sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

EMPREITEIRAS DA LAVA JATO
BOTAM LULA E DILMA NA DANÇA

Gerson Tavares






Depois que o bicho pegou, ninguém mais pensou nos cuidados que estavam “contratados” para que a lama das negociatas não respingasse nos chefões da quadrilha que comanda o Brasil nesse atual governo. E foi isso o que ficou decidido entre os quatro executivos da construtora OAS que foram presos durante a Operação Lava-Jato e agora tiveram uma conversa “olho no olho” na carceragem da polícia em Curitiba.

Sentados frente a frente, numa sala destinada a reuniões reservadas com advogados, o presidente da OAS, Léo Pinheiro, e os executivos Mateus Coutinho, Agenor Medeiros e José Ricardo Breghirolli. Eles discutiam o futuro com total desapego a tudo e prontos para o que possa acontecer daqui para a frente.

Já que eles tiveram seus pedidos de liberdade rejeitados pela Justiça e ainda viram fracassadas as tentativas de desqualificar as investigações, a saída para o Natal e para o réveillon, sentiram que a perspectiva real de passar o resto da vida no cárcere é uma “quase” certeza.

Réus por corrupção, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa, era chegada a hora de jogar a última cartada, e, segundo eles, isso significa trazer para a cena do crime, com nomes e sobrenomes, o topo da pirâmide que comandou o “petrolão”. Talvez até pela idade, com 66 anos de idade, Agenor Medeiros, diretor internacional da empresa, era o mais exaltado e foi claro em sua posição: “Se tiver de morrer aqui dentro, não morro sozinho”.

Essa estratégia dos executivos da OAS está também sendo discutida pelas demais empresas envolvidas no escândalo da Petrobras, sendo considerada por todos como a última tentativa de salvação. E por uma razão elementar: as empreiteiras podem identificar e apresentar provas contra os verdadeiros comandantes do esquema, os grandes beneficiados, os mentores da engrenagem que funcionava com o objetivo de desviar dinheiro da Petrobras para os bolsos de políticos aliados do governo e campanhas eleitorais dos candidatos ligados ao governo.

Esse é o maior trunfo que, em um eventual acordo de delação com a Justiça, pode poupar muitos anos de cadeia aos envolvidos. Léo Pinheiro foi direto ao assunto: “Vocês acham que eu ia atrás desses caras (os políticos) para oferecer grana a eles?”. Era só ressentimento que estava na fala do presidente da OAS.

Amigo pessoal do ex-presidente Luiz Inácio nos tempos de bonança, ele descobriu na cadeia que as amizades nascidas do poder valem pouco atrás das grades. Na conversa com os colegas presos e os advogados da empreiteira, ele reclamou a indiferença de Lula, de quem esperava um esforço maior para neutralizar os riscos da condenação e salvar os contratos de sua empresa. Léo Pinheiro reclama que Lula lhe virou as costas. E foi dessa mágoa que surgiu a primeira decisão concreta do grupo: se houver acordo com a Justiça, o delator será Ricardo Breghirolli, encarregado de fazer os pagamentos de propina a partidos e políticos corruptos.

As empreiteiras sabem que novas delações só serão admitidas se revelarem fatos novos ou o envolvimento de personagens importantes que ainda se mantêm longe das investigações.

É por isso que o alvo maior é o topo da pirâmide do comando, em que, segundo afirmam reservadamente e insinuam abertamente, se encontram o ex-presidente Lula e Dilma Rousseff.

Ufa! Será que vamos chegar aos verdadeiros “chefes da quadrilha”?

Cadeia neles!




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