segunda-feira, 26 de abril de 2010

O caos anunciado



Gerson Tavares


Estava escrito nas estrelas. Quando os “obreiros” do Edir Macedo pediram autorização para realizar na enseada de Botafogo o culto do dia “D”, todos já sabiam que o número de “fieis” chegaria fácil ao milhão. Na vez anterior que foi realizado um evento igual pela mesma igreja, o número já havia ultrapassado a casa do milheiro. Mas segundo o Eduardo Paes, o “alcaide” que “não” sabe das coisas, eles falaram em cem mil pessoas.

E a ingenuidade do Eduardo é de fazer inveja. Ele preparou a cidade para um evento de brincadeira, quando ele sabe que o Edir Macedo não faz evento para arrecadar migalhas. Os obreiros estavam preparados para levar milhares de reais para os cofres do Edir e isso só poderia acontecer se o público lá estivesse.

Foi um caos sem precedentes. Mais de quatro mil ônibus parados em fila tripla pelas pistas do Aterro do Flamengo até ao elevado da Praça Mauá. Pelas ruas vizinhas ninguém conseguia circular e os “fieis” lá na areia, metendo a mão no bolso e os obreiros recolhendo em sacos de 60 quilos. Até ai tudo bem, afinal se os fieis acreditam no Edir e problema deles, mas quem não tinha nada com isso e precisava se locomover pela cidade? Para esses só sobrou o inferno.

Inferno que o Edir montou, mas com a garantia de Eduardo Paes. E muita gente pergunta por que o prefeito fez isso e eu respondo. Estamos em época de eleições e ninguém é mais negociante que o Edir. Ele tem um senador que faz parte da sua igreja e que pode levar muito voto de “fieis” que pagam para “aprender” a votar. Se o Edir disser “vota em fulano”, é voto garantido. E o Eduardo Paes está em campanha para o governo do estado, com Sérgio Cabral e com Dilma Rousseff para presidente. Se o Crivella estiver do lado do Paes, estão garantidos os votos ao grupo. E um milhão não faz mal a ninguém, não é Eduardo?

Mas o caos não acabou quando os “fieis” foram embora. Eles se foram e deixaram um rastro de sujeira sem igual. O lixo tomou conta da areia, das pistas do Aterro, da rua em seus arredores. Tudo bem que eles foram ali para orar, mas isso não dá direito de fazer tanta sujeira. E quem paga pela limpeza pública e quem nem passou por ali? Não venham me dizer que quem sujou foi o capeta, porque só uma pessoa não faria tanta sujeira.

Agora deverão ser proibido esses eventos na Enseada de Botafogo. Mas será que com uma “liminar” não será resolvido o problema?

Essa turma se diz “ungida” e acha que “em nome de Jesus” tudo pode.

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