segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Maracanã parado, Copa periga



Gerson Tavares


Sempre achei que muito mais fácil que destruir o Maracanã para fazer outro estádio no lugar, era fazer um novo estádio. Teríamos o Maracanã e mais um que ficaria para o Rio como “legado” da Copa. E o que seria ainda melhor, o Estádio Mario Filho, que é um monumento tombado pelo Patrimônio Histórico, não teria sido mutilado como foi e ainda esta sendo.

Mas fazer uma obra nova rende menos dividendo que fazer uma reforma. E pensando assim, resolveram que o Maracanã ia ser reformado e resolveram tombar literalmente um patrimônio já tombado pelo Iphan.

Um consórcio que recebeu o nome de Maracanã Rio 2014 e que tem a DELTA como uma das empreiteiras, venceu o direito de manusear aquela dinheirama toda, mas os operários não estão muito satisfeitos com o que vem acontecendo. É sempre assim quando a goela do patrão é muito larga e sobram só as migalhas para os empregados e aí veio a greve. Outros ameaços de paralisação já aconteceram, mas sempre levaram os trabalhadores “no bico”.

Agora já estão parados há 16 dias, mas não podemos esquecer que falando em obras para o governo estadual, a DELTA manda e desmanda. E é exatamente ela que está fazendo o Palácio do Faraó ali na área do Castelo, no centro do Rio, e a Justiça terá muito breve o maior conglomerado de Justiça da America Latina.

Isso facilita tudo e então, como a greve é contra a DELTA e suas sócias, o Tribunal Regional de Justiça do Rio de Janeiro resolveu que o primeiro round já está vencido pelo consórcio contra os trabalhadores da obra do estádio e na sexta-feira passada e a greve foi considerada abusiva e eles devem voltar ao trabalho hoje impreterivelmente.

Lógico que ainda cabe recurso contra a decisão e os operários fizeram uma assembleia ainda na sexta-feira no lado externo do Maracanã para decidir se acatavam ou não a determinação do juiz.


As obras foram paralisadas com os trabalhadores reclamando a falta de médicos no turno da madrugada, aumento da cesta básica de R$ 160 para R$ 180, melhora da condição dos alimentos e maior limpeza em refeitórios e vestiários, entre outros aspectos. Coisa boba deve achar empreiteiros e governantes.

Mas essa não é a opinião de cerca de cem pessoas que fizeram uma manifestação durante a audiência e mesmo do lado de fora eles reclamavam e a frase que mais chamou a atenção das pessoas que por ali passavam era: "é muito fácil para os magistrados, que ganham muito bem, decidirem por isso".

A verdade às vezes, dói!

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