segunda-feira, 24 de maio de 2010

“Ficha limpa”, mas nem tanto



Gerson Tavares



Depois da “festa da vitória” quando o Senado aprovou o projeto “Ficha limpa”, veio a grande decepção. Um projeto emanado de uma sociedade consciente e que daria ao país uma nova condição política por sua moralidade e que tinha tudo para dar orgulho aos brasileiros que aí estão e aos que ainda virão um dia, foi maculado pelo corporativismo que toma conta dos politiqueiros.

Um detalhe fez mudar todo um projeto e eu como carioca fico envergonhado porque o “dono” dessa mudança é um senador, é bem verdade sem a menor expressão, mas senador eleito pelo estado do Rio de Janeiro, o Francisco Dornelles.

Francisco Dornelles é sobrinho do político Ernesto Dornelles, primo do presidente Getúlio Vargas. Depois dessa atitude do Francisco Dornelles eu entendi bem o tresloucado ato de Getúlio Dornelles Vargas, que na década de cinquenta deu um tiro no peito porque estava sendo traído e segundo dizem, pelo próprio irmão. Pois agora, Getúlio se vivo fosse, teria que dar outro tiro no peito pela traição do seu primo Francisco Dornelles que inventou uma mudança no tempo do verbo para modificar um projeto que poderia ser a salvação do país.

Foi sob pressão da sociedade que o Senado aprovou o projeto “Ficha limpa”, mas uma mudança feita em seu teor pelo Francisco Dornelles abriu brecha na lei que “só” para as condenações futuras passará a valer como lei moralizadora, ficando de fora casos em julgamento e até os já julgados.

Onde estava escrito “os que tenham sido condenados”, o Francisco Dornelles fez constar “os que forem condenados”. E como diz o relator do projeto, o senador Demóstenes Torres, “a lei não pode ser usada retroativamente para prejudicar ninguém e não vale para os casos já julgados”.

Mas só esquece o Demóstenes que a lei não precisa retroagir e sim agir sobre as fichas dos candidatos. Demóstenes precisa saber que a lei não pode prejudicar o povo e que até agora, foram esses políticos “ladrões”, “sem ética” e “sem moral”, que com seus desmandos só fizeram prejudicar.

Quanto ao Francisco Dornelles, que não demonstrava ser tão esperto como foi desta vez, ele atirou no alvo certo ao fazer essa mudança de tempo no verbo. Não podemos esquecer que um dos maiores beneficiados pela “mudança” foi um seu colega de partido, um dos maiores “pilantras” que já passaram pela política brasileira e olha que hoje em dia, é difícil ser o “maior pilantra” entre tantos que transitam pelas Casas executivas e legislativas de pobre Brasil.

Mas Paulo Malluf, é sem dúvida alguma, o maior de todos os tempos.

Nenhum comentário: