segunda-feira, 29 de março de 2010

País de aproveitadores



Gerson Tavares




Ele começou a sua carreira musical quando eu produzia para a TV Tupi o programa de parada de sucesso, “A Grande Parada” e sempre estava ele lá com suas músicas “muito loucas”, como ele mesmo dizia. Bom compositor, bom músico e cantor, Silvio Brito ainda tinha tempo para ser apresentador ao lado Fábio Junior do programa jovem da década de 70, “Haleluia”. Pois é dele a frase que uso muito nos dias de hoje quando vejo as coisas acontecerem neste pobre Brasil. “Pare o mundo que eu quero descer” foi uma frase muito cantada e que hoje se encaixa em quase tudo que eu comento sobre os políticos. Mas como nem só político vive pensando em se dar bem, vira e mexe lá vem algum “safardana” se meter na seara alheia.

Quando falo das “Bolsas” no cenário brasileiro, sinto uma vontade danada de pular fora desse mundo. Temos as “Bolsas” que são moedas de troca por votos, a começar pela “Bolsa Família”, passamos por tantas outras como “Bolsa Atleta”, “Bolsa isso” e “Bolsa aquilo” até chegar a “famigerada “Bolsa Ditadura” que tem como um dos primeiros beneficiados o Luiz Inácio da Silva, mais conhecido pelo vulgo de “Lula”. Tem gente que nem passou perto de quartel ou delegacia, mas está ai pegando uma “grana” por conta da “redentora”, para eles, revolução de 64.

De “Bolsa” em “Bolsa”, cada um foi dando o seu jeito de se arrumar. E como sempre tem mais alguém querendo se arrumar, eu fiquei sabendo que agora tem jogadores de futebol querendo entrar na “boca rica”. Não os jogadores de hoje, até porque, muitos desses de agora estão pensando em outras “bocas” e sim, os jogadores de um passado não muito distante. O Brasil venceu pela terceira vez o campeonato do mundo de futebol no ano de 1970. Era técnico da seleção o velho jornalista João Saldanha. Saldanha, o “João sem medo” convocou a seleção com o seu grande conhecimento pelo “esporte bretão” e o presidente da República da época, o general Emílio Garrastazu Médici, achou que podia dar um “pitaco” na convocação. Como Saldanha não havia nomeado nenhum ministro para o gabinete do Médici, resolveu que o presidente também não tinha que escalar ninguém na “sua” seleção. Como a CBF precisava ficar bem com os governantes e Saldanha viu que todos da entidade eram “frouxos”, resolveu sair e deixar que outro técnico fosse o capacho e levasse Dario para passear no México. E assim surgiu Zagalo.

E é com grande tristeza que hoje vejo os campeões exatamente daquela seleção de 70, inventando uma nova “Bolsa”. Já estão na luta para entrar na “boca rica” e ganhar uma “grana” sem fazer força. Como a “Bolsa Ditadura” garante uma indenização e um salário mensal a todos aqueles que se dizem “perseguidos” na época do governo militar, agora vem os jogadores que trouxeram a Copa do Mundo em 70 e também querem faturar uma parte.

O povo trabalha de sol a sol para ganhar salário mínimo e não tem direito nem a uma aposentadoria decente. Essa “quadrilha” de aproveitadores vai inventando as “Bolsas” e o pobre povo ainda se vê obrigado a pagar a conta.

E por isso que eu peço mais uma vez licença ao meu amigo Silvio Brito para gritar bem alto: “Pare o mundo que eu quero descer”!

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