“Deus me livre”

Gerson Tavares

Neste domingo que passou, chegamos ao fim do período natalino. Passados Natal e Dias de Reis, eu comecei a pensar como é injusto esse período, vendo o divisor enorme que existe entre as classes pobre e rica e, maior ainda, entre milionária e miserável, que aliás, o governo teima em dizer, que já não existe mais esta última classe.

Mas o que me levou a escrever sobre o Natal, ainda que tardiamente, foi um fato que aconteceu, onde o personagem principal é um garotinho de apenas quatro anos. Vejam como esta criança, o Matheus, pensa bem à frente de todos nós, os “sabichões”.

Na creche, na festinha de despedida do ano de 2009, muita brincadeira, teatrinho e muita música. Como não poderia faltar, entre tantas músicas, lá estavam as cantigas de Natal. Entre estas, as crianças cantavam: “Bate o sino pequenino, sino de Belém, Já nasceu Deus menino para o nosso bem”. E é exatamente ai que entra o “nosso” Matheus.

Levando a sério o seu papel de bom menino, Matheus cantava: “Bate o sino pequenino, sino de Belém, Já nasceu ‘Deus me livre’ para o nosso bem”. Depois de tudo, a mamãe de Matheus, a doutora Marta, foi até ao “filhote” e disse que onde ele cantava “Deus me Livre” deveria cantar “Deus menino”.

Pois foi ai que o pequeno Matheus se fez grande e respondeu: “Não mamãe, Deus menino e muito pequeno e Deus é grande. É Deus me Livre, porque ele é grande e nos livra de todos os males”.

Mas como seria bom se todos nós pensássemos assim. Sim por que só Deus poderá nos livrar de tantos males que nos rondam todos os dias. Quando eu vejo político escondendo dinheiro na meia e na cueca, tenho que levantar os olhos aos céus e pedir: “Deus, me livre do político ladrão”. Quando vejo bandidos envolvidos em famílias de bem, com filha participando de sequestro da própria mãe, tenho que pedir: “Deus, me livre de todos os males que rondam a gente a todo o momento”. Quando pessoas morrem nas filas dos hospitais, quando pessoas dormem sob as marquises e os governantes nada fazem, temos todos que pedir: “Deus nos livre das negociatas desses governantes sem caráter”.

E assim de “Deus me livre” em “Deus me livre”, de “Deus nos livre” em “Deus nos livre”, precisamos agradecer ao Matheus que entrou nessa parceria que já é de domínio público, para nos lembrar que Deus nunca foi menino. Que Deus já nasceu grande em sua bondade e em sua condição de Pai.

Que viva o Matheus... Que viva o Deus Me Livre!