segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Carlos Lupi no “banco dos réus”




Gerson Tavares


Estou começando a semana com um assunto que embora tenha corrido por todas as manchetes policiais dos jornais e tenha sido mostrada em todos os noticiários de televisão por mais de uma semana, nunca fica velho, até porque no meio de tudo está uma figura emblemática, que surgiu no ramo político por sua amizade com o “velho caudilho” Leonel de Souza Brizola.

Embora ele tenha dito em sua ida à Câmara que não tem medo, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, tirou onda num dia e no outro pediu desculpas públicas à presidente Dilma Rousseff pelas declarações de que só sairia do cargo "abatido à bala" e outra "balelas" mais. Isso aconteceu durante audiência na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados na quinta-feira passada. Lógico que as “bravatas” sobre sua manutenção no cargo não foram bem aceitas por Dilma, que imediatamente tratou de avisar ao “jornaleiro” que é ela quem decide quem fica ou quem sai do seu governo.

E foi aí que o jornaleiro do Brizola se desmanchou em mesuras: “Presidente, desculpe se eu fui agressivo, não foi minha intenção, eu te amo”. Gente, isso foi lindo, mas também de uma covardia sem precedentes. Principalmente isso falado durante o depoimento aos deputados. Que vexame, seu Lupi.

E já que ele começou a sua rasgação de seda, não se fez de rogado e deu continuidade ao vexame: “Como vou desafiar a presidente Dilma? Eu a conheço há 30 anos. Não é cargo que nos guia na vida, é a causa”, completou Lupi. Mas ele só esqueceu que na véspera, havia dito “ela me conhece há 30 anos”. Para mostrar a sua covardia e medo de perder o emprego, tratou, naquele momento, de inverter a ordem das pessoas.

Mas no fundo ele foi a Câmara para pedir clemência e foi então que começou alegando inocência das acusações de suposto desvio de verbas na pasta e disse se sentir “profundamente agredido” pelas denúncias. Como todo bandido, nunca assume a culpa, Lupi também se sente agredido pela desconfiança. E ele sabia que lá estava a turma da Dilma para lhe dar guarida e foi então que ele se sentiu garantido.

Não podemos esquecer que Carlos Lupi foi à comissão para esclarecer uma reportagem publicada no fim da semana passada pela revista "Veja", que apontou o envolvimento de funcionários da pasta em um suposto esquema de desvio de recursos de convênios com entidades privadas.

Por conta das denúncias, o ministro Carlos Lupi no sábado retrasado já havia afastado o coordenador de qualificação da pasta. “Se alguém vai ser responsabilizado, que seja aquele que não pode me acusar”, pensou Lupi. E aí entrou em cena aquela velha máxima: “Farinha pouca, meu pirão primeiro”.

E como bom “filhote” de Brizola, o ministro não esperou uma convocação da Câmara e apareceu por lá espontaneamente e se apresentou à comissão para evitar ser convocado. Parlamentares da oposição haviam apresentado requerimento de convocação, mas retiraram o pedido diante da iniciativa do ministro. “Vim porque considero uma obrigação. É meu dever dar explicações”. E o pior é que tem gente que acredita na sinceridade do cara.

Lupi diz que a frase sobre só sair do ministério “abatido à bala” não foi um desafio a Dilma. “Para me tirar, só abatido à bala”, foi só uma alusão que ele fez porque ainda que “tem muita gente querendo dar o primeiro tiro”. Em seguida, disse que fez a declaração porque gosta de “fazer o embate”, mas saiu pedindo à imprensa para fosse bem divulgado que ele não quis desafiar a presidente Dilma Rousseff.

Lupi também comparou as denúncias a “um tribunal de inquisição” e desafiou que as provas sejam mostradas. E de frase em frase ele procurava dar um enfoque de segurança: “Se alguém fez algo no ministério foi individual e que pague. Pedi à Polícia Federal para ir fundo”. “Corrupção dentro do meu ministério e do meu partido não há. Ninguém vai macular minha vida". Ele também classificou as acusações como “infundadas” e que não se pode misturar problemas administrativos com problemas de corrupção.

Lupi disse ter total confiança em seu ex-chefe de gabinete Marcelo Panella, que estaria envolvido nas irregularidades. “Não tem possibilidade de o Marcelo Panella estar envolvido em nada que seja irregular. Nunca fizemos esquema. Estou afirmando isso. Coloco toda confiança nesse meu companheiro”. Mas pelo visto a “panela” é de barro e pode estar rachada. Se isso for real, o Lupi pode se queimar se tentar usar essa “panela” como defesa.

E lá na Câmara, muita coisa ainda foi dita, mas nada que prove sua inocência. Mas só sei, que como todos os ministros que saíram do governo Dilma por corrupção, Carlo Lupi também nada sabe, nada viu e nada fez. Aliás, esse foi grande ensinamento que o Lula deixou para o governo Dilma: "Nada sei, nada ví e nada fiz".

Por isso eu volto a apelar para o meu amigo Silvio Brito; “Pare o mundo que eu quero descer!”

Um comentário:

Francisco de Assis Ferreira disse...

Para quem conheceu o Carlos Lupi aqui em Copacabana, na época do Brizola, tem hoje uma outra imagem daquele josrnaleiro 'quase' sério.
Ele se revelou um grande safado e hoje se o Brizola estivesse vivo estaria arrependido de ter dado asas a ele. Não que o Brizola fosse sério, longe disso, mas o Lupi já teria tomado o partido do Brizola.
Francisco de Assis Ferreira
Rio de Janeiro