Defensores especialistas em roubo
Gerson
Tavares
E
é mais ou menos assim que vejo a situação de agora quando ministros estão
envolvidos em uma luta cruel para fazer valer provas que são contundentes dos
crimes que os réus do “mensalão” praticaram.
Para
que três ministros do Supremo Tribunal Federal condenassem por gestão
fraudulenta a ex-presidente e acionista do Banco Rural, a Kátia Rabello, bastou
saber que ela participava de constantes reuniões com o ex-ministro da Casa
Civil José Dirceu, e só isso já serviu de prova para a condenação. A referência, de
acordo com os ministros e alguns advogados, reforça a tese do Ministério
Público de que Dirceu era o mentor e chefe do esquema do “mensalão”.
E partindo daí os ministros Marco Aurélio Mello, Rosa Weber e Carlos
Ayres Britto confirmaram que os encontros de Kátia com Dirceu foram mais um
elemento a contribuir para a convicção de que os empréstimos daquela mixaria de
R$ 32 milhões, que o banco fez ao PT e às empresas de Marcos Valério, operador
do mensalão, eram simulados e foram fundamentais para o esquema.
Como quem rasga dinheiro é louco e ninguém anda por aí, jogando dinheiro pela
janela, os três ministros chegaram à conclusão que o banco Rural tinha
interesse em interferir no processo de levantamento da liquidação extrajudicial
do Banco Mercantil de Pernambuco e segundo o Ministério Público, essa medida
poderia render R$ 1 bilhão ao Rural, quantia essa, que não cai do céu assim,
todo dia.
Por
isso, para mostrar que quem se liga a bandido, bandido é, ao votar o ministro
Marco Aurélio usou o encontro com Dirceu para condenar a cúpula do Rural. E
assim coloca Marco Aurélio: "Esse contexto é condizente a assentar-se a
culpa de Kátia Rabello e José Roberto Salgado (ex-vice-presidente operacional),
não pelas simples condições que tinham em termo de cargos no banco, mas dos
contatos mantidos com Marcos Valério e com o chefe do Gabinete-Civil da
Presidência da República, José Dirceu, outro acusado neste processo.".
A
ministra Rosa Weber já tinha citado esses encontros em reuniões anteriores. Ela
deu destaque ao fato e falou que as reuniões foram marcadas por Valério, que
fazia "lobby" para o Banco Rural. Por esta razão, para Rosa seria
"inverossímil" que a cúpula do banco não tivesse conhecimento das
fraudes nas operações de crédito. A ministra afirmou que Kátia já havia admitido
que o agendamento de três reuniões da direção do Rural com Dirceu foi feito
pelo Marcos Valério, o responsável pelos encontros e conversas.
E
o presidente do STF, Ayres Britto, também fez referência indireta às reuniões
entre Kátia e Dirceu. Britto não deixou passar que essas reuniões desmentiria a
defesa da ex-presidente de que ela não teria muito conhecimento na área
financeira. E falou: "Ela teve o total desembaraço ao participar de
reunião com um alto dirigente do Partido dos Trabalhadores para tratar da
intenção do banco naquela liquidação do Banco Mercantil de Pernambuco".
Como
Dirceu aceitou assumir o cargo de “mentor do mensalão”, claro que para que o
verdadeiro mentor e chefe da quadrilha não aparecesse, ele está sendo acusado por
corrupção ativa e formação de quadrilha. Sendo sua função neste caso de
encobrir um nome, Dirceu aceitou aparecer como o cérebro do mensalão, segundo o
procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Lógico, que como todo e qualquer
bandido, Dirceu nega os crimes e assim vai ser até que o Julgamento chegue ao
seu final.
E foi assim que o STF concluiu o julgamento sobre gestão fraudulenta. Kátia e Salgado
foram condenados por unanimidade porque teriam agido de forma deliberada para
simular os empréstimos. Também foi considerado culpado, por 8 votos a 2, o
então diretor de controle interno Vinicius Samarane, já que ele teria omitido
de seus relatórios as irregularidades nas operações. Já a ex-vice-presidente
Ayanna Tenório foi absolvida.
E
para mostrar que o corporativismo tem sempre função, o ex-ministro da Justiça
de Lula, Márcio Thomaz Bastos, que é defensor de Salgado, afirmou que os
ministros cometeram "muitos enganos de fato". Classificou como
"fictício" a cifra de R$ 1 bilhão relativa ao Mercantil de Pernambuco.
E ainda afirmou que o Rural recebeu R$ 96 milhões.
Thomaz
Bastos sempre se achou o dono da verdade. Aliás, como ele sempre diz, “ele é a
verdade”.
Por isso, de algum tempo para cá, está sempre como advogado de algum bandido.
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