quinta-feira, 15 de dezembro de 2011



Piada da Hora




Dizem que esta estória aconteceu em Minas Gerais, mais precisamente na cidade de Ubá, cidade onde nasceu o genial compositor Ary Barroso.
Na cidade havia um senhor, cujo apelido era Cabeçudo. Nascera com uma cabeça grande, dessas cuja boina dá pra botar dentro, fácil, fácil, uma dúzia de laranjas.
Mas fora isso, era um cara pacato, bonachão e paciente. Não gostava, é claro, de ser chamado de Cabeçudo, mas desde os tempos do grupo escolar, tinha um chato que não perdoava. Onde quer que o encontrasse lhe dava um tapa na cabeça e perguntava: - 'Tudo bom Cabeçudo'?
O Cabeçudo, já com seus quarenta e poucos anos, e o cara sempre zombando dele.
Um dia, depois do milésimo tapa na sua cabeça, o Cabeçudo meteu a faca no zombeteiro e matou-o na hora. A família da vítima era rica e a do Cabeçudo era pobre “de marre de si”.
Não houve jeito de encontrar um advogado pra defendê-lo, pois o crime tinha muitas testemunhas. Depois de apelarem pra advogados de Minas e do Rio, sem sucesso algum, resolveram procurar um tal de 'Zé Caneado', advogado que há muito tempo deixara a profissão, pois, como o próprio apelido indicava, vivia sempre de porre.

Pois não é que o 'Zé Caneado' aceitou o caso? Passou a semana anterior ao julgamento sem botar uma gota de cachaça na boca! Na hora de defender o Cabeçudo, ele começou a sua defesa assim: - Meritíssimo juiz, honrado promotor, dignos membros do júri.
Quando todo mundo pensou que ele ia continuar a defesa, ele repetiu: - Meritíssimo juiz, honrado promotor, dignos membros do júri.
Repetiu a frase mais uma vez e foi advertido pelo juiz: - Peço ao senhor advogado que, por favor, inicie a defesa.
Zé Caneado, porém, fingiu que não ouviu e: - Meritíssimo juiz, honrado promotor, dignos membros do júri.
E o promotor: - A defesa está tentando ridicularizar esta corte!
O juiz: - Advirto ao senhor advogado de defesa que, se não apresentar imediatamente os seus argumentos...

E foi cortado por Zé Caneado, que repetiu: - Meritíssimo juiz, honrado promotor, dignos membros do júri.
O juiz não aguentou: - Seu moleque safado, seu bêbado irresponsável, está pensando que a justiça é motivo de zombaria? Ponha-se daqui pra fora, antes que eu mande prendê-lo.

Foi então que o Zé Caneado disse: - Senhoras e Senhores jurados, esta Corte chegou ao ponto em que eu queria chegar... Vejam que, se apenas por repetir algumas vezes que o juiz é meritíssimo, que o promotor é honrado e que os membros do júri são dignos, todos perdem a paciência, consideram-se ofendidos e me ameaçam de prisão... Pensem então na situação deste pobre homem, que durante quarenta anos, todos os dias da sua vida, com um tapa na cabeça foi chamado de Cabeçudo!

Pois o Cabeçudo foi absolvido e o Zé voltou a tomar suas cachaças em paz.

E foi daí que cegaram a conclusão, pelo menos lá em Ubá, que “mais vale um 'Bêbado Inteligente' do que um 'Alcoólatra Anônimo’!”

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