MESES SEM RECEBER OS SALÁRIOS
Gerson Tavares
Foi feito um
acompanhamento por 30 dias da rotina de ex-trabalhadores da Comperj, que é uma
das maiores obras em andamento da Petrobras. Pois é exatamente dali, que com
salários atrasados, os trabalhadores resolveram passar o dia na porta da sede
da empresa, no centro do Rio de Janeiro. Durante o ano de 2014, esses funcionários
fizeram e registraram diversas paralisações em frente à obra. Muitas terminaram
em confronto e agora, em 2015, é fácil encontra-los ali, diante do prédio da
sede da empresa, lutando pelos salários que teimam em não cair em suas contas
bancárias.
Sempre é bom
lembrar que as obras do Comperj ficam a 70 quilômetros do centro do Rio e os
trabalhadores viajam até o centro do Rio para protestar. Claro que isso tem uma
razão e essa razão é única. Protestar lá, tão distante, a 70 quilômetros da
sede da empresa, o governo iria “borrar e andar” para o fato.
Também é bom
que todos saibam que aquele complexo abrigaria duas refinarias e uma unidade
petroquímica, mas apenas uma das refinarias está em obras e os custos de
construção já passaram de seis bilhões de dólares para 13 bilhões de dólares.
Quanto foi desviado desse montante? Está aí uma boa pergunta.
Enquanto o
“projeto” não para, alguns funcionários continuam contratados, de carteira
assinada, só que não recebem salário nem têm acesso às obras. São 2.500
trabalhadores nessa mesma situação, mas existe uma razão para que isso
aconteça. Enquanto esses trabalhadores “existirem” na folha, alguém está
faturando a grana. Só que, na cidade de Itaboraí, onde estaria sendo construído
o Complexo, o comércio local sente os reflexos da crise. Há muitos imóveis
sendo vendidos ou alugados a preços baixos.
Quanto à
construtora Alumini, que está em recuperação judicial e é a responsável pelos
trabalhadores, ela afirma que tem até 12 meses para pagar as dívidas trabalhistas
e reclama que a Petrobras deve R$ 1,2 bilhão referente aos aditivos de serviços
já executados. Já a Petrobras informa, em sua página na internet, que rompeu o
contrato com a Alumini por uma série de descumprimentos da contratada, como
lentidão na prestação de serviços e não pagamento de obrigações trabalhistas.
Só não podemos
esquecer que essa Alumini, foi contratada para as obras do Comperj e de Abreu e
Lima, em Pernambuco. Será que ela só descumpriu o contrato em Itaboraí?
Ou será que
só é culpada por que o escândalo veio à tona? Dona Dilma tem que se explicar.
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