terça-feira, 29 de novembro de 2011

Ministro agora apela para a discriminação




Gerson Tavares


Já teve ministro que foi pego com a mão no bolso alheio e que deu uma de desentendido. Já teve ministro que montou esquema de favorecimento em troca de apartamento de luxo e resolveu falar que o apê era do vizinho. Já tem o ministro que diz que ONG e avião ele nunca viu e muito menos ouviu falar.

Mas agora apareceu um ministro que está se achando discriminado por ser nordestino e a presidente Dilma também está sendo discriminada por ser mulher. Este “gaiato” é o ministro das Cidades, Mário Negromonte, que na sexta-feira, em Salvador, se defendeu das denúncias de suposta fraude em parecer de obra de mobilidade urbana para a Copa de 2014 em Cuiabá (MT), dizendo que estão tentando "enfraquecer a presidente Dilma".

Isso tudo aconteceu logo após solenidade de assinatura dos termos de adesão à segunda fase do Programa Minha Casa, Minha Vida, ao lado do governador da Bahia, Jaques Wagner. E já que ele estava com plateia, o Negromonte aproveitou e também disse que o fato de ele ser nordestino, já que é deputado federal do PMDB da Bahia licenciado para “estar” ministro, também influenciou para as denúncias.

E aí entrou aquele velho bordão dos políticos safados que quando não vêm outra saída partem contra a mídia. E disse o “safardana”: "As denúncias vieram de parte da imprensa certamente insatisfeita com o governo federal, que quer enfraquecer a presidente Dilma. É uma mulher, existe discriminação. Existe discriminação com nordestino. Fizeram uma ilação sobre a Festa do Bode. Se fosse Festa da Uva, da Maçã, certamente ninguém faria discriminação. Como a Festa do Bode é coisa de nordestino, o ministro é nordestino, tome cacetada". Mas o que deu no Negromonte? Admira-me muito ele, um nordestino calejado pelo solo pelo sol, entrar numa dessa de se achar discriminado.

Mas o ministro só estava fazendo referência à reportagem da revista "Época", que afirmou que ele usou o cargo para obter patrocínio estatal para evento no interior da Bahia que promoveu os interesses políticos de sua família, pois sabia que este assunto era melhor “entubar” que dar maior repercussão. Então o bode da vez, já era a reportagem do jornal “O Estado de São Paulo”, sobre a grana para obras da Copa do Mundo que foi desviada lá em Cuiabá, no Mato Grosso.

Mais cedo, em entrevista à Rádio Estadão ESPN, Negromonte já havia reafirmado que não houve fraude na mudança do parecer e que a sindicância vai apurar o caso e que não vai passar "a mão na cabeça de ninguém".

O "Estadão" diz claramente que o Ministério das Cidades forjou parecer de obra da Copa em MT, mas segundo diz uma diretora da pasta, “tudo é uma grande fantasia”.

Quando perguntado se ele havia conversado com a presidente sobre a repercussão das denúncias, ele disse ter o apoio de Dilma. E colocou mais uma vez o “Gilbertinho” na onda: “O ministro Gilberto Carvalho me ligou e disse que eu fique tranquilo porque a presidente conhece todo o trâmite. Não tem telefonema comprometedor de nada, não tem desvio de recurso nem corrupção. A gente não pode criar a república da desconfiança”.

E foi aí que ele mostrou a diferença que tem do Carlos Lupi: "Não vou ficar de joelho pra ninguém, não tenho apego a cargo. Estou muito honrado em fazer esse trabalho junto a Dilma. Se eu sentir que ela não me quer, eu vou lá e entrego. Mas até agora ela nunca sinalizou, muito pelo contrário. (...) Sou deputado. Esse eu dou valor, esse mandato".

Vai Negromonte, “me engana que eu gosto”!

Um comentário:

Honorato Guimarães disse...

Gozado que só ele, o Negromonte, é nordestino discriminado. Tantos estão aí fazendo sucesso e sempre respeitados, mas como respeitar safados?

Ele é mais um baiano que só foi a Brasilia manchar o nome da Bahia.

Honorato Guimarães
Porto Seguro