terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Natal ”gordo” para juízes




Gerson Tavares


O Natal é uma data de paz, de harmonia e muita solidariedade. E foi pensando nessa solidariedade que um desembargador, que estava de plantão, trabalhando no recesso da Justiça, resolveu fazer um bem para quem precisava muito.

Depois de uma verdadeira caça da Polícia aos “bandidos” que exploram não só o “jogo do bicho”, mas também outras coisas bem mais perigosas, o desembargador Sidney Rosa da Silva achou por bem dar um parecer favorável ao pedido de habeas corpus impetrado pelos advogados de defesa do “Helinho da Grande Rio”, um dos chefões da quadrilha que está mandando no Rio.

Até aí tudo bem, pois o desembargador não viu nada de errado nos “negócios” do “Helinho”, mesmo depois que a polícia encontrou na mansão do tio do “bicheiro”, na Barra da Tijuca, R$ 3,9 milhões que estavam escondidos dentro de parede, no vaso sanitário e pelo esgoto no quintal. Lógico que, até pelo modo como era guardado esse dinheiro, dá para notar que esse é um “dinheiro sujo”.

O "Helinho", que é presidente da Escola de Samba “Grande Rio”, estava foragido assim como também estão Anízio Abraão David, “presidente de honra” da Escola de Samba “Beija Flor” e Luizinho Drummond, também “presidente de honra”, mas da escola de Samba “Imperatriz Leopoldinense”. Quando eles viram que o Mario Tricano já estava guardado, trataram de “dar no pé”.

Mas de uma hora para outra, o “Helinho” já está por aí dando as cartas. O Sidney Rosa não vê razão para que ele esteja preso e então “liberou geral”. Mas o "Helinho" ao fugir, deixou para trás um monte de documentos que poderiam incriminá-lo. E mesmo ele foragido, grande parte desses documentos foram destruídos por seus advogados e seus comandados em uma noite. Agora, com o "Helinho" de corpo presente, não haverá mais prova alguma que fique “dando sopa” para a polícia e para a Justiça.

Mas a força do dinheiro é uma das coisas que move qualquer máquina. Quando a corregedora nacional de Justiça, Eliana Calmon, falou dos “bandidos de toga”, um grande número de juízes e desembargadores saiu em defesa do corporativismo e eu até achei que a Calmon poderia estar extrapolando, mas agora, depois dessa tomada de posição do desembargador Sidney Rosa, ai já fiquei com a pulga atrás da orelha. Sim, porque quem tem quase 4 milhões guardados em casa, até no vaso sanitário, sinaliza que tem muito mais para comprar habeas corpus.

Mas mesmo assim eu ainda estava com algumas dúvidas em relação a essa mixórdia toda, quando mais um membro da Escola de Samba “Grande Rio”, desta vez um filho do Jader Soares, que é presidente de hora da agremiação, o Yuri Reis Soares, que também estava foragido, assim, como num passe de mágica, conseguiu sua “carta de alforria”. Se o “Helinho” encontrou o Sidney Rosa, o Yuri encontrou o desembargador Roberto Távora, do plantão da 5ª Câmara Criminal, como sua “Princesa Izabel”.

Agora só falta a alforria do Aniz e do Luizinho, mas, pelo que dá para notar, é coisa só de acerto financeiro.

Quer saber? “Eliana Calmon sabe das coisas”.

Um comentário:

Pedro Luz disse...

Agora mesmo é que dá para ver como o Natal dos desembargadores foi gordo. Anizio, da Beija Flor, e Luizinho da Imperatriz, também tiveram seus hebeas corpus e estão livre para continuar com seus crimes.
Esta é a Justiça brasileira. Os desembargadores e juizes não podem ser investigados e os bandidos que a polícia tanto procura são liberados por qualquer juiz de plantão.
Niterói