Chega
de eleição e vamos ao que interessa
Gerson Tavares
Realmente eleição nem pensar. Fui votar e por tudo
que vi e ouvi na campanha cheguei à conclusão que o melhor candidato de todos
foi exatamente aquele que escolhi para votar. Votei tanto para prefeito como
para vereador no famoso “Nulo de Souza”. E também só votei nele porque era “de
Souza”, porque se fosse “da Silva” não votaria mesmo. E se ele fosse da família do Luiz Inácio? Mas o mais me impressionou na hora de votar é que nenhum dos mesários pediu minha identidade e só depois que eu exigi que eles cumprissem a lei, eles olharam meu documento. Outro detalhe é aconteceu foi o fato que eu estava com dois celulares e eles não peguntaram se eu portava o aparelho. Infelizmente esqueci que estava com os celulares, senão seria a segunda bronca do dia.
E assim a eleição aconteceu, não sei ainda o resultado final
de toda aquela balburdia, mas posso garantir que não vai agradar a uma grande
maioria.
Mas vamos ao assunto de hoje que, este sim, é coisa séria. Então vamos falar
do julgamento dos “mensaleiros”. E nada melhor para começar pelo relator do
processo que, como cidadão de bem, condenou na quarta-feira da semana passada
oito réus por corrupção ativa. Mas o que mais chamou a atenção de todos foi a
sua afirmação de que o ex-ministro da Casa Civil, o José Dirceu, foi mandante
dos pagamentos indevidos para comprar o apoio de parlamentares. Tudo bem que eu
penso um pouco mais além e digo que o verdadeiro mandante foi o Luiz Inácio da
Silva e o José Dirceu era só o “laranja” do presidente, mas como o Lula não está
arrolado no processo, que o Dirceu pague pelo crime dos dois.
Quando o relator Joaquim Barbosa começou a ler o voto sobre os dez réus
acusados de corrupção ativa, no caso da compra de votos de parlamentares para
dar apoio ao então governo Lula no Congresso e seguindo o que argumentou a
acusação do Ministério Público, primeiro explicou o papel dos réus no esquema: colocou
o então ministro da Casa Civil, José Dirceu, como o chefe do suposto esquema de
corrupção e o ex-tesoureiro do PT, o Delúbio Soares, como “a chave de
ligação” entre Dirceu e os operadores do esquema. Ficou como o encarregado de negociar os
valores da propina com os parlamentares e de assinar os empréstimos junto aos
bancos, Rural e BMG, o então presidente do PT, José Genoino. E assim, Joaquim
chegou aos distribuidores da grana, que foram além de Marcos Valério, todo o
seu grupo financeiro.
Em destaque o relator colocou todas as reuniões de José
Dirceu com as diretorias dos bancos, Rural e BMG, as duas casas bancarias que
estavam envolvidas nos empréstimos fraudulentos do esquema. Foram todas as
reuniões ocorridas entre 2003 e 2004, datas essas bem próximas aos empréstimos
e aos pagamentos a parlamentares.
E colocou muito bem o Joaquim quando falou que "o
problema não é o ministro receber a diretoria de instituições financeiras, mas
sim o contexto em que essas reuniões se deram". Disse mais ou menos
Joaquim que “não basta parecer honesto, tem que ser honesto”.
E foi assim que o relator, disse haver provas de que
Dirceu não só sabia dos empréstimos, como foi o líder da prática criminosa. E
deixou bem clara a sua posição: “Considero que o conjunto probatório
contextualizado coloca o então ministro-chefe da Casa Civil em posição central,
posição de organização e liderança da prática criminosa, como mandante das
promessas de pagamentos de vantagens indevidas aos parlamentares que viessem a
apoiar votação de seu interesse”.
E Joaquim Barbosa usou a maior parte do tempo para
descrever a participação do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, no esquema.
Falou sobre uma viagem de Marcos Valério a Portugal para se reunir com
executivos do banco Espírito Santo. Falou sobre favores que Valério e os então
dirigentes do Banco Rural teriam prestado à ex-mulher de Dirceu.
Segundo
Joaquim Babosa, há provas suficientes para comprovar que o ex-ministro
comandava o esquema. E mais uma vez abrindo aspas, aqui está uma fala de
Joaquim que deixa passar toda a “cachorrada” que acontecia até mesmo naquela
sala ao lado do gabinete presidencial: “Dirceu atuava em reuniões fechadas, em
jantares, encontros secretos, executando os atos de comando de direção e
controle e garantia do sucesso do esquema criminoso, executado mediante divisão
de tarefas em que as funções de cada réu encontravam nítida definição”.
Foi então que Joaquim passou a descrever a participação
dos outros acusados. Falou que existem provas de que José Genoino praticou
crime de corrupção ativa, que ele participava das reuniões para o acordo de
repasse de dinheiro aos parlamentares.
Falou que o acordo criminoso é traduzido principalmente
pelo conluio estabelecido entre os réus e os parlamentares corrompidos. E falou
que Genoino foi parte importante com a sua participação. E para fechar o
circulo vicioso dos crimes, ficava com Delúbio Soares e Marcos Valério a
execução da promessa de pagamento das vantagens indevidas. Mas deixou claro que
Delúbio Soares e Marcos Valério, eram diretamente subordinados a Dirceu.
E foi assim que o relator Joaquim Barbosa condenou, por
corrupção ativa, os réus José Dirceu, Delúbio Soares, José Genoino, Marcos
Valério, Cristiano Paz, Ramon Hollerbach,
Rogério Tolentino e Simone Vasconcelos. Ele absolveu Geiza Dias e Anderson
Adauto, por falta de provas da participação dele no esquema.
Amanhã volto ao assunto, mas com o outro lado da moeda. Aliás, por falar em moeda, quanto estará valendo esse julgamento?
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