sexta-feira, 13 de agosto de 2010

A vez de Marina Silva


Gerson Tavares



Depois da Dilma Rousseff chegou à vez da Marina Silva ser arguida no Jornal Nacional. Foram 12 minutos de entrevista, quando Willian Bonner e Fátima Bernardes tentaram mostrar ao Brasil a verdadeira candidata do PV à Presidência da República. Tudo isto aconteceu em uma noite de terça-feira fria, mas que os apresentadores tentaram esquentar, pelo menos, o clima da entrevista.

Fátima Bernardes começou mostrando que a vida pública de Marina Silva, tanto como senadora como ministra, foi especificamente voltada para a área do meio ambiente. E aí veio a primeira estocada ao perguntar se, como ela não tem uma experiência administrativa em nenhuma outra área, em nenhum outro setor, como ela pretende convencer o eleitor de que a sua candidatura é para valer e que ela não é apenas uma candidatura para marcar posição nessa questão do meio ambiente?

Marina Silva sentiu a estocada, mas começou tranquila e disse que quer chamar a atenção da sociedade brasileira para a relevância das coisas que estamos vivendo hoje. E perguntava: “Até 2014, qual será a temperatura da Terra? Até 2014, quantas crianças ainda continuarão sem ter a chance de chegar sequer à oitava série? Até 2014, quantas pessoas serão soterradas pelas enchentes por falta de cuidado? E, até 2014, quantos produtos nós não perderemos em função da falta de infraestrutura? Quantas oportunidades nós não perderemos em função da falta de educação de qualidade?”.

Pelo que Marina deu a entender tudo passa pelo meio ambiente. E ao ser interpelada pela Fátima, respondeu que a sua candidatura é para agora porque o Brasil não pode esperar. Disse que “todas aquelas questões são emergenciais para o cidadão que fica na fila esperando horas e horas para poder fazer um exame, uma emergência para a mãe que quer ter dias melhores para o seu filho porque ela já não aguenta mais a vida dura que tem e é uma emergência para o Brasil, que tem imensas oportunidades de se desenvolver com justiça social, melhorar a vida das pessoas”.

Só que além do meio ambiente, Marina se esqueceu de fala também do meio sustentável. Esqueceu de falar que tudo isso depende de dinheiro bem empregado, bem ao contrario daquilo que acontece no Governo Lula, quando o dinheiro é desviado e ninguém sabe para onde.

Foi neste momento que o William Bonner falou sobre as alianças e lembrou a candidata que ela só tem mesmo o PV e que até este momento, apresenta-se na eleição sem o apoio de nenhum outro partido. Se a senhora não conseguiu apoio para formar uma aliança agora, antes da eleição, como é que a senhora vai formar uma base de sustentação para governar o Brasil depois, dentro do Congresso Nacional?

Marina Silva falou que aliança não precisa ser feita para eleição e sim para governar e assim sendo, se eleita, ela saberá trazer para o seu lado todos os partidos. E disse ainda que em todos os partidos existem muitas pessoas boas. Disse que tanto Dilma, quanto Serra, já estão tão comprometidos com as alianças que fizeram, que eles só poderão repetir aquilo que foi feito no governo do presidente Fernando Henrique, que ficou refém do fisiologismo dos Democratas e o de Lula, que mesmo com toda a popularidade, acabou ficando refém do fisiologismo do PMDB. Já eu digo que se um candidato se elege sem aliança, é porque ele tem a maioria do povo com ele. Sendo assim, para que aliança depois de eleito. Governe com o povo e para o povo.

Mas a Marina Silva falou que se ganhar, quer governar com os melhores e já colocou que é fundamental um diálogo entre o PT e o PSDB. E foi muito clara ao dizer que quer governar com a ajuda deles. Disse que irá compor uma base de sustentação já respaldada pela sociedade com essa ideia de que é preciso acabar com a situação pela situação e com a oposição pela oposição e trabalhando a favor do Brasil. É assim que ela quer trabalhar e irá estabelecer um ponto de união entre essas forças que não conversam e que nos seus oito anos de oposição ou de situação se confrontaram.
Sempre que Marina se viu encurralada ela apelou para o meio ambiente. Ao ser perguntada sobre as alianças do Lula, já que ela foi parte atuante em seu governo, ela disse que Lula teve de governar, inclusive, com quadros do PSDB. O PSDB trouxe quadros da sociedade, da academia. E falou: ”Eu, quando estava no ministério do Meio Ambiente, por exemplo, eu peguei as melhores pessoas que estavam na academia, que já estavam na gestão pública, que estavam dentro, enfim, de ONGs, sim, mas as pessoas mais competentes. E quando precisei, toda vez que precisei aprovar leis no Congresso, a Lei de Gestão de Florestas Públicas, por exemplo, fundamental para o desenvolvimento sustentável da Amazônia, eu consegui aprovar os meus projetos com o apoio de todos os partidos, conversando com todos os partidos. É isso que o Brasil precisa. O Brasil precisa de um olhar que coloque em primeiro lugar as necessidades dos brasileiros, da saúde, da educação, da segurança pública, da infraestrutura. E foi aí que descobri que realmente, se a Marina se eleger, o povo irá viver de “brisa”, mas uma brisa sem impurezas.

William Bonner resolveu entrar no assunto corrupção. Lembrando que ela declarou já em algumas entrevistas que deixou o governo Lula e deixou o PT porque discordava da maneira como era conduzida a política ambiental no governo, ele voltou no tempo mais um pouco e chegou ao período do escândalo do mensalão, quando Marina, em momento algum, veio a público fazer qualquer condenação daquele desvio moral de alguns integrantes do PT. E colocou a faca no peito: “O seu silêncio naquela ocasião não pode ser interpretado de certa maneira como uma conivência com aqueles desmandos?”. Marina disse que não foi conivência, e também não foi silêncio. É que, lamentavelmente, todas às vezes em que se pronunciava não tinha ninguém para me dar audiência e potencializar a minha voz. Pelo visto Marina falava entre as quatro paredes de seu quarto e de portas fechadas.

E Marina Silva falou que nem todos praticaram erros. Ela não praticou e conhece milhares de pessoas que não praticaram o mesmo erro. E dentro do PT tinha muita gente que combatia junto com ela. E voltou ao meio ambiente falando que para combater contra a falta de prioridade para as questões ambientais, aí ela era a minoria. E foi por isso que ela saiu do governo e do partido. E falou: “Eu saí porque não encontrava o apoio necessário para as políticas de meio ambiente que façam esse encontro entre desenvolver e proteger as riquezas naturais”. Para Marina, os seus “colegas” roubarem não causou revolta, mas proteger o meio ambiente é tudo. E foi aí que Bonner falou aquilo que em casa eu queria ter falado: “No entanto, o seu desconforto, vamos dizer assim, o seu desconforto ético com o mensalão não foi suficientemente forte para levá-la a deixar o cargo de ministra”.

Depois dessa já não havia “saco” para ouvir falar de meio ambiente. E pelo que vi e ouvi chego à conclusão que Marina Silva se preparou para ser presidente do Acre, no máximo, da Amazônia.

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