STF ESTÁ SÓ DE OLHO
Gerson Tavares
Não sei até onde a ministra
Cármen Lúcia, vice presidente eleita do Supremo Tribunal Federal, tem razão
para fazer este alerta sobre a ameaça da insatisfação popular ante a descrença
no Estado. Ao abordar a “avalanche de processos” nos tribunais ela falou, lembrando
o passado: “Muitas vezes, especialmente na parte administrativa, eu acho que
estou maquiando cadáver. Esse Estado brasileiro, como está estruturado e como a
Constituição previu há 25 anos, não atende mais a sociedade. O que era
esperança, na década de 1980, pode se transformar em frustração. A tendência de
uma frustração, o risco social é se transformar em fúria. E, quando a fúria
ganha às ruas, nenhuma ideia de Justiça prevalece”.
Cármen Lúcia participou
de um debate sobre foro privilegiado, promovido pela Associação dos Advogados
de São Paulo (AASP), ao lado do ex-presidente do STF, Antonio Cezar Peluso, e
do criminalista Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, que defendeu o foro especial,
este condenou com veemência. Mas na verdade a Cármen só esqueceu que a “fúria”
do povo acabou com a armação dos governantes que colocaram os baderneiros para
afastar o cidadão de bem.
Mas Carmen foi além: “Privilégios
existem na monarquia e não na República. O Supremo é tribunal, não é corte. E o
que não é explicável significa que tem na sua base uma concepção que está
socialmente errada. Eu não vejo como se garantir materialmente o princípio da
igualdade, preservando os que são sim privilegiados”.
E assim Cármen Lúcia
advertiu: “Basta ver que as Constituições estaduais fizeram mais. Procurador
geral do Estado amigo do governador deu um jeitinho de ser incluído também no
rol daqueles que somente seriam julgados pelo Tribunal de Justiça. Então, não
vejo como se afirmar que o princípio da igualdade esteja sendo rigorosamente
cumprido”.
Com essas palavras ela
mostra que não temos “cidadãos” para salvar o Brasil.
Pobre povo brasileiro!
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