quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Dilma quer ser a protagonista

Gerson Tavares
 






Dilma deixou Lula e a ala majoritária do PT de fora do núcleo de novo governo para mostrar que é ela quem manda. Ao anunciar o seu ministério, ela não deu a menor ideia para aqueles que sempre foram os donos dos nomes. Quando ela anunciou os últimos nomes da lista dos ministeriáveis, a presidente afastou ainda mais a influência daquele que foi o seu padrinho político e mentor, o Luiz Inácio, e também da corrente majoritária do PT, “Construindo um Novo Brasil”, do núcleo de comando do governo. Com a escolha do deputado Pepe Vargas, do Rio Grande do Sul, para ocupar a Secretaria de Relações Institucionais, que lida com o Congresso Nacional, selou definitivamente esse distanciamento.

Ex-ministro do Desenvolvimento Agrário entre 2012 e 2014 e integrante da tendência “Democracia Socialista”, uma ala mais à esquerda do que a hegemônica “Construindo um Novo Brasil”, Vargas será o segundo gaúcho na “patota” do Planalto.

Esse deputado substituirá Ricardo Berzoini que foi conduzido ao Ministério das Comunicações, e foi escalado por Dilma para fazer dobradinha com Miguel Rossetto, o novo chefe da Secretaria-Geral da Presidência. Para mostrar que Dilma está pensando em sua “naturalidade emprestada”, não podemos deixar de falar que Rossetto também é gaúcho e integra a mesma corrente de Vargas no PT.

Todos estavam de acordo no remanejamento de Berzoini para Comunicações, já que ele é mais identificado com o projeto de regulamentação da mídia, mas a escolha de Vargas para sua antiga cadeira foi considerada por dirigentes do partido como um duro golpe na CNB, que nada mais é que a corrente de Lula.

E assim, com a decisão de Dilma, o núcleo duro do Palácio do Planalto não terá mais nenhum nome próximo a Lula. Só o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante é da CNB, que é a ala majoritária do partido, mas Lula sempre criticou dizendo que Mercadante tinha o um excessivo “ego”. Mercadante, hoje, é visto no PT como um representante do time “dilmista”, e não “lulista”.

Não podemos esquecer que Lula já havia perdido lá no Palácio o seu “fiel escudeiro" Gilberto Carvalho, que saiu desgastado da Secretaria-Geral da Presidência, após receber “broncas homéricas” da Dilma por seu conhecido “sincericídio”. Gilberto Carvalho vai assumir a presidência do Serviço Social da Indústria, o Sesi, e assim nada terá para apitar.

Além de Vargas, Rossetto e Berzoini, Dilma anunciou também outros dois nomes do PT para a equipe. Um é o recém-eleito deputado Patrus Ananias, do PT mineiro, no Ministério do Desenvolvimento Agrário e Carlos Gabas na Previdência. Carimbada de “patinho feio” da Esplanada, a Previdência sempre foi um ministério rejeitado por aliados. A pasta estava nas mãos do PMDB, mas Gabas já era o secretário executivo. 

Assim, Dilma está mostrando que só aturou o Lula enquanto precisava dele como cabo eleitoral, mas agora, como já não mais será candidata, ela quer mais que se “escafeda”.


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