MALUF ESTÁ “QUASE GARANTIDO”
Gerson
Tavares
Claro que um dia vamos ter mais Justiça no Brasil, mas isso talvez para os meus bisnetos, porque até agora só piora a situação. Quando falam que “fulano é ficha suja”, não existe a menor dúvida que lá na frente, numa esfera superior, alguém ira defende-lo e ele irá continuar na política.
E
este é o caso do ministro Gilmar Mendes, integrante do Supremo Tribunal Federal
(STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que acusou seus colegas da corte
eleitoral de não terem preparo para enfrentar pressões. Claro que ele não citou
nomes e o comentário foi genérico, quando ele defendeu a mudança na composição
do tribunal.
Tudo
para que ele se colocasse à vontade para criticar a decisão tomada pela maioria
dos integrantes do TSE, que barrou a candidatura do deputado Paulo Maluf, do PP
de São Paulo, à reeleição.
Disse
ele que “nós precisamos melhorar muito, porque corremos o risco de uma
desmoralização. Eu tenho falado com o ministro Toffoli (Dias Toffoli, que é
presidente do TSE), talvez a gente esteja num momento até de discutir a própria
composição da Justiça Eleitoral. Muitas dessas debilidades têm a ver com a
forma de composição da Justiça Eleitoral. Do envolvimento com questões de
interesse e, talvez, da sua falta de preparo para enfrentar pressão. É notório
que nós não estamos vivendo um bom momento”.
No
julgamento, Maluf foi impedido de se candidatar por quatro votos a três. A
maioria dos ministros enquadrou o político na Lei da Ficha Limpa, que impede a
candidatura de condenados por improbidade administrativa. Já três ministros,
entre eles, Gilmar e Toffoli, alertaram para o fato de a lei ser específica
para casos de dolo (intenção) por parte do condenado. A decisão do Tribunal de
Justiça de São Paulo não classificou de doloso o comportamento de Maluf.
Portanto, para esse grupo de ministros, o parlamentar poderia se candidatar.
Então
Gilmar ponderou que, depois dessa, há o risco de decisões diferentes em casos
semelhantes. Isso porque, no julgamento o ministro Henrique Neves estava
impedido de votar e foi substituído por Admar Gonzaga. Em outros processos,
Neves poderá votar e corre o risco de o tribunal sacramentar entendimento
oposto ao dado no caso Maluf.
Depois
dessa, fica provado que em termos de política o Brasil ainda está para se
criar, crescer e muito para ser um país sério. Se o Gilmar cobrasse para que
não fosse só o Maluf, tudo bem, mas ele diz que nem o Maluf deve ser “ficha
suja”.
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