terça-feira, 18 de setembro de 2012


Ele é rico, não é criminoso

Gerson Tavares




Ao volante ele é um ás e leva a sua máquina mortífera a uma velocidade que poderá levar muita gente para o além, mas ele é rico e rico tudo pode. Afinal, estamos no Brasil, onde o dinheiro compra tudo, até a verdade.

E foi assim que Thor Batista, o filho do Eike Batista, o homem mais rico do Brasil, segundo os especialistas em "grana", se sentiu quando atropelou e matou um pobre à beira da Rodovia Washington Luiz, quando passava ali pelo município de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro.

Ele que já havia comprado o silêncio de uma família quando atropelou um senhor na Avenida das Américas, na Barra da Tijuca, mais uma vez tinha que convencer a todos que o atropelado havia sido ele. Como não deu para negociar direto com a família, ele teve que ir parar na delegacia. 

Mesmo com algumas irregularidades no automóvel ele conseguiu quase que provar que o ciclista “estava em alta velocidade” e ainda vinha cortando os carros que como ele estavam em suas pistas de rolamento enquanto o ciclista vinha fazendo um “zig-zag” de endoidar quem vinha ao volante de seus automóveis e em velocidade abaixo do permitido.

E assim o filhote de milionário e seus advogados tentavam levar o problema para o esquecimento, mas depois de algum tempo, parado em uma blitz, Thor foi multado porque estava já em outro carro, sem a placa dianteira do automóvel. Mas esta deve ser uma norma da família, não usar a placa dianteira, e isso é fácil de notar porque nas fotos do “automóvel atropelado” pelo ciclista lá na Washington Luiz, aquela "maquina mortífera" também não tinha a placa dianteira. Se bem que o ciclista pode ter tirado e jogado fora para incriminar o “pobre” Thor.

Mas o tempo vai passando e Thor está seguindo os tramites do processo, afinal, depois de tanta propaganda do fato, ele não poderia passar batido por mais essa. E ele compareceu, depois de quase seis meses do acidente, para a primeira audiência do seu julgamento pelo acidente onde ele se sente uma vítima.

Uma das armas dos advogados de defesa de Thor Batista é que o automóvel dirigido pelo seu cliente estava dentro do limite de velocidade da estrada, mas pelo que consta nos autos, parece que a velocidade máxima da estrada é a mais alta de todas as estradas do Brasil. De acordo com o que diz o policial federal, João Miguel Ribeiro, o corpo do ciclista teve os pés e mãos decepados. O impacto foi tão grande que o coração do ciclista foi parar no interior no carro.  

Já outra testemunha, um estudante de medicina que vinha pela estrada e que estava entre 100 e 110 km/h, falou que Thor passou por ele e muito rápido se distanciou e sumiu, o que dava para notar que ele circulava a uma velocidade muito alta. Disse o estudante que chegou a pensar que o condutor daquele automóvel estava em “fuga policial”.

Peritos constataram que ao McLaren de Thor estava no momento do acidente a 135 kl/h, já os advogados dos “Batistas” contestam tal afirmação, deixando no ar que os peritos não são pessoas confiáveis e “garantem” que o automóvel estava a 110 kl/h, que é exatamente o limite da rodovia.

Mas Thor Batista, que chegou para a audiência cercado por, “pelo menos”, seis seguranças, esteve durante todo o tempo muito nervoso, afinal, “quem tem, tem medo”. Ele é acusado por homicídio culposo, o que quer dizer que ele não tinha a intenção de matar. E assim, como o ciclista teimou de morrer, seria o caso de processar o Wanderson Pereira dos Santos, aliás, esse é o nome do “atropelador”.

Thor suava muito durante toda a audiência e com os dedos batia na mesa. Ninguém sabia se aquilo era nervosismo ou se ele estava passando alguma informação pelo “Código Morse” aos seus advogados.

Mas até agora foi a vez das testemunhas e só depois então Thor irá falar. O seu colega, que deveria estar de “navegador”, na hora do acidente, quando de seu depoimento na ocasião do acidente, falou que não teria muito que falar porque vira tudo de relance, mas desta vez, depois de instruído pela equipe de advogados dos “Batistas”, contou, “com detalhes”, os lances do atropelamento.             

Seis testemunhas de acusação e duas de defesa foram ouvidas desta vez e só em 13 de dezembro Thor será ouvido. Até lá, muita coisa ainda será estudada para mostrar que o ciclista foi o culpado e a família do Wanderson ainda vai ter que pagar o concerto da McLaren.

Dinheiro é uma “merda”. 

Um comentário:

Bernardo Camello disse...

Esse Thor é só mais um riquinho que acha que pode tudo. Mas isso é o pensamento daqueles que se acham acima do bem e do mal.
Mas também, para punir o Thor, temos que punir muitos que estão matando o povo de algum modo, mas esses são governantes e assim sendo, tudo podem.