quarta-feira, 19 de março de 2014

A “Vergonha Nacional” não para no Senado.



SENADORES PEDEM REEMBOLSO

DE ATÉ R$ 70 MIL POR

TRATAMENTOS DENTÁRIOS








Já que estamos falando dos bandidos do Senado, vamos continuar no assunto “saúde”, uma coisa que o povo não tem direito. E assim como a parte medica é bancada exclusivamente pelo contribuinte, o que quer dizer, a custo zero para os senadores, ex-senadores e seus dependentes, o plano de saúde do Senado paga despesas também que incluem implantação de próteses dentárias com ouro e até sessões de fonoaudiologia para melhorar a oratória e driblar a timidez. Temos casos de alguns senadores que chegam a gastar até R$ 70 mil por tratamento dentário.

Ainda sobre o assunto, consultei documentos obtidos pelo jornal “O Estado de São Paulo” que mostram que, nos últimos cinco anos, a Casa autorizou tratamentos milionários, principalmente odontológicos. Todos podem dizer que não é nada de mais, mas uma coisa mostra a aberração. Tudo que é feito por eles é sem perícia física dos pacientes e muito menos com definição de limites de cobertura. Basta dizer que os gastos com os dentes dos senadores e outros tratamentos médicos, como sessões de psicoterapia e fonoaudiologia, atingiram média de R$ 6,2 milhões anuais entre 2008 e 2012, sendo que 62% desses valores dizem respeito unicamente ao reembolso de notas fiscais e recibos. A equipe do “O Estado” obteve também as despesas efetuadas em 2013, mas que ainda não foram consolidadas pelo Senado. Claro que a estimativa é que a média de gasto tenha se mantido inalterada.

E como o plano de saúde do Senado é vitalício, ele banca despesas de senadores, ex-senadores e dependentes como filhos, enteados e cônjuges. Para usufruí-lo, o parlamentar não precisa fazer nenhuma contribuição e basta que tenha exercido o cargo por 180 dias ininterruptos. Mas se pensam que tudo acaba com a morte, ledo engano, pois após a morte do titular, o cônjuge continua usando a carteirinha “numa boa”. E como não há uma lista detalhada de procedimentos cobertos, os beneficiários se sentem à vontade para incluir em seus gastos todo tipo de serviço especializado.

E como respeito não é o forte dos políticos brasileiros, o plano de saúde do Senado estabelece um limite anual de R$ 25,9 mil para gastos odontológicos. Só que os documentos obtidos pelo “O Estado” apontam que a Casa tem pago valores que extrapolam de longe esses limites. E como sempre eles encontram um “jeitinho” para dar golpes, eles usam ignorar as normas invadindo a cota não utilizada de outros anos. Coisa de “bandido”, mas que para eles não passa de “esperteza”.

E para terminar vamos falar daquilo que é uma das despesas mais comuns, nas notas apresentadas. É a de materiais sofisticados usados em próteses, dificilmente cobertos pelos planos de saúde do mercado, mas que dão o melhor resultado estético. Eles precisam se mostrar bem aos eleitores. Exemplos não nos faltam para mostrar que todos são da mesma panela. É só ver a lista: Para o presidente nacional do DEM, José Agripino Maia, a Casa creditou R$ 51 mil em 2009, referentes a 22 coroas de porcelana aluminizada, produto mais caro e que confere aparência melhor. "Essa é uma opção mais estética, porque troca uma infraestrutura metálica pela de porcelana aluminizada", falou ocirurgião-dentista Rogério Adib Kairalla, do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo. Já o “corrupto” afirma que o tratamento foi "estrutural" e custou mais que o reembolsado pelo Senado, o que o obrigou a pagar a diferença. "Foi mais que implante. Tive de recompor toda a base dos dentes, por causa da barbeiragem de um dentista. Ia jantar e caía". E o pior é que o “filho de uma égua’ não cai nunca.

Já o ex-senador Adelmir Santana, este do PSB/DF, pôs próteses de porcelana, com infraestrutura em zircônia, o que custou ao contribuinte R$ 22,5 mil. "Na parte de prótese, é a técnica mais requintada. Acaba custando mais", afirmou Kairalla.

Já o senador licenciado e ministro da Pesca, Marcelo Crivella, do PRB/RJ, um braço da IURD, uma "igreja" feita pelo seu tio Edir Macedo, apresentou em 2010 notas que somam R$ 42 mil. No ano anterior, o Senado ressarciu despesas de R$ 23 mil para tratamento dentário com um toque de requinte: a reabilitação da boca na parte direita superior foi feita com coroas de cerâmica e pinos em ouro odontológico. No mercado, segundo especialistas ouvidos pelo “O Estado”, esse ouro custa mais que o metal na sua versão convencional, nas joalherias, e dificilmente é coberto pelos planos odontológicos.

E o Pedro Simon, do PMDB/RS, não poderia ficar fora da lista. Ele conseguiu ressarcimento de implantes dentários que totalizam R$ 62,7 mil em 2012. "Fiz para aquele ano e com pedaço (da cota) do ano seguinte, em duas parcelas", explica o senador gaúcho. Que mostra assim que eles invadem cotas futuras, sem pensar que por sorte do povo, eles podem morrer. Mais ele vai alem: "Digo mais: foi feito a esse preço porque chorei, chorei e foi um preço bem menor. O valor inicial era coisa de R$ 80 mil a R$ 85 mil". Ladrão “cara de pau”.

Mas quando é para defender o povo, tudo é muito lento. Tanto é que em ação civil pública em tramitação na Justiça Federal, o Ministério Público, ao analisar os gastos efetuados até 2010, considerou que os "desembolsos envolvem valores exorbitantes, que fogem a qualquer padrão". E daí? Atitude que é bom, isso nem pensar.

Outros tantos “safardanas” estão na lista e então só vou dar só mais dois nomes e partidos e gastos: senador Wilder Morais, do DEM/GO, suplente que assumiu a vaga de Demóstenes Torres. Este é um parlamentar de primeira viagem e dono de uma fortuna de R$ 14,4 milhões, mas que conseguiu em 2013 o retorno de R$ 1 mil referente a sessões de fonoaudiologia. A ex-senadora Ana Júlia Carepa, do PT, aproveitou o plano, entre 2007 e 2011, e fez vários implantes.


Tudo “bandido de carteirinha”.

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