segunda-feira, 26 de setembro de 2011

A Câmara e seus desmandos



Gerson Tavares


Que deputados e senadores não querem nada com o batente, todos nós sabemos, mas em certos momentos eles extrapolam em seus desmandos. mas eles pensam que enganam a quem?

Na semana passada, para ser mais preciso, na quinta-feira passada, aconteceu uma sessão da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara que vai entrar para os anais da história da República, como a mais rápida.

Foram necessários apenas três minutos para que a CCJ aprovasse 118 projetos. Alguma coisa assustadora e só mesmo estando no livro de ata para acreditar. São necessárias 36 assinaturas para que a CCJ possa votar alguma coisa. Então 36 “safardanas” passaram pelo plenário, assinaram a presença e se mandaram, já que quinta-feira é dia de matar sessão.

Então ficou para presidir a sessão o terceiro vice-presidente, deputado Cezar Colnago, do PSDB do Espírito Santo, e aqui vale uma pergunta: “você já ouviu falar esse nome?”. Pois é, eu também não, mas ele presidiu a sessão e como não tinha ninguém plenário, ele mandou que procurassem alguém na Casa e encontraram o deputado Luiz Couto, do PT da Paraíba, que sentou o rabinho na “plateia” e ficou lá sem nem ao menos se mexer, para pelo menos um parlamentar estivesse no plenário.

Os projetos foram votados em lotes e assim, um lote com 38 projetos falavam em concessões de radiodifusão, 65 em renovação de concessões de radiodifusão e 9 projetos de lei. O mais interessante é que a cada votação dos lotes, o Colnago consultava o plenário como se lá estivessem todos os deputados. E em sua empáfia, falava para os presentes: “Os deputados que forem pela aprovação, a favor da votação, permaneçam como se encontram”.

E ali, sentado logo na primeira fila do plenário, estava o Luiz Couto, que muito bem instruído nem se mexia. Até porque eles tinham pressa e qualquer movimento poderia causar atraso e eles também queriam dar no pé.

E para que nada ficasse monótono, em determinado momento o “presidente” fez outra colocação para o lotado plenário: “Em discussão... Não havendo quem queira discutir, em votação, Aprovado!”. Tudo isso dito assim, rápido e rasteiro.

E o momento político deste Brasil é tão grave, que ao declarar encerrada a sessão de 3 minutos, o Colnago, que é do PSDB, dirigiu-se ao Luiz Couto e falou: “Um coroinha com um padre, podia dar o que?”

As pessoas que assistiram aquela “sessão sacanagem” custaram a entende e foi ai que alguém explicou que o Luiz Couto é padre e o Colnago revelou que foi coroinha na infância. Mas como já estavam em ritmo de fim de semana, a secretária da CCJ também quis dar o seu “pitaco” e comentou: “Votamos 118 projetos”.

Mas Colnago aproveitou a deixa para completar sua conversa com o colega Luiz Couto: “Depois dizem que a oposição não ajuda”.

E no meio dessa gozação toda, entre os projetos de lei que foram aprovados estão regulamentações das profissões de cabeleireiro, manicure, pedicuro e “profissionais de beleza em geral”. E foi aí que o meu amigo “Zé Doidão” soltou mais essa: “Tudo isso porque a profissão de mãe de político esta regulamentada já faz algum tempo”.

E como eu não sei qual a profissão de mãe de político, prefiro ficar calado.

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