O Ministério Público sempre teve razão

Gerson Tavares

O Ministério Público sempre colocou como certa a participação de José Dirceu como o “grande chefe” da “quadrilha do mensalão”. Dirceu sempre negou e eu até estou com ele já que eu considero como o “chefão” o Lula, aquele que na época era o presidente da República e o Zé Dirceu só fazia aquilo que era mandado fazer. Podia até dar opiniões, mas a palavra final sempre foi do Luiz Inácio.

Mas como a imagem de Lula precisava ser preservada, tudo ficou acertado com os membros da "quadrilha" para que o Zé assumisse o crime. Ele assumiu, mas sempre dizendo que não foi ele, e seguia o seu papel no acerto. Convencido de que aquele escândalo iria passar como os outros passaram, ele ficou uns tempos recolhido em seu casulo e vendo o tempo passar parecia mesmo que nada mais iria acontecer e então resolveu voltar à cena e começou a dar “pitaco” em tudo que era do PT e do governo.

E eis que aparece alguém e resolve dar força para que o Supremo Tribunal Federal levasse para frente aquele julgamento. Houve um alerta geral, não só dentro do partido, mas também do governo, para dar “um basta” naquela estória, mas eis que o relator não é de brincadeira e então o ministro Joaquim Barbosa agitou aquela, até então tranquila, “quadrilha do mensalão”.

Foi então que chegou há hora daquele que sabe ser o grande responsável para “lambança” resolver o problema. Assim sendo, Lula deu início a uma tentativa de negociar com o pessoal do STF. O "cara", aproveitando cada coisa e cada momento, sempre esteve pronto para fazer troca-troca com quem pudesse de alguma maneira “melar” o julgamento.

E foi assim que ele chegou até ao ministro Gilmar Mendes, que teve o seu nome citado na CPI do “Carlinhos Cachoeira”, e sem mais aquela já foi fazendo a proposta indecente: “Quebra o meu galho lá no STF que eu não deixo acontecer nada por aqui pela CPI que eu tenho sob meu comando”. Foi mais ou menos assim que ele quis falar quando propôs ao ministro para que ele desse um jeito de conseguir atrasar ao máximo o início do julgamento.

Só que nem todos estão aceitando “sugesta de vagabundo” e assim Gilmar Mendes botou a “boca no trombone” e falou sobre a “troca de favores” que o Lula havia proposto.

Mas Lula sabia que poderia contar com alguns e entre esses estava o Ricardo Lewandowski. Só que não bastavam aqueles “negociadores” porque a maioria se manteve firme na confirmação daquilo que o MP deixou claro. Consideraram Dirceu culpado e assim com o Supremo confirmando o que o Ministério Público apontava, só restava mesmo ao ex-tudo continuar a negar. 

Então ficou acertado que o mensalão foi gerenciado pelo então ministro entre "as quatro paredes da Casa Civil". As investigações e os votos dos ministros do Supremo mostram que Dirceu atuava nas duas pontas do esquema, negociando empréstimos bancários fraudados para ocultar desvios de recursos públicos e fomentar o caixa do mensalão e, ao mesmo tempo, fechando os acordos políticos com a promessa de saques milionários.

Claro que a condenação de Dirceu levou na esteira José Genoino e Delúbio Soares, pela ordem presidente e tesoureiro do PT na época. E para melhorar, esses três réus serão julgados ainda no último capítulo da denúncia, com outros acusados, por formação de quadrilha e Dirceu está lá, como o chefe, segundo o Ministério Público.

E como falei ontem, na Casa Civil, o ex-ministro e atual “bandido”, foi substituído por Dilma Rousseff, a mesma que mais tarde ganhou de Lula uma Presidência da República. E foi assim que Dilma acabou iniciando o segundo ciclo petista no poder e que agora, pretende e precisa manter distante do escândalo mais grave que já envolveu o PT e o Brasil.

Por tudo isso mais uma vez eu volto a repetir: "Pobre Brasil, pobre povo brasileiro".