terça-feira, 11 de setembro de 2012


Defensores especialistas em roubo

Gerson Tavares






E é mais ou menos assim que vejo a situação de agora quando ministros estão envolvidos em uma luta cruel para fazer valer provas que são contundentes dos crimes que os réus do “mensalão” praticaram.

Para que três ministros do Supremo Tribunal Federal condenassem por gestão fraudulenta a ex-presidente e acionista do Banco Rural, a Kátia Rabello, bastou saber que ela participava de constantes reuniões com o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, e só isso já serviu de prova para a condenação. A referência, de acordo com os ministros e alguns advogados, reforça a tese do Ministério Público de que Dirceu era o mentor e chefe do esquema do “mensalão”.

E partindo daí os ministros Marco Aurélio Mello, Rosa Weber e Carlos Ayres Britto confirmaram que os encontros de Kátia com Dirceu foram mais um elemento a contribuir para a convicção de que os empréstimos daquela mixaria de R$ 32 milhões, que o banco fez ao PT e às empresas de Marcos Valério, operador do mensalão, eram simulados e foram fundamentais para o esquema.

Como quem rasga dinheiro é louco e ninguém anda por aí, jogando dinheiro pela janela, os três ministros chegaram à conclusão que o banco Rural tinha interesse em interferir no processo de levantamento da liquidação extrajudicial do Banco Mercantil de Pernambuco e segundo o Ministério Público, essa medida poderia render R$ 1 bilhão ao Rural, quantia essa, que não cai do céu assim, todo dia.

Por isso, para mostrar que quem se liga a bandido, bandido é, ao votar o ministro Marco Aurélio usou o encontro com Dirceu para condenar a cúpula do Rural. E assim coloca Marco Aurélio: "Esse contexto é condizente a assentar-se a culpa de Kátia Rabello e José Roberto Salgado (ex-vice-presidente operacional), não pelas simples condições que tinham em termo de cargos no banco, mas dos contatos mantidos com Marcos Valério e com o chefe do Gabinete-Civil da Presidência da República, José Dirceu, outro acusado neste processo.".

A ministra Rosa Weber já tinha citado esses encontros em reuniões anteriores. Ela deu destaque ao fato e falou que as reuniões foram marcadas por Valério, que fazia "lobby" para o Banco Rural. Por esta razão, para Rosa seria "inverossímil" que a cúpula do banco não tivesse conhecimento das fraudes nas operações de crédito. A ministra afirmou que Kátia já havia admitido que o agendamento de três reuniões da direção do Rural com Dirceu foi feito pelo Marcos Valério, o responsável pelos encontros e conversas.

E o presidente do STF, Ayres Britto, também fez referência indireta às reuniões entre Kátia e Dirceu. Britto não deixou passar que essas reuniões desmentiria a defesa da ex-presidente de que ela não teria muito conhecimento na área financeira. E falou: "Ela teve o total desembaraço ao participar de reunião com um alto dirigente do Partido dos Trabalhadores para tratar da intenção do banco naquela liquidação do Banco Mercantil de Pernambuco".

Como Dirceu aceitou assumir o cargo de “mentor do mensalão”, claro que para que o verdadeiro mentor e chefe da quadrilha não aparecesse, ele está sendo acusado por corrupção ativa e formação de quadrilha. Sendo sua função neste caso de encobrir um nome, Dirceu aceitou aparecer como o cérebro do mensalão, segundo o procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Lógico, que como todo e qualquer bandido, Dirceu nega os crimes e assim vai ser até que o Julgamento chegue ao seu final.

E foi assim que o STF concluiu o julgamento sobre gestão fraudulenta. Kátia e Salgado foram condenados por unanimidade porque teriam agido de forma deliberada para simular os empréstimos. Também foi considerado culpado, por 8 votos a 2, o então diretor de controle interno Vinicius Samarane, já que ele teria omitido de seus relatórios as irregularidades nas operações. Já a ex-vice-presidente Ayanna Tenório foi absolvida.

E para mostrar que o corporativismo tem sempre função, o ex-ministro da Justiça de Lula, Márcio Thomaz Bastos, que é defensor de Salgado, afirmou que os ministros cometeram "muitos enganos de fato". Classificou como "fictício" a cifra de R$ 1 bilhão relativa ao Mercantil de Pernambuco. E ainda afirmou que o Rural recebeu R$ 96 milhões.

Thomaz Bastos sempre se achou o dono da verdade. Aliás, como ele sempre diz, “ele é a verdade”.

Por isso, de algum tempo para cá, está sempre como advogado de algum bandido.

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