Mais um giro do Lula

Gerson Tavares

Depois de girar pelo Brasil levando a tiracolo a sua candidata à presidência, Lula começou na quarta-feira uma viagem de sete dias por cinco países do Oriente Médio e Europa. Seguiu viagem para mostrar que ele “pode”. Em seu roteiro Lula vai tratar de vários assuntos e entre eles estão assuntos polêmicos, como a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) e o programa nuclear iraniano. Lula também pretende apresentar o Brasil como um destino atraente para negócios.

Logo a primeira escala foi na Rússia, onde chegou no dia de ontem. Lula discutiu com o presidente, Dmitri Medvedev, e com o primeiro-ministro Vladimir Putin, a possível ampliação do Conselho de Segurança. Afinal, Lula quer um lugar neste conselho de qualquer maneira. O encontro também serviu para discutir a crise financeira internacional, além de uma “avaliação dos papéis desempenhados pelos dois países em suas regiões”. Como se sabe, o papel do Brasil é demonstrar que tem dinheiro para emprestar, mas a Russia, onde os mandatários, que não são loucos, preferem “pegar” empréstimo. Pagar o emprestimo, aí será outra coisa.

A segunda escala será no Catar, onde chegará na noite de hoje. Lula participa de um seminário e ainda vai se reunir com o Emir do país. Os dois países estabeleceram relações diplomáticas em 1974, mas essa é será a primeira visita de um chefe de Estado brasileiro ao Catar. Lá, Lula pretende intensificar os vínculos comerciais brasileiros com a região para atrair investimentos. Até parece que o Emir vai “entrar na dele”.

No domingo é que a coisa vai pegar. Lula desembarca no Irã. Segundo o porta-voz, em Teerã, o presidente vai “aprofundar o diálogo político entre Brasil e Irã”. Lula irá se reunir com o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, e com o aiatolá Ali Kamenei, antes de participar do Fórum Empresarial Brasil-Irã. Entre 2002 e 2007, o intercâmbio comercial do Brasil com o Irã passou de US$ 500 milhões para quase US$ 2 bilhões.

Mas não podemos esquecer que o Irã tem um programa nuclear. Inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica atestaram as suas finalidades "devem" pacíficas. O Irã se compromete com isso em todos os fóruns internacionais de que participa, mesmo optando em não ser signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear. E quem garante que o Irã não vai "soltar" a bomba?

Só Mahmoud Ahmadinejad e Lula garantem. É isto é muito pouco para o mundo.