terça-feira, 23 de outubro de 2012


Depois do kit Haddad, vem o kit Serra

Gerson Tavares
 




Depois que o Serra lembrou o kit gay que o MEC de Fernando Haddad chegou a começar a distribuir nas escolas de ensino fundamental e que a Dilma mandou recolher e dar sumiço naquele material de ensino sexual às avessas, chegou a hora do Haddad agora virar suas baterias para cima dos tucanos.

Isso porque assim como aquele “kit gay" que foi produzido pelo Ministério da Educação na gestão de Fernando Haddad e que foram lembrados por José Serra, existe um "kit" correspondente que foi feito pelo governo do Estado de São Paulo no mandato de José Serra. E pelo que dizem as más línguas, os dois kits estão causando constrangimento para os dois candidatos à prefeitura paulistana.

Claro que as bancadas evangélica e católica no Congresso estão soltando a língua. Depois de conhecer o conteúdo de um dos cinco vídeos que integravam o pacote preparado pelo MEC em 2011, foram eles os causadores do veto da presidente Dilma Rousseff. Nesse vídeo é mostrado o personagem de um adolescente que se interessa por garotos e garotas. Nos instantes finais do vídeo, o narrador diz: "gostando dos dois, a probabilidade de ele encontrar alguém por quem sentisse atração era quase 50% maior. Existem duas vezes mais chances de encontrar alguém".

Como qualquer cidadão, Serra também viu neste vídeo uma apologia à bissexualidade e falou em "doutrinação".

Mas o problema para Serra é que dois dos vídeos que compunham o material do MEC também estavam incluídos no kit distribuído em 2009 pelo governo paulista e que dedicava um capítulo à discussão da diversidade sexual e da homofobia em escolas, Já outros se debruçavam sobre bullying, violência urbana e drogas.

E para azar de Serra, além do material audiovisual, o conjunto montado em sua gestão inclui uma cartilha. Em um dos trechos do texto dessa cartilha, está lá escrito que "não se cura a homossexualidade em consultórios psiquiátricos ou cultos religiosos".

E isso está preocupando a equipe petista, porque mesmo assim a candidatura tucana tem o apoio de líderes evangélicos cuja pregação inclui a suposta "libertação" do homossexualismo via religião.

Foi aí que entrou a posição da professora de psicologia da educação da PUC-SP Ana Mercês Bock. Para ela, os vídeos recomendados para uso em sala de aula não têm "grosseria ou exagero". "Não dá para dizer que há incentivo à bissexualidade, até porque (a orientação sexual) não é algo que se resolva de repente".

Depois desse trololó todo José Serra resolveu abandonar a discussão pública sobre o "kit gay". Serra na quarta-feira, disse que nada iria responder sobre o assunto e a sua equipe chegou à conclusão que este debate não beneficia o tucano e que o tema contaminou a disputa eleitoral.

Mas bem que poderiam os dois candidatos chegar também à conclusão que não deveriam ter alimentado o assunto nas salas de ensino fundamental.

Chega de incentivo.

Um comentário:

Nabor Fukz disse...

Um simples kit gay está fazendo tanto estrago na campanha do Serra, mas é só uma questão de aproveitar a oportunidade. O Haddad já está ganhando voto de evangélicos ao colocar o Serra no rol dos contra gay e agora ainda os gays estão com Haddad e nem se quer apertam a rosca.
São Paulo