a ser heterossexuais. Eu já vi muita coisa na vida, mas desculpem, “ex-veado não existe”.
Essa sugestão veio depois do pastor Robson Staines, de 43 anos, que foi convidado para dar seu testemunho e criticou a proibição do oferecimento de "tratamento" para a homossexualidade, conhecido como "cura gay", outra piada que não tem o menor humor. Disse o pastor Robson: "A grande maioria dos consultórios psicológicos são verdadeiras fábricas de homossexuais".
E mais uma vez o Feliciano é a causa dessa “palhaçada” toda. Essa audiência foi convocada pelo deputado Marco Feliciano, do PSC paulista, que é integrante da chamada "bancada evangélica" que já havia causado racha junto a integrantes da comissão. Parlamentares ligados ao movimento LGBT, como a deputada Érika Kokay, do PT do Distrito Federal, alegaram que a audiência era uma forma de voltar a discutir o projeto de lei da "cura gay".
Kokay e o representante do PSOL carioca, deputado Jean Willys, que também é ligado ao movimento LGBT e “gay assumido” e que não tem o menor interesse na “bolsa”, não participaram da audiência, que contou com a presença quase majoritária de parlamentares que pertencem à bancada evangélica. Cinco militantes LGBT participaram do evento e empunharam bandeiras com as cores do arco-íris, símbolo da causa.
A proposta da "cura gay" foi apresentada pelo deputado federal João Campos, do PSDB goiano, e previa que psicólogos pudessem oferecer tratamentos a pacientes homossexuais. Campos é o atual presidente da Frente Parlamentar Evangélica do Congresso.
Não podemos esquecer que em 1999, uma resolução do Conselho Nacional de Psicologia proibiu a terapia para a "cura gay". Agora, quando estamos exatamente dois anos após a retirada do projeto por Campos, voltou a baila aquilo que aconteceu em julho de 2013, em meio à repercussão do caso.
Agora, mesmo evitando o termo "cura gay", parlamentares da bancada evangélica, já defendem que homossexuais possam procurar tratamento terapêutico para deixar de ser gays.
Feliciano negou que a audiência fosse uma tentativa de "ressuscitar" o projeto da "cura gay", mas defendeu que gays possam procurar auxílio técnico para se "reorientarem". E falou: "Se (a homossexualidade) é uma orientação sexual, essa orientação pode sofrer uma reorientação ou uma desorientação (...) essas pessoas (ex-gays) pediram apenas o direito de existir, o direito de serem assistidos". E ainda segundo Feliciano, o intuito da audiência era expor o preconceito ao qual ex-gays são submetidos.
Já o deputado Ezequiel Teixeira, do SD-RJ, foi mais direto e questionou a resolução do Conselho Federal de Psicologia que impede profissionais de oferecerem terapias para "tratar" a homossexualidade. "Quem é que fez essa decisão? Quem compõe essa comissão? Isso não é democracia".

E foi assim que entre relatos feitos durante a audiência pública, um dos que mais chamou atenção caiu como uma "bomba atômica" quando apareceu gente dizendo que “entrou no armário”. O pastor Robson Staines, colocou no poste o seu nome e sobrenome ao falar que ele teria se "transformado" em homossexual após ter sido estuprado quando criança. E falou: "Eu achava que eu era sujo pra me envolver com meninas. Esse homem me viciou. Na verdade, eu nunca fui gay. Eu nasci hetero, mas a vida me levou para esse caminho".

 

Ele criticou a atuação dos psicólogos que, segundo ele, o orientaram "sair do armário". E falou forte: "Quando você vai ao psicólogo, você fica aterrorizado. Eles dizem 'Não... você tem que sair do armário'".
Outro depoimento que chamou atenção foi o do pastor Joide Pinto Miranda. O pastor disse que "virou" homossexual por  conta da ausência paterna e que chegou a colocar até 4,5 litros de silicone no quadril e atuar como travesti.
O pastor Joide afirmou que conseguiu apoio para deixar de ser homossexual na igreja e hoje é casado e pai de um filho. Ele exibiu um banner em que, de um lado, havia uma foto dele como travesti, usando um biquíni e, no outro, uma foto do pastor ao lado de sua família. Mas será que ele fez esse “banner” para dizer que hoje é feliz ou por saudades do seu passado de “traveco”?
E muitas coisas mais foram expostas para reforçar a relação das “bolsas”. Já tem gente lá na Câmara pensando em um projeto para a “Bolsa Filho Gay” que será paga ao filho daquele ex-gay e que resolveu "abrir e sair glorioso do armário”.
Mas como esse assunto é interminável, amanhã estarei de volta ao assunto.

Nenhum comentário: