A gente não tem cara de panaca

Gerson Tavares

Ontem terminei com a seguinte frase: “quem está preparado para botar a bunda na janela”. E foi então que me lembrei daquilo que um dia o grande e saudoso companheiro Gonzaguinha escreveu e cantou: “A gente não tem cara de panaca, a gente não tem jeito de babaca, a gente não está com a bunda exposta na janela prá passar a mão nela...”

“É”... Este é o nome desta canção que poderia se transformar no hino que os grupos que hoje já se reúnem pelas capitais brasileiras, depois da demonstração de força do dia 7 de setembro, em Brasília, quando 25 mil pessoas conseguiram chamar a atenção do país para um protesto contra a corrupção. Em São Paulo já tivemos uma “Marcha Contra a Corrupção”, quando jovens que literalmente se conheceram na Avenida Paulista e na hora, resolveram sair em passeata e mostraram que estão se mobilizando.

O Rio de Janeiro já se organiza para no próximo dia 20 fazer uma grande manifestação contra a corrupção, o que acontecerá na Cinelândia, o palco das “Diretas Já”, o palco para início da derrubada do Collor e palco de tantas manifestações populares que sempre deram resultado.

Mas a coisa não para por aí e em muitas capitais já existem mobilizações para mostrar ao governo que poucos são os acomodados, poucos são aqueles que por estarem levando vantagem, se fazem de mortos e fingem que tudo está bem.

E eu já vi esse filme antes. Só que na última vez que isso aconteceu, o Brasil tinha como vice-presidente o Itamar Franco, um político sério e que colocou o Brasil nos trilhos.

Foi em dezembro de 1992, Fernando Collor de Mello, por algumas “falcatruas”, quer dizer, “algumas” perto do que anda acontecendo nos dias de hoje, mas que o seu amigo Paulo Cezar Farias, o “PC”, andou fazendo e culminando com o caso de uma simples “Fiat Elba”, na época um “grande escândalo”, e o presidente teve que sair pelas portas dos fundos do Palácio e perdeu o mandato.

Tudo porque o povo foi para as ruas e não deu nenhuma alternativa para o presidente alagoano. Agora, em menos de nove meses de governo, Dilma está fazendo do país uma Babel. E as “redes sociais” estão fazendo com que o povo já comece a se movimentar.

Mas o que preocupa é que na hora em que Dilma tiver que “tirar o time de campo”, quando a vontade popular for uma voz maior, não teremos um Itamar Franco na vice-presidência e quando a Dilma sair pela porta dos fundos do Palácio vai deixar um Michel Temer para assumir o seu lugar.

Não, o Brasil não merecia tanta desgraça de uma só vez.