quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Que saudade que dá!

Gerson Tavares

Fiz televisão grande parte da minha vida e sempre procurei fazer o melhor para que o público recebesse em sua casa a arte da vida. Fiz jornalismo, fiz infantil, musical e humor. De tudo que fiz lembro hoje com saudades.

No jornalismo trabalhei com grandes nomes e teve um nome que marcou não só no jornalismo, mas também no show. Flávio Cavalcanti que foi o “dono das noites de domingo” por muitos anos e sempre com programa ao vivo na Rede Tupi de Televisão. Ainda, sempre ao vivo e com o Flávio, fiz grandes programas, já agora de segunda a sexta-feira, na Rede Bandeirantes e sempre com sucesso. Andei ainda por outros programas jornalísticos como o “Noventa Minutos”, da Bandeirantes e muitos musicais.

Naquela época os musicais tinham cantores talentosos que faziam das tardes e noites dos brasileiros uma alegria diária. Na Tupi, Brasil Som teve duas séries de fazer inveja. Elizabeth Cardoso apresentou por um bom período o programa e só foi substituída por Benito de Paula quando pediu, mas ela sabia que seu “substituto” não iria “deixar a bola cair”. Musicais especiais com João Gilberto, Wilson Simonal e muitos outros grandes nomes da música.

“A Grande Parada” foi uma parada de sucesso que fez escola na televisão. Foi espelhando-se nela que a Globo fez “O Globo de Ouro” e a Bandeirantes o “Mais Mais”. Foi com muito prazer que fiz por anos seguidos, esta parada de sucessos do mundo inteiro, que com grande orquestra em pleno palco da TV Tupi, lá no Sumaré, lotava toda quinta-feira o teatro. Grandes maestros como Luiz Arruda Paes, Ciro Pereira, Hélcio Álvares e tantos outros desfilavam seus arranjos para que grandes cantores defendessem as músicas mais tocadas nas rádios de todo o Brasil.

“A Grande Parada” era um programa musical tão completo que de seus 90 minutos de produção, 10 eram ocupados por música clássica. Uma vez por mês, o maestro Isaac Karabcheviski retornava de suas andanças pela Europa ou Estados Unidos para gravar com a orquestra sinfônica, quatro ou cinco programetes para serem inseridos todas as semanas.

No humor fiz um programa com os “rapazes” da revista “Casseta e Planeta” para o final de ano da Bandeirantes, programa este que resultou no humorístico de sucesso global.

Para falar em programa infantil, tenho a dizer que eu tive a honra de produzir o “Topo Gigio” na TV Bandeirantes. Trouxemos por dois anos direto da Itália a Maria Perego, a criadora do “ratinho” que com uma equipe de sete manipuladores levavam o encantamento às crianças da época. Hoje, com o advento do computador, isto não passa de uma boa lembrança. isto para falar algumas das boas coisas que fis na televisão, mas como eu, muitos bons diretores e produtores tambem fizeram trabalhos inesquecíveis

Mas vocês devem estar perguntando o por que falar tudo isso? E eu respondo. O sucesso de hoje é o tal de BBB. Não vejo, por não critico, mas pelo que ouço por ai, “esta coisa” não é televisão. Alias, a televisão não foi feita para isso. Gente, eu fiquei pasmo ao ouvir duas “mocinhas” comentando: “fulana vai acabar comendo beltrana”. E isso é o que ainda posso reproduzir aqui para vocês. Se acontecer a metade das coisas que aquelas “moçoilas” estavam falando, Ozualdo Candeias, Aníbal Massaini, Cláudio Portiolli, José Lopes Índio e outros produtores mais afamados da época dos filmes pornográficos da “Boca do lixo” de São Paulo, devem estar morrendo de vergonha. Nem nos seus piores filmes eles exploraram tanto o baixo mundo como as “vidradas no BBB” esperam que aconteça agora.

Desculpem esse desabafo de um profissional que hoje está pedindo: Pare o mundo que eu quero descer!

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