sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Emissora de TV católica não
tem Dilma em debate

Dos quatro, só Dilma
tem medo de debate


Quem assistiu o debate promovido pelas redes de emissoras católicas “Canção Nova” e “Aparecida”, curtiu um debate de alto nível com os candidatos Marina Silva (PV), Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) e José Serra (PSDB). O trio protagonizou uma boa aula de cidadania e espírito republicano na segunda-feira, durante o encontro promovido e transmitido ao vivo pelas emissoras. Em diversos momentos eles mostraram que às vezes é preferível perder votos a abdicar de princípios para agradar a platéia.

No pontapé inicial, o apresentador, um padre, perguntou aos três se o presidente da República do Brasil precisa acreditar em Deus. Marina Silva, que já foi católica e hoje faz parte do grupo evangélico Assembleia de Deus falou de maneira ousada, que a crença pode representar um ponto a mais para o futuro presidente, mas não é imprescindível, porque ateus também podem ser bons governantes.

O tucano Serra, batizado na Igreja Católica, disse que seria bom se o presidente acreditasse em Deus. Plínio, um católico fervoroso, pulou a resposta, preferindo usar o tempo para protestar contra a ausência da petista Dilma Rousseff, acusando-a de fugir para não ter que expor seu pensamento sobre os assuntos ali tratados.

Serra mostrou fidelidade ao seu pensamento quando perguntado sobre ensino religioso nas escolas públicas Ele disse que o ensino religioso deve ser ministrado, como disciplina opcional, em escolas de propriedade das igrejas, mas não na rede pública. Lembrou que se fosse aberta a possibilidade de se contratar professores para ensinar cristianismo, outras vertentes religiosas entrariam na Justiça, exigindo o mesmo direito. “Haveria uma inflação de ensino religioso, o que o tornaria impraticável.” Já Plínio e Marina apoiaram o ensino religioso na rede pública como disciplina opcional, ou seja, que não reprova o aluno. Para Marina, o Estado brasileiro “é laico, mas não ateu”.

José Serra deixou para o final para espetar a sua adversária Dilma Rousseff ao falar sobre a importancia do debate promovido poela Igueja Católica: “Foi um bom exercício democrático, no qual os candidatos tiveram que se confrontar com um grupo de posições baseadas em dogmas da fé, analisar o caráter do Estado brasileiro, e, no fundo, tentar equilibrar temas de fé com direitos civis, uma questão muito nova no Brasil, do ponto de vista histórico. A candidata Dilma perdeu uma excelente oportunidade de se exercitar”.

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